“Essa cidade me deu tudo que eu tenho”, Mário Hildebrandt faz balanço sobre final do mandato em Blumenau
Prefeito fala sobre os desafios do mandato, o legado que deixa para Blumenau e o próximo governo que assumirá no dia 1º de janeiro
Com o fim do mandato se aproximando, o prefeito de Blumenau, Mário Hildebrandt, conversou com a reportagem do jornal O Município Blumenau para fazer um balanço da sua gestão à frente do município nos últimos seis anos.
Perto de completar 20 anos da vida pública, Mário recorda que iniciou a trajetória como Secretário de Assistência Social em 2005, eleito e reeleito vereador nos anos de 2008 e 2012. Em 2016, Mário foi candidato a vice-prefeito na chapa com Napoleão Bernardes, que venceu a eleição.
Já em 2018, Napoleão deixou a prefeitura para participar do pleito estadual e Mário se tornou prefeito de Blumenau. Dois anos depois, em 2020, Mário venceu as eleições ao lado da vice-prefeita Maria Regina.
Desafios da gestão
Mário destaca que teve muitos desafios ao longo da sua gestão, exemplo disso foi a greve dos caminhoneiros que ocorreu um mês após assumir a prefeitura em 2018, que demandou esforço da administração para manter o serviço público em funcionamento.
Outro desafio enfrentado nos últimos anos foi a pandemia de Covid-19, que paralisou os serviços públicos e exigiu que a administração pública reavaliasse as rotas.
“Tínhamos um planejamento para o turismo que ficou dois anos parado, não conseguimos executar o Natal em Blumenau, a Páscoa em Blumenau, réveillon, nem a Oktoberfest, que tivemos que cancelar duas vezes. Foram momentos bem impactantes para o nosso dia a dia, nossas ações e nosso projeto de planejamento de cidade”.
O prefeito recorda que 2020 também foi ano de eleição e que neste período ocorreu um aumento de casos de Covid-19, que sobrecarregaram os leitos de UTI.
Ela também cita a tragédia na creche Cantinho Bom Pastor, que tirou a vida de quatro crianças. Com isso foi preciso replanejar alguns pontos do modelo de educação no município.
“Eu digo que antes nós falávamos em derrubar os muros e cercas da escola, mas tivemos que colocar muros e cercas de volta. Queríamos as famílias e a comunidade dentro da escola e temos que falar que agora só entra quando for possível. Tivemos que contratar vigilância armada, somos a única cidade no estado com vigilância armada”, recorda o prefeito.
Legado para Blumenau
O prefeito cita as entregas que foram realizadas durante seu período de mandato à frente da Prefeitura de Blumenau, como a duplicação da ponte Adolfo Konder, que se chama Egon Stein; a nova Humberto de Campos; as obras na rua República Argentina; alargamento da Hermann Huscher, entre outras. Segundo ele, foram 23 pontes de concreto executadas pela gestão atual.
As reformas e até construções de ginásios em escolas, totalizaram 26 unidades para atender a demanda.
O prefeito acredita deixar um legado importante para a comunidade, como, por exemplo, na educação onde foi implantado o sistema bilíngue. Hoje, Blumenau conta com escolas com aulas de inglês, alemão, libras, polonês e espanhol.
“A principal mudança que o modelo bilíngue traz é a mudança do modelo educacional dentro das escolas, que fez com que nossas escolas bilíngues tivessem as melhores notas do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Mudamos o modelo de dar aula e da educação chegar até as crianças”.
Segundo Mário, a intenção era implantar o modelo bilíngue em 60% dos educandários da rede municipal, mas não foi possível devido à falta de professores. Além disso, foi necessário diversificar os idiomas para conseguir educadores para atender a demanda.
O prefeito recorda que havia uma demanda reprimida de filas de creches de 5,8 mil crianças, e diz que a gestão atual deve fechar o governo com uma fila de menos de 500 crianças, devido ao modelo de contratação de vagas, além das ampliações e construções de creches da rede municipal.
O prefeito ainda afirma que deixará um legado de projetos. Segundo ele, Blumenau tem R$ 1 bilhão em projetos prontos, e até inscreveu alguns no PAC do governo federal para tentar viabilizar a verba. “Qual é a prefeitura que tem R$ 1 bilhão em carteira de projetos, é só atualizar o valor, licitar e executar, esse foi o nosso planejamento e o nosso legado para cidade”, diz.
Segundo ele, o Corredor Norte, que sairá do Terminal do Aterro e seguirá até o pé da serra da Vila Itoupava, é um desses projetos e, inclusive, parte dele já está em licitação. O valor total de investimento desse projeto é de R$ 600 milhões.
Abastecimento de água
Mário também destaca que a questão da água foi um desafio ao longo do governo, com registros de desabastecimento em certos períodos. O prefeito destaca que foi construído um sistema de bombeamento de água do bairro Garcia para a região Central que já está em funcionamento e que deve ser entregue pela próxima administração.
“Produzíamos água e a estação de tratamento ficava desligada duas ou três horas por dia porque a água não conseguia vir pra cá e aqui estava faltando água. Fizemos essa estação de bombeamento na curva do cemitério e já está funcionando. A estação agora opera 24 horas por dia e vamos poder produzir mais água”, salienta.
Ela ainda destaca que em dezembro deve ser entregue uma estação de água nova no bairro Vila Itoupava, que já está em funcionamento, dobrando a capacidade atual de 8 litros por segundo para 14 litros por segundo.
Também pontua que foi iniciada a construção da Estação de Tratamento de Água (ETA) 5, que terá capacidade de produção de 300 litros de água por segundo. A obra deve ficar pronta no próximo ano e entregará água para abastecer a região Norte de Blumenau.
Além disso, foi realizado um projeto para a ETA 2, que será revitalizada e sairá da produção atual de 800 litros por segundo para 1600 litros por segundo com a reforma. A obra deve durar cerca de cinco anos e, segundo o prefeito, resolverá os problemas de falta de água em Blumenau para os próximos 30 anos.
Outro ponto citado por Mário é o projeto de reforma da ETA 1 que está pronto para ser licitado, além do projeto para reforma da estação do Garcia. “Estruturamos e projetamos a cidade com mais dois reservatórios, um de 2 milhões e outro de 3 milhões de litros de água. Fizemos um planejamento que se for bem executado vai resolver o problema de falta de água na cidade para os próximos 30 anos”, cita.
No entanto, Mário salienta que nesse meio tempo, o próximo governo deverá lidar com a situação de algumas ruas que ainda têm tubulações antigas e precisam ser revitalizadas para diminuir as ocorrências de rompimento, como, por exemplo, a rua Benjamin Constant.
Possível cargo no governo do estado
Mário afirma que cuidar das pessoas faz parte da sua vida e aprendeu ao longo da caminhada a se envolver com as situações. Ele diz que sempre gostou dos desafios, especialmente durante o período que ficou à frente da prefeitura. No entanto, ressalta que a família pagou o preço por ele estar ausente em diversas oportunidades.
Mário confirma que o governador Jorginho Mello já havia manifestado interesse em levá-lo para atuar no governo do estado. No entanto, ele enfatiza que tratam-se de conversas iniciais e ainda não há nenhum convite oficial.
“Dependendo da função que eu assumir na secretaria de estado, talvez isso me permita continuar tendo uma vida agitada. Claro que será difícil me abster de viver o dia a dia de Blumenau, pois hoje eu conheço as principais ruas e obras executadas ou em execução, teremos um legado de obras e recursos em caixa de mais ou menos R$ 500 milhões. Só o Samae tem em caixa para executar as obras R$ 105 milhões, nunca o Samae teve um caixa tão positivo”, salienta.
Segundo Mário, em uma conversa com o governador antes do período eleitoral, Jorginho aventou a possibilidade de Defesa Civil, mas não quer dizer que será essa a pasta. “Estamos aguardando, pode ser a Defesa Civil ou pode ser outra pasta, mas a que mais se falou até aqui é a Defesa Civil”, diz.
“Se eu for secretário de estado, ainda mais em uma área complexa, se for Defesa Civil, ou mesmo que seja Assistência Social ou outra área, eu não consigo me enxergar ficando todo dia sentado dentro do gabinete, tomando decisões sem ir lá visitar”, explica.
Caso se concretize o convite para atuar no governo do estado, Mário espera repetir a proximidade que tem com os moradores de Blumenau, semelhante ao que faz hoje como prefeito, e estender para o restante do estado.
Maria Regina
Na visão de Mário, três fatores foram essenciais para que o alinhamento dele com Maria Regina durante o governo: a decisão de ambos de trabalhar em conjunto; a capacidade e a escolha do prefeito para que a vice participasse diretamente no governo.
Ao longo dos últimos quatro anos, Mário sempre usou o termo “governo a quatro mãos” para fazer referência ao trabalho realizado por ele e por Maria.
“Tem aqueles que não querem o vice atuante pois acham que vai tomar o espaço, ser uma sombra ou que vai atrapalhar lá na frente. Eu já penso diferente, quanto mais a gente conseguir trabalhar, melhor é a entrega e isso só vai dar resultado para mim e para ela”, avalia Mário sobre o protagonismo de Maria no decorrer do governo.
Novo governo
O prefeito fez campanha e ajudou a eleger a chapa de Egidio e Maria Regina, que assumem a Prefeitura de Blumenau no dia 1º de janeiro. Na opinião de Mário, Egidio tem uma facilidade que é a Maria Regina. Além de ter atuado no governo atual, ela faz parte do governo de transição, e á tem conhecimento sobre o funcionamento da máquina pública.
“Por decisão pessoal dele, ele tem buscado ficar com algum dos secretários e acho que com isso ele vai colher muito, pois eles já estão no andamento das ações e no processo de encaminhamento. Nas conversas que tivemos, eu deixei a liberdade para que ele faça essas escolhas, o governo tem que ser dele e tem que ter o jeito e o modelo dele de governo”, cita.
Mário está com boas expectativas para o governo que ajudou a eleger e enfatiza que trabalhou e apoiou a chapa. “Minha expectativa é que seja um governo realizador. Estarei na torcida. No que o prefeito eleito Egidio pedir eu estarei ao lado dele e da Maria para ajudar”, diz.
Cidadão Blumenauense
Mário comenta que desde 2021 já tinha a informação de que receberia o título de Cidadão Blumenauense, mas ele solicitou ao vereador propositor, Alexandre Matias (PSDB), para que a entrega da honraria ocorresse ao final do mandato. A cerimônia de entrega do título ocorreu no dia 26 de novembro, na Câmara de Vereadores de Blumenau.
“Eu pedi para que fosse entregue só no final do meu mandato, pois eu não queria que fosse uma alavanca para alguma discussão ou “favorecimento político”. Queria que fosse um título que representasse o que eu sinto hoje, eu me sinto um cidadão dessa cidade”, diz.
Mário acrescenta ainda que foi adotado pela cidade e que aqui se formou na faculdade, fez a pós-graduação, encontrou a esposa e teve as duas filhas.
“Essa cidade me deu tudo que eu tenho hoje e ela representa esse sentimento. Eu nasci no Alto Vale e tenho um carinho pela cidade de Mirim Doce e Taió que eu nasci e cresci, mas acho que depois de 35 anos de história aqui, dos meus 50 anos de vida, não tem como não se sentir blumenauense, esse título representa essa paixão que eu tenho pela cidade”, comenta o prefeito.
De origem simples e família humilde, Mário recorda que na infância as autoridades públicas eram muito distantes da população.
“Ainda somos muito distantes e eu tento encurtar essa distância. Não somos um Deus porque estamos à frente do serviço público, temos a responsabilidade de ser prefeito da cidade e quanto mais perto conseguimos estar das pessoas, mais conseguimos fazer com que elas participem da vida pública”, cita.
Objetivos não alcançados
De acordo com o prefeito, três objetivos não foram alcançados durante a sua gestão, sendo uma delas a construção do Centro de Convenções, que é viabilizada por meio de processo licitatório e, segundo o prefeito, será necessário fazer um novo processo, além disso, trata-se de um convênio, que acarreta em mais burocracia.
Ele também cita o novo Mercado Público, além de realizar a abertura do Frohsin com a concessão para um restaurante. O espaço, que foi atingido por um grande incêndio, foi revitalizado pela prefeitura e inaugurado no início de novembro. No entanto, o processo para concessão ainda será lançado pelo Poder Público.
Recado para Blumenau
“Quero agradecer a Deus. Se teve alguém que me carregou nessa caminhada foi Deus que me deu sabedoria e discernimento para enfrentar greve dos caminhoneiros, pandemia, enchentes, atentado em creche e todos esses desafios, e também a minha família, esposa e filhas que abriram mão de mim, mas a minha amada Su, em especial, agradecer a ela por tudo que tem sido na minha vida, tem compartilhado os momentos mais difíceis e aguentado o Mário que chega em casa com lutas e decisões para tomar”, diz.
Mário ainda agradece o trabalho da equipe de governo, aos secretários que foram leais ao longo da caminhada e aos servidores de todas as pastas, assim como à equipe do gabinete que lhe acompanhou constantemente.
“Quero agradecer as orações, aqueles que confiam e acreditam em Deus, que me carregaram nas orações e a cada cidadão. Meu recado é simples: que Deus continue abençoando a cidade de Blumenau, que Deus dê sabedoria ao Edigio, a Maria, a sua equipe, para que eles possam fazer o melhor e cuidar bem de cada um de vocês”, finaliza.
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