Estelionato, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica: Polícia Civil investiga empresa de investimentos em Blumenau
Família investiu toda a aposentadoria no negócio
A Polícia Civil de Blumenau abriu inquérito nesta quinta-feira, 18, para investigar a empresa Multiplus Investimentos Ltda, processada por fraudes financeiras. O caso ainda é inicial e está sob a responsabilidade do delegado Ronnie Esteves, da Divisão de Investigação Criminal (DIC).
Até esta quinta, seis denúncias haviam sido feitas à Polícia Civil, culminando na abertura do inquérito. As possíveis vítimas já estão sendo chamadas para depor e segundo o delegado, pelos relatos preliminares, a suspeita é de estelionato, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica.
“Pelo que recebemos até agora, a gente vislumbra se de fato houve alguma fraude. Já que algumas vítimas noticiaram que os relatórios eram adulterados, podemos pensar numa falsidade ideológica. E também a questão da lavagem de dinheiro, porque esse dinheiro em tese teria desaparecido”, explicou Ronnie.
“Mas não é nada fixo. A gente pode até finalizar o inquérito e entender que não teve conduta atípica, ou seja, que não houve crime e não indiciar. Mas nesse primeiro momento a gente instaurou inquérito com essas três possibilidades”, completou.
Prejuízo milionário
Após publicação da reportagem sobre o processo contra a Multiplus Investimentos, o jornal O Município Blumenau recebeu informações de investidores que teriam sido lesados pela empresa. Um casal, por exemplo, colocou toda a aposentadoria no negócio e agora está buscando junto a advogados tentar reaver o dinheiro. Outro empresário, teria investido R$ 2 milhões.
Há casos relatados de investidores que colocaram toda a reserva de dinheiro no negócio e, enganados pelos relatórios apresentados pela empresa, estavam planejando o saque para quitar um apartamento. As vítimas preferiram não se identificar, já que o inquérito da Polícia Civil é recente e os processos correm em segredo de Justiça, por possuírem informações bancárias.
Sócio assume
Os sócios da empresa são Bruno Lippel e Ingomar Mueller. Na Multiplus, eles recebiam recursos dos investidores e aplicavam no mercado financeiro. A suspeita é que relatórios e documentos apresentados aos clientes tenham sido adulterados para esconder os rombos e prejuízos.
Nossa equipe entrou em contato com os dois sócios. Bruno atendeu nossa reportagem e confirmou toda a situação. Ele apontou que teve conhecimento dos problemas na última sexta-feira, 12, mas que eles foram causados pelo sócio, que era quem realizava os investimentos e fazia todo o acompanhamento.
Segundo Bruno, o sócio informava aos investidores um valor diferente do que tinha em conta. “Ele fraudava os relatórios de operação, onde por exemplo ele poderia ter perdido R$ 5 milhões para o grupo todo, ele dizia que tinha sido R$ 2 milhões. Isso foi criando um desfalque e um resultado que não existia”, afirmou à reportagem.
Bruno confirmou que a conta da Multiplus tem R$ 4 milhões de saldo – valor que sobrou dos mais de R$ 71 milhões investidos. Valores bastante diferentes dos relatórios encaminhados aos clientes, que apontavam saldo de aproximadamente R$ 83 milhões.
À reportagem, Bruno também disse sentir-se responsável, já que confiou e juntou seu nome com o do sócio, que teria cometido as fraudes. Ele afirmou que muitos dos investidores são amigos e que teve a vida destruída por ingenuidade.
Ingomar Mueller também foi procurado pela reportagem, através do telefone. Entretanto, até a publicação da matéria não respondeu às tentativas de contato.