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Falta de material adia e prejudica cirurgias de mulheres com câncer de mama em Blumenau

Pacientes sofrem com o adiamento de procedimentos

Além de ter de enfrentar um câncer, algumas mulheres blumenauenses estão passando por um novo problema que vem causando angústia: o adiamento de cirurgias de mastectomia – a retirada de mamas.

O obstáculo é motivado pela falta de expansor nos hospitais. O material é necessário para o procedimento operatório no qual as pacientes querem realizar a reconstrução da mama após a retirada.

Os expansores são uma espécie de próteses temporárias infláveis que parecem um balão. Apesar de nem todas as mastectomias precisarem deles, a utilização ocorre para preparar as mamas para a futura cirurgia de reconstrução. Eles existem em vários tamanhos, mas estão em falta no mercado devido à falta de matéria-prima.

Em Blumenau, o problema é constatado nos hospitais Santo Antônio e Santa Isabel, que realizam as cirurgias pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Em ambas as unidades não existem expansores disponíveis e não há prazo para que eles cheguem.

“Atualmente, a Rede Santa Catarina [que administra o Santa Isabel] encontra dificuldades na aquisição de expansores e próteses mamárias, devido a uma crise internacional de fornecimento da matéria-prima, causada pela pandemia de COVID-19. A instituição está em negociação direta com os fornecedores para normalizar a situação e em contato com as pacientes que, porventura, precisem adiar um procedimento por falta do produto”, apontou nota do Hospital Santa Isabel.

O Hospital Santo Antônio também emitiu uma nota oficial, onde destacaram que são referência em oncologia clínica para 14 municípios do estado e que permanecem realizando os procedimentos reconstrutores que não precisam do expansor. Entretanto, também confirmaram a problemática de falta do equipamento.

“A falta deste material não se trata de um problema exclusivo de uma única instituição e sim da grande maioria, pois as empresas fabricantes deste OPME (Órteses, Próteses e Materiais Especiais) não conseguem produzir em grande escala e atender a demanda por falta de matéria prima”.

A reportagem entrou em contato com o Governo do Estado, responsável pelo Sisreg e que encaminham as pacientes para os procedimentos cirúrgicos. Por meio de nota, informaram que as cirurgias de remoção dos tumores seguem sendo realizadas, mas que estão cientes do problema relacionado às reconstruções mamárias, devido à falta dos expansores.

“A Secretaria de Estado da Saúde informa que as cirurgias de remoção de tumor de mama seguem sendo realizadas. O problema global enfrentado na aquisição de extensores e próteses mamárias vem refletindo na realização de procedimentos de reconstrução mamária não só em Santa Catarina, mas em todo o país. A SES está em contato direto com os fornecedores buscando alternativas de compra.
Entre janeiro de 2021 e agosto de 2022, foram realizadas 2.551 cirurgias relacionadas ao câncer de mama nas 15 unidades hospitalares habilitadas em Oncologia pelo SUS que atendem pacientes com essa enfermidade em Santa Catarina”.

Risco de retorno do câncer

Isonete Aparecida Andrade tem 45 anos, é manicure e moradora do bairro Escola Agrícola. Ela é uma das mulheres blumenauenses que vem enfrentando o câncer de mama e teve a expectativa de passar pela cirurgia se transformar em mais angústia.

Ela descobriu o câncer em outubro de 2021 e passou por uma série de exames para, no início deste ano, descobrir que o tumor era maligno e de grau 3. No dia 6 de fevereiro deste ano ela iniciou os tratamentos, todos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Foram 16 sessões de quimioterapia realizadas em seis meses, que terminaram no dia 15 de agosto.

“Quando eu terminei, o médico falou que eu precisava esperar no mínimo três semanas para realizar a cirurgia, mas o máximo que eu podia esperar era 60 dias. Mas esse prazo passou e agora corro o risco do câncer voltar. Terei que refazer exames, talvez voltar com tratamento, porque não consegui fazer a cirurgia, porque não tinha expansor”, relatou à reportagem.

Ela explica também que no caso dela, o expansor é totalmente necessário, pois sem ele, ela não poderia realizar a reconstrução da mama. Além disso, que, como precisa ainda passar por radioterapia após a cirurgia, não há possibilidades de fazer uma prótese logo após a mastectomia, que poderia ser uma opção.

“A gente já passa por tudo que passamos, já temos o problema de ter que retirar toda a mama, que mexe muito com a gente, e ainda acontece isso? Não é nada fácil. É desrespeitoso, é angustiante. Estou sem chão, sem sair de casa, tomando remédios por problemas psicológicos”.

Com o problema enfrentado, Isonete, juntamente com a família, está buscando em clínicas particulares de outros estados para tentar uma solução, já que em Santa Catarina não encontrou.. No último fim de semana ela foi para o Paraná, onde em Curitiba e Ponta Grossa soube que havia a possibilidade.

“Estou aguardando o retorno também de preço. Porque a gente foi pego de surpresa. Se eu soubesse, teria me organizado, guardado dinheiro, buscado financiamento (…) Mas agora está em cima da hora, estamos tentando encontrar alternativas, mas não sei o que irá acontecer”, concluiu.

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