“Faltou sensibilidade, bom senso e respeito”: colunista analisa imbróglio no Parajasc em Blumenau
Situação repercutiu até na Alesc
Festa do esporte, vitória da inclusão e derrota da intransigência e arrogância!
O Parajasc 2024 terminou neste final de semana em Blumenau sem a realização das provas do Atletismo e sem os jogos da Bocha Paralímpica.
Lamentavelmente a Bocha foi cancelada e o Atletismo adiado, por falta de arbitragem!
A decisão que prejudicou os competidores especiais é resultado de uma divergência entre os valores que a Fesporte se propôs a pagar aos árbitros e o que os profissionais reivindicavam.
Além de ajustes no valor da remuneração das diárias, a categoria também pedia o pagamento da alimentação e dos deslocamentos.
A reivindicação dos árbitros é justa e a Fesporte não foi pega de surpresa, como alega o governo do estado.
No dia 1°de maio, em um reunião em Criciúma, o Conselho Estadual de Esporte alertou o presidente da Fesporte, Freibergue do Nascimento, sobre possíveis problemas relacionados à arbitragem.
O comando da Fesporte, por sua vez, afirmou inicialmente que não seria possível pagar pelos deslocamentos e pela alimentação aos árbitros, e justificou a decisão alegando impedimento legal.
Os árbitros, então, bateram em retirada e se negaram a participar do Parajasc.
A relação entre Fesporte e a arbitragem de SC piorou quando Freibergue tentou, sem sucesso, trazer árbitros do RS para garantir a realização do atletismo no Parajasc.
E os árbitros gaúchos, se tivessem vindo, receberiam pela alimentação e pelos deslocamentos?
Além da divergência sobre a remuneração dos árbitros, o componente político em ano de eleição também contribuiu e potencializou o problema.
A velha política interferiu mais uma vez no esporte e, nesta queda de braço entre governo e árbitros, quem mais perdeu e foi duramente prejudicado?
Os atletas, que ficaram em segundo plano!
Faltou sensibilidade, bom senso e respeito, de ambas as partes.
Em meio às negociações fracassadas, e a disputa política, – e por causa do orgulho da vaidade e do despreparo, esqueceram de 761 vidas!
761 pessoas especiais!
761 competidores do atletismo do paradesporto foram excluídos e ficaram de fora Parajasc 2024, cujo slogan era “Festa do Esporte, Vitória da Inclusão”.
Foram impedidos de desfrutar do esporte, do direito de competir.
E muitos deles não ficaram só sem a medalha. Ficaram sem índices, algo essencial e obrigatório para que o paratleta consiga receber o Bolsa Atleta.
Difícil!
O assunto repercutiu e chegou à Assembleia Legislativa.
O deputado estadual do PSD e ex- prefeito Napoleão Bernardes, usou as redes sociais para criticar a Fesporte. “O que houve foi um absurdo, uma das páginas mais tristes da história do nosso esporte. Vamos cobrar os responsáveis e exigir reparos aos prejudicados”, afirmou o parlamentar.
E até o líder do governo na Alesc, deputado Ivan Naatz, cobrou explicações e não poupou críticas: “A Secretaria de Esportes e nós do governo, devemos um pedido de desculpas a população de Santa Catarina”.
O advogado foi além, e de “sola, com chuteiras de travas de alumínio” escreveu: “O mínimo é a demissão imediata do Secretário de Esportes e responsáveis. Nosso governo tem compromisso com a eficiência”, completou o deputado, cobrando mudanças no comando do esporte catarinense.
De fato é preciso mudar. Mudar o jeito como o esporte e os atletas são tratados em SC.
Não fossem as macarronadas, feijoadas, pasteladas e rifas, organizadas por pais de atletas e clubes, o esporte estaria em uma situação muito mais difícil.
Sem falar dos inúmeros casos de pais de atletas que chegam a pegar empréstimo bancário para pagar despesas de viagens para competições.
O lamentável imbróglio é uma ótima oportunidade e um convite para a gente refletir sobre a política de esporte em SC, a valorização de atletas e de árbitros e da melhoria dos equipamentos esportivos.
A falta de posicionamento de clubes, dirigentes e federações, que vivem com o “pires” nas mãos, só irá beneficiar a perpetuidade do problema.
O desafio é complexo e exige um esforço conjunto e coragem.
Se não tiver reação, atletas como os do atletismo do Parajasc vão seguir enfrentando as barreiras do despreparo e da negligência, e vão voltar para casa frustrados, como acabamos de assistir aqui em Blumenau.
A festa do esporte e da vitória da inclusão perdeu para a festa da intransigência e da arrogância. E no pódio do Parajasc faltou a empatia e o respeito aos prejudicados!
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