Federalização partidária, propaganda eleitoral e eleitor jovem: as mudanças da eleição 2024

Comentarista político faz análise das mudanças que acontecerão neste ano e os impactos que elas podem causar

A eleição de 2024 em Blumenau será acompanhada de algumas mudanças devido à legislação atual, entre elas a federação partidária. Será a primeira eleição municipal com o modelo, que já estava em prática na eleição de 2022 que elegeu presidente, governadores, deputados estaduais e federais, além dos senadores.

Outra mudança é o número máximo de candidatos à Câmara de Vereadores que cada partido poderá lançar, que seguirá o quociente de 100% + 1 por partido ou federação partidária. Com isso, o número de candidatos na disputa deve ser menor do que foi registrado em 2020, quando Blumenau teve 367 candidatos concorrendo às 15 vagas.

A federação partidária também pode causar impactos no número de candidatos que disputarão a Prefeitura de Blumenau. Nesse caso, os partidos que compõem a mesma federação não poderão lançar cada um a sua própria candidatura para prefeito. Há duas federações: PSDB e Cidadania e PT, PCdoB e PV.

Para o mestre em Sociologia Política, Especialista em Avaliação e Monitoramento de Políticas Públicas, e Economista, o professor Eduardo Guerini, a eleição deste ano vai trazer as mudanças no pleito eleitoral com mudanças na política para os partidos e também para as federações.

Propaganda eleitoral, fake news e inteligência artificial

Ele destaca que embora as redes sociais tenham alcançado uma grande profusão, a campanha eleitoral na televisão ainda deve ter forte impacto. “A internet ainda é um território ingovernável, não é um território regulável, por isso que foi adotada uma série de normativas legais contra a divulgação de fake news no combate a discriminação, a ofensa e injúria aos participantes do processo eleitoral”, explica.

Segundo ele, devemos ter uma Justiça Eleitoral mais atenta às redes sociais para combater as fake news. Guerini cita que além da questão visual da propaganda eleitoral, os debates políticos também são relevantes, mesmo que as redes sociais sejam um “canhão” de exposição.

“É provável que a propaganda eleitoral nas redes sociais já tenha encontrado o ponto de alavancagem no pleito presidencial de 2022. Os candidatos têm usado as plataformas e redes sociais para divulgação da candidatura, mas de maneira muito acanhada. Alguns usaram em maior ou menor profusão”, explica.

No entanto, ele reforça que as redes sociais também são sinônimo de “base de difusão de fake news”. Guerini analisa que alguns políticos usam as redes com o objetivo de divulgar a campanha, mas ainda não encontram penetração nas cidades menores. Já nos grandes centros é possível que ocorra uma maior influência das redes sociais. “Isso também é um mecanismo de propaganda eleitoral onde os candidatos tentam influenciar a livre escolha do eleitor no processo eleitoral”.

Outro fator citado por Guerini é o uso da inteligência artificial. “Teremos a inauguração da inteligência artificial como mecanismo de alavancagem de algoritmos para partidos, candidatos e federações partidárias e a propaganda eleitoral em uma nova roupagem diante do uso das tecnologias de inteligência artificial e redes sociais”, comenta.

Federações partidárias e nominata de vereadores

Sobre as federações partidárias, Guerini afirma que elas repercutirão na eleição municipal. Com isso, partidos que compõem a federação não poderão concorrer entre si. “Partidos que estão dentro da federação partidária terão a oportunidade de capitanear e capitalizar aquilo que se chama quociente eleitoral. Muitos partidos que não entraram nas federações partidárias terão dificuldades para eleger seus candidatos, principalmente na Câmara de Vereadores”.

Além disso, o número de candidatos que cada partido poderá apresentar para disputar uma vaga na Câmara teve uma redução em comparação aos anos anteriores. A partir deste ano os partidos podem apresentar o quociente de 100% + 1, ou seja, no cenário de Blumenau, os partidos e federações partidárias poderão apresentar uma nominata com até 16 candidatos.

“Portanto, as federações partidárias saem em vantagem, uma vantagem simbólica. Obviamente que depende dos candidatos potenciais para que esses votos sejam capitalizados para as federações partidárias e, portanto, tenham um maior número de vagas”, pontua.

Ele também comenta que com a redução do número de candidatos, os partidos também deverão apresentar uma nominata de peso para ter mais chances de conseguirem as cadeiras no Legislativo blumenauense.

Outra novidade é que neste ano os eleitores também poderão votar em consultas públicas no dia da eleição. As questões do plebiscito deverão ser aprovadas pela Câmara de Vereadores 90 dias antes do primeiro turno. O assunto deve ser de interesse dos munícipes, conforme estabelece a emenda constitucional nº 111, aprovada em 2021.

Influência do bolsonarismo

O especialista diz Santa Catarina se encaminha para ser um “polo de resistência” com o crescimento do PL, partido de Bolsonaro. Prova disso é a intenção do governador Jorginho Mello (PL), presidente da sigla no estado, que quer emplacar prefeitos em diversas cidades, incluindo Blumenau.

Segundo a leitura do comentarista, “a onda bolsonarista já passou”. Guerini afirma que o bolsonarismo está entrando em declínio “dado a falta de propostas exequíveis e uma oposição que seja construtiva, do ponto de vista político”.

“Há uma tentativa de cristianização de Bolsonaro, há uma influência muito forte do neopentecostalismo nas chamadas pautas de costume e essencialmente isso vai repercutir na eleição”, diz.

No entanto, ele destaca que nas eleições municipais, o eleitor deseja que sejam resolvidos os problemas de infraestrutura viária, abastecimento de água, de segurança pública, vagas nas creches, saúde e outros temas do dia a dia. “Para os bolsonaristas não resta outra coisa se não se agarrar nas pautas de costumes”, avalia Guerini.

Envolvimento dos jovens

Ele também acredita que neste pleito eleitoral os jovens terão mais relevância. Dentro disso, Guerini acredita que as eleições de 2024 devem registrar um aumento de candidatos LGBTQIAPN+, mulheres e negros. “Há uma participação mais efetiva dos jovens no engajamento dos partidos políticos, porém não há uma renovação nos quadros partidários”.

Além disso, o especialista frisa a campanha da Justiça Eleitoral que busca promover mais diversidade no Legislativo. “A Câmara de Vereadores deve ser representativa da sociedade civil e, portanto, é possível que nós teremos uma participação maior dos jovens na política e dos jovens disputando cargos políticos no pleito de 2024, mas essa é uma questão a ser observada a partir das convenções partidárias”, frisa.

Ele reforça que os políticos que desejam representar os jovens devem fazer uma leitura dos problemas que afligem esse público. “Temos uma juventude desencantada, desalentada, que necessariamente não encontra respostas no universo da política tradicional e é preciso democratizar a participação dos jovens na política, democratizar o acesso às questões que afligem a juventude, a questão do emprego, escolaridade, das drogas, possibilidade de aposentadoria futura, esporte, cultura e lazer. Os políticos têm que mudar a linguagem da política tradicional para uma política mais dialógica”, finaliza.

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