Capa: Frei Hugolino Back no altar da capela do Conventinho do Divino Espírito Santo – Santo Amaro da Imperatriz.

Conhecemos o frei Hugolino Back em abril de 1989, durante um curso que nos foi recomendado e que ele ministrou durante três dias, ao lado de Pedro Grisa, na cidade de Blumenau.

Para nós o tema apresentado no curso era inédito. Fizemos atividades práticas de imposição de mãos para obter a cura, orientadas pelo Frei Hugolino Back. Constatamos existir uma energia real e com efeitos positivos de fato. Na época, Frei Hugolino fizera uma analogia ao Evangelho por Jesus que dizia:

“Ide e curai os doentes impondo-lhes as mãos.”

Acreditamos que o fez para explicar o “desconhecido” para ele, como pesquisador que era; mas antes disso, era um religioso da fé católica e talvez em sua senda não foi totalmente compreendido.

Ao longo de sua vida, frei Hugolino não negou o que tinha para doar e, diante de uma busca permanente, ansiou encontrar uma linguagem adequada para os homens de pouca compreensão, e também para sua ordem religiosa, a fim de não gerar conflitos devido ao dom que possuía.

Para isso, apoiou-se no Evangelho e na Ciência, para fundamentar aquilo que surgiu de maneira muito natural e intuitiva – curar pessoas por meio da imposição das mãos, expressão usada por ele.

Certificado do curso ministrado por Frei Hugolino Back em Blumenau – abril de 1989.

Com o passar do tempo, observamos que a força dessa mesma energia era conhecida dentro de outras filosofias e religiões com outras denominações, como, por exemplo: passe magnético, passe, Reiki, “sopro de mãe” em machucados dos filhos, entre outros.

Durante o curso ministrado por ele, soubemos que fora porteiro do colégio fundado pelo padre alemão Jacobs em 16 de janeiro de 1877 –  Colégio Santo Antônio, atual Colégio Bom Jesus, Blumenau. E foi nesta cidade que iniciou suas pesquisas e experiências sobre o tema.

Colégio Santo Antônio – Década de 1950 –  onde o frei Hugolino Back nascido em Angelina-SC, foi porteiro.
Colégio Santo Antônio – Blumenau.

Vamos conhecer um pouco mais sobre frei Hugolino Back – homem que dedicou a vida para pesquisa e para o trabalho voluntário, levando à cura das pessoas por meio de uma prática não muito convencional.

Desde o período em que iniciou suas pesquisas na cidade de Blumenau, e mesmo depois, encontrou barreiras às suas ações, que não eram bem aceitas aos olhos de sua Ordem Religiosa, e também aos de outros segmentos e tipos de pessoas.

Buscou respostas científicas para justificar o fenômeno que despertava através da imposição de suas mãos a partir dos experimentos práticos que fazia, ainda como porteiro nas dependências do Colégio Santo Antônio, em Blumenau.

Frei Hugolino – História e Origem

Frei Hugolino nasceu no seio de uma família de descendentes alemães, que residia no interior do município de Angelina (SC), na década de 1920. E dentro de sua casa, só falavam o idioma alemão.

Nessa época, era uma prática muito comum entre os agricultores, também chamados de colonos, muitas vezes de maneira pejorativa, enviar seus filhos para o Seminário, que então representava um centro de educação de qualidade e de poucos gastos. Alguns prosseguiam na vocação religiosa. Outros, adquiriam o estudo e depois saíam para formar família e trabalhar em outras atividades.

Aspectos da Rua Manoel Lino Koerich, em Angelina SC. Fotografia de 1926 – ano do nascimento do Frei Hugolino Back – ocorrido no interior da vila.

Evaldo Back, seu nome de batismo, nasceu em 6 de maio de 1926, na localidade de Rancho de Taboas – interior do pequeno município de Angelina – SC. Seus pais eram Vendelino Back e Maria Perardt Back.

Seus lugares no Estado de Santa Catarina – Brasil.

O pequeno Evaldo não foi para a escola quando era criança,  pois a escola somente ensinava no idioma português. Foi um adolescente analfabeto e que não sabia falar muito bem o português.

Pequeno livro com o autógrafo de frei Hugolino Back, 1989.

Ele mesmo fazia esse depoimento em suas palestras. Contou-nos esse fato, explicando e justificando a qualidade de sua caligrafia e a pouca intimidade com o português escrito, até então, quando autografou um pequeno livro nosso – em 1989.

Evaldo Back, que mais tarde se tornou frei Hugolino Back, deu prosseguimento aos seus estudos religiosos dentro da Ordem Franciscana, na qual ingressou no ano de 1943 (com 18 anos incompletos – fazia aniversário no mês de maio), na cidade de Rio Negro, Paraná. Ingressou no Seminário do Collegio Seraphico Santo Antônio. Nessa cidade também existia uma colônia alemã – a primeira daquele Estado.

Antigo Collegio Seraphico Santo Antônio.
Antigo Collegio Seraphico Santo Antônio.

O seminário da cidade de Rio Negro, onde o jovem Evaldo foi estudar, foi fundado no ano de 1918 por padres franciscanos vindos da Alemanha. Na época, construíram uma edificação munida de duas alas, quatro pavimentos e três torres, totalizando uma área de quase 10 mil metros quadrados construídos. As aulas se iniciaram no local em 1923, com 118 seminaristas oriundos da Colônia Blumenau; no ano de 1943, chegou Evaldo Back, filho de agricultores da cidade de Angelina-SC e formou-se frei Hugolino Back.

A título de curiosidade: o Collegio Seraphico funcionou como Seminário Franciscano somente até a década de 1970, quando encerrou suas atividades. Atualmente, é a sede da Prefeitura Municipal de Rio Negro-PR. Também é conhecido como Parque Ecoturístico Municipal Seráfico São Luís de Tolosa. O tempo em que foi escola não completou nem um século de atividades.

Antigo Collegio Seraphico Santo Antônio.

No mesmo Collegio Seraphico Santo Antônio – Seminário Franciscano, Frei Hugolino recebeu o hábito.
No dia 2 de fevereiro de 1960, agora como frei Hugolino Back, foi transferido para o Seminário de Guaratinguetá – SP. No dia 5 de março de 2017, a Fraternidade Franciscana São José e o Postulado Frei Galvão celebraram o 75° aniversário de existência. Frei Hugolino permaneceu no seminário por 11 anos, quando, em 15 de janeiro de 1971, foi transferido para o Convento Santo Antônio – Rio de Janeiro, onde permaneceu por 5 anos e meio.

Seminário de Guaratinguetá SP.

Chegou a Blumenau no dia 20 de agosto de 1976. Residiu no Colégio Santo Antônio de Blumenau, na época – Convento dos Franciscanos. Aposentou-se e então passou a exercer, como aposentado, a atividade de porteiro do convento. Tinha problemas de saúde.
Em 1989, quando o conhecemos em um curso em Blumenau, ele nos contou que sempre fora um curioso. Seu quarto estava localizado na mansarda (sótão) do convento, e no silêncio de seu lugar de repouso passou a fazer experiências com a “força energética” que sentia irradiar-se de suas mãos, e que tanto o intrigava.

Padre Oscar Quevedo – Óscar González-Quevedo – nasceu em Madri (Espanha), no dia 15 de dezembro de 1930 e faleceu em Belo Horizonte (Brasil), no dia 9 de janeiro de 2019. Para ler sobre ele, clicar ‘Padre Quevedo’.

Isso aconteceu porque em 1978 teve contato com as ideias do padre Arlindo Mombach, também em Blumenau. “Devorava” livros sobre o tema Parapsicologia e fazia experiências. Buscou o caminho da Ciência para justificar, perante a Ordem Franciscana, algo que não fosse confundido com práticas que destoassem da doutrina cristã da qual era fiel, ou que fosse confundido por todos com algo que teria ligação com o “demônio”. Buscava respostas aos seus inúmeros questionamentos.

Nesse tempo, leu o livro do padre Oscar Quevedo, no qual este conta que uma sensitiva francesa mumificava carnes, sem detalhar como. Esse fato intrigou frei Hugolino.
No livro A cura pela imposição das mãos, do qual é coautor – há uma citação sua que diz:

Essa sensitiva, ao mumificar carnes, deve empregar uma técnica! Só pode ser uma técnica. A força da mente é igual em todos os seres humanos. Se ela conseguiu, eu também vou conseguir. Preciso descobrir essa técnica de como mumificar carnes. Frei Hugolino Back – A cura pela imposição das mãos.

Frei Hugolino estava determinado a descobrir como era o procedimento de mumificação de carnes, através de experiências feitas em seu quarto, no sótão do Colégio Santo Antônio, então Convento Santo Antônio, em Blumenau. Nesse período, tinha 52 anos de idade.

Por meio de seus estudos, frei Hugolino concluiu que as respostas para seu objetivo – mumificar carnes – poderiam vir através da prática do exercício de relaxamento – entrando no estado Alfa – ou seja, um estado de relaxamento profundo, sem com isso estar dormindo.

Ao iniciar os exercícios de relaxamento, ou seja, relaxando o corpo e tranquilizando a mente, segundo ele, e com isso buscando a natural liberdade interior, conseguiu desidratar pedaços de carnes – o que ele denominava “mumificar”.

Conseguia os pedaços de carne na cozinha do convento, com a irmã Beda, e respondendo à pergunta dela: “para quê?”, dizia que era para fazer uma experiência, o que de fato era.

Capa do livro “A cura pela Imposição das mãos” de sua autoria.

“Finalmente, em seu quarto, rústico e pobremente mobiliado, sobre um pedaço de papelão de caixa de sapato, ao canto de sua mesinha de leitura e trabalho, deposita um pedaço de carne. E já começa a pôr em prática sua experiência. Respira fundo. Relaxa o corpo. Solta mais e mais os músculos de todos o corpo. Volto os olhos para cima. Nova respiração profunda. Imagina seu corpo envolto por suave cor azulada. Respira profunda e suavemente, soltando mais e mais os músculos. Conta de cinco a zero, enquanto relaxa mais e mais seu corpo. Olhos fechados, estende as mãos sobre o pedaço de carne e o imagina sendo desidratado por raios de energia que se irradiam de seus dedos e de suas mãos.” Do livro de sua coautoria: A cura pela imposição das mãos.

Nessa época, final da década de 1970, no Convento Santo Antônio – Blumenau, entre suas tarefas de porteiro do convento e momentos de prece e atos religiosos como frade franciscano, frei Hugolino também observava sua experiência com o pedaço de bife que recebera da irmã Beda. Sua primeira experiência é narrada no livro que escreveu junto com Pedro Grisa.

Nela, observou que após 48 horas eram visíveis os sinais de desidratação da carne. O frei comentou que a carne estava “enxugando”. Após uma semana de experiência, a carne continuou secando, diminuindo e perdendo o odor. Frei Hugolino impunha as mãos sobre o pedaço de carne de três a quatro vezes ao dia. Nessa época, ninguém tinha conhecimento de sua experiência.

…A cada imposição de mãos, realizada três a quatro vezes ao dia, numa duração média de três a cinco minutos cada – transforma-se num sorriso de alegria e confiante entusiasmo, até abrir-se num largo sorriso, com o brilho de vitória iluminando os olhos e todo o rosto do Frei Hugolino Back (…) Suas preces têm, agora o impulso firme e vibrante dos hinos de louvor e glória, unido sua Mente, sua alma, seu espírito à Vida, à Harmonia, à Luz Divina do Criador, que faísca em todos os recantos do universo…”Do livro de sua coautoria: A cura pela imposição das mãos.

Do livro de sua coautoria: A cura pela imposição das mãos.

Na terceira semana, frei Hugolino observou que o pedaço de carne estava se fossilizando. Transformara-se em fóssil. Prosseguiu a experiência durante pouco mais de um mês, até ficar satisfeito com o resultado. Não tinha comentado com ninguém, e antes de fazê-lo, foi novamente à cozinha e pediu mais um pedaço de carne à irmã Beda. Nesse período, consumiu meses de experiência e tornou novos pedaços de carnes em fósseis.

Ao longo desses meses de experimentos, o frei realizou outras experiências paralelas. Fez impondo-se as mãos, curando males e dores físicas que o acompanhavam.
Resolveu mostrar sua experiência aos seus superiores de fé. Nessa ocasião, o Superior do Convento Santo Antônio – Blumenau era o frei Augusto Koenig. Seu cargo era Definidor Provincial, o qual ocupou durante dois mandatos – (1977-1979) e (1980-1982).

“Depois do Curso de Parapsicologia e ao longo dos meses de treinamento mental e experiências de mumificação – se passara uma grande transformação. Uma confiança natural e humilde, substituíra a timidez e uma inibidora modéstia que o acompanhava até aí, justificável por seu semi-analfabetismo. A natural confiança, experimentada agora permite-lhe a tranquilidade de esperar o momento do encontro, sem precisar de preparação especial e sem nervosismo. Do livro de sua coautoria: A cura pela imposição das mãos.

Frei Augusto Koenig * 06.09.1941 † 06.07.2010.

Frei Hugolino mostrou ao seu superior o resultado de meses de experiências: fósseis de bovinos, apresentando detalhes. Foi desacreditado e desmotivado pelo superior. À conclusão e ao raciocínio de frei Hugolino, o superior chamou de ilusão.

[…] temo que esteja deixando-se levar por uma ilusão. O fato das carnes secarem dessa maneira, não será consequência do ambiente? Seu quarto fica em lugar alto e arejado isso favorece o processo de desidratação. Lentamente, a carne vai secando e isso poderia acontecer, sem mesmo fazer imposição de Mãos.” Frei Augusto Koenig – Do livro de sua coautoria: A cura pela imposição das mãos.

Cético, frei Augusto fez uma proposta. Sugeriu que frei Hugolino levasse para seu quarto dois pedaços de carne. Sobre um fizesse a imposição de mãos, e no segundo, não. Observariam a reação dos pedaços de carne no mesmo ambiente.

E assim foi feito. No início do segundo dia já era perceptível a diferença do pedaço de carne que recebia a energia das mãos. No terceiro dia dava para sentir o mau cheiro da carne estragando – a que não recebia energia durante três ou quatro vezes ao dia das mãos do Frei Hugolino. Foi preciso colocá-la em outro aposento pelo odor forte que irradiava.

No quinto dia, Frei Hugolino chamou Frei Augusto para ver o resultado. O Superior do Convento Santo Antônio de Blumenau reconheceu que Frei Hugolino, através da energia de suas mãos, efetuava a mumificação das carnes – desidratação. Deveria buscar pesquisa científica sobre o fenômeno.

Padre Arlindo.

Em 1979, frei Hugolino reencontra o padre Arlindo Mombach. Este propõe um novo desafio a frei Hugolino, ao saber de seus feitos – testes.

Efetuar a mesma coisa, desidratar carnes, porém, à distância. Foi escolhido um quarto no terceiro andar no Convento Santo Antônio. Sobre uma mesa foram colocados dois pedaços de carne. Foram fechadas porta e janelas. Frei Hugolino foi orientado a imaginar irradiando, com suas mãos, um dos pedaços de carne, em seu quarto. Para o padre Mombach, a energia da mente, do cérebro, não conhece distâncias nem barreiras físicas.

A energia mental chegaria à carne escolhida e o processo de desidratação aconteceria, igualmente. Três ou quatro vezes ao dia, frei Hugolino impunha as mãos sobre um dos pedaços de carne localizado e trancado em outra sala, mentalmente. Sala que denominou de cela em seu livro. Imaginava irradiando energia no pedaço de carne colocado sobre a extremidade sul da mesa, localizada na cela.

Tudo aconteceu como nas experiências anteriores. O pedaço que não foi alvo da energia da imposição das mãos cheirava mal e apodreceu, o que não aconteceu com o outro, que ficou em estado de mumificação.
Frei Hugolino interpretou o acontecido e as descobertas a partir de suas pesquisas como algo pessoal e um caminho que deveria buscar dentro da missão de um franciscano.

Aprendeu com suas buscas, e registrou, no livro de que foi coautor – A cura pela imposição das mãos – que através do Caminho da Harmonia e do Poder mental, acontecem oportunidades de se construir uma vida melhor e dinamicamente tranquila.

Lenta e de maneira constante, progressiva e intuitivamente, começou a aplicar seu aprendizado de maneira prática e mais útil em seu dia a dia, de diferentes maneiras. Algumas aplicações de maneira muito inusitada, como colocando energia das mãos na roupa do enfermo. Impondo as mãos, frei Hugolino curava dores e doenças físicas e espirituais. As pessoas que tinham contato com sua técnica de cura, levava o fato ao conhecimento de mais pessoas, e frei Hugolino ficou conhecido não somente na cidade de Blumenau, mas no Brasil.

Colégio Santo Antônio Blumenau SC.

Foi decidido em Capítulo Conventual (reunião de todos os frades da comunidade) que frei Hugolino atenderia às pessoas na capela do Convento. Ele sugere que os padres, alternadamente, ministrem uma pequena palestra aos presentes. Os padres concordam, mas nunca se habilitaram e se sentiram à vontade para falar para as pessoas. Frei Hugolino falou a elas e ficou satisfeito com o resultado. A partir de então, o que não fazia antes – por timidez e extrema humildade -, começou a palestrar com facilidade, não somente nesse momento, mas em outros que viriam depois, falando para pessoas simples, profissionais da saúde, em outras cidades do Brasil e também no exterior. Um desses momentos foi registrado neste antigo vídeo, publicado e de qualidade não muito boa, mas perfeitamente audível. Não temos conhecimento quem o produziu, somente quem o publicou no canal do You Tube.

Uma dessas palestras, aconteceu novamente em Blumenau – em abril de 1989 – foi quando o conhecemos.
A história tomou dimensões, que incomodavam alguns. Temiam, ou mesmo, não queriam infringir regras ou despertar algo que não poderiam explicar. O Frei Hugolino foi transferido de Blumenau, na esperança que as pessoas parassem de procurá-lo. A igreja não concordava muito com o movimento que estava acontecendo.

Kloster Mörmter.

O Superior – frei Augusto Koenig – perguntou-lhe se não queria passar algum tempo na Alemanha. Informou-o de que, se fosse, deveria passar por lá pelo menos três anos.
Frei Hugolino falava alemão muito bem e, ao aceitar, conheceu a terra de seus avós. Partiu para a cidade de Xanten no dia 18 de janeiro de 1980 e foi residir no Kloster Mörmter.
Trabalhou na horta – uma antiga atividade sua e de sua família no interior do município de Angelina. Mesmo estando localizado na Alemanha, o Kloster Mörmter pertencia à Ordem Franciscana do Brasil desde o ano de 1977. Era um tipo de casa de repouso para os freis que estavam no Brasil.
Com que objetivo encaminharam o Frei Hugolino para esse local?
A cidade onde estava localizado o Kloster Mörmter é Xanten – está localizada no distrito de Wesel, região administrativa de Düsseldorf, estado da Renânia do Norte-Vestfália.

No final do século XX, menos membros da ordem visitavam ou moravam no Kloster, quando foram encerradas as suas atividades no ano de 2007. Continua sendo usado pelos franciscanos, e padres mais jovens ajudam a cuidar da pastoral e da associação de desenvolvimento Mörmter, com novo uso e proposta. Em 2009, o local – ainda pertencente à comunidade católica brasileira, é agora usado como fazenda.

Na Alemanha, frei Hugolino não comentava com ninguém sobre suas experiências em Blumenau e sobre a imposição das mãos.
Começou a fazer suas experiências também no Kloster (Convento) da Alemanha, com coelhos abatidos quando vinham mexer nas suas hortas.

Do livro de sua coautoria: A cura pela imposição das mãos.

Recebeu uma carta de um padre brasileiro que lhe comunicou algo que fez mudar o rumo da história. Seu amigo lhe perguntou se ele estava emprestando o dom que recebeu do Universo para ajudar as pessoas, na Alemanha. Lembrou ao frei Hugolino que o poder de cura era um dom que deveria ser usado, do contrário seria cobrado mais tarde. A partir de então, Frei Hugolino resolveu contar aos colegas alemães sobre suas experiências e a cura pela imposição das mãos. Na Alemanha, passou a atender pessoas doentes, tal como aconteceu em Blumenau.
Frei Hugolino recebia gorjetas pelas curas realizadas na Alemanha, e enviava o dinheiro para as missões franciscanas no Brasil, sob os cuidados de seu Superior.
Passados os três anos necessários, optou por retornar para casa. Quando se encontrou com seu Superior, entregou-lhe o dinheiro como sempre fazia durante o tempo que esteve na Alemanha. O Superior orientou-o que depositasse o dinheiro no cofre da Província, dizendo-lhe que um dia esse dinheiro poderia ser necessário para uma obra justa. Em 15 de dezembro de 1982, foi para Guaratinguetá. Graças.
O envelope com marcos alemães foi guardado intacto, sem ao menos saber-se o valor, em dinheiro, que continha. Nem mesmo frei Hugolino sabia da quantia.
Passou-se algum tempo, e surgiu a oportunidade de compra do Conventinho do Espírito Santo, localizado na cidade da Grande Florianópolis – Santo Amaro da Imperatriz, quando, em 23 de abril de 1985, frei Hugolino mudou-se para esse local.

Conventinho do Divino Espírito Santo – Santo Amaro da Imperatriz.

Conventinho do Divino Espírito Santo – Santo Amaro da Imperatriz.

Historicamente, o local escolhido para seu trabalho foi um antigo convento que era utilizado como residência dos frades. Foi construído no início do século XX – ano de 1904. Depois, passou para as Irmãs da Divina Providência, e então, foi adquirido pela família Müller. Na sequência, adquirido para os trabalhos de frei Hugolino, quando ficou conhecido nacionalmente como Conventinho do Divino Espírito Santo. Foi o espaço escolhido pelo frei para exercer o seu Apostolado da Saúde e Cura, por meio da imposição das mãos. Frei Hugolino contava essas passagens em seus cursos – nós ouvimos essa história por suas próprias narrativas.
Diariamente, centenas de pessoas procuravam o local para buscar alívio aos seus males ou os de um de seus familiares e para encontrar o frei e se submeter à imposição das mãos. Ficou explicito que frei Hugolino idealizou um local em que pudesse receber e conversar com as pessoas e também impor as mãos. Afastou-se das demais atividades pastorais. Sua dedicação foi exclusiva às pessoas, sem entrar em conflito com colegas de fé ou mesmo com outras pessoas que não concordavam com sua prática, para evitar confusões e polêmicas. Em muitos momentos afirmou que seguia sua intuição.
Para acontecer tudo isso, anteriormente apresentou seu projeto ao Superior e perguntou onde arrumaria o capital necessário para executá-lo. Lembrou-o do dinheiro guardado, que trouxera da Alemanha. Pediu permissão para usá-lo na compra do Conventinho do Divino Espírito Santo. Nós ouvimos essa história contada por ele. Quando contava essa passagem no curso que ministrava em Blumenau, no ano de 1989, afirmou que “Deus escreve certo por linhas tortas!”
Ao abrir o envelope guardado no cofre, constatou que havia a quantia necessária para a aquisição do Conventinho do Divino Espírito Santo. Dessa maneira, Frei Hugolino pôde dispor de uma sede para seu Apostolado da Saúde.

Conventinho do Divino Espírito Santo – Santo Amaro da Imperatriz.
Frei Hugolino Back.

Chegou à cidade de Santo Amaro da Imperatriz em 27 de abril de 1985. Começou a atender os fiéis nos conventos da Ordem Franciscana onde residia a partir de então. Nessa época, recebeu o auxílio de seu primo, também frei, Gervásio Perardt
Devido ao grande número de pessoas que o procuravam, passou a residir no Conventinho do Divino Espírito Santo.
Frei Hugolino, ao repensar ser possível mumificar carnes à distância, concluiu que também poderia fazer curas à distância, uma vez que, entendia ele, a energia mental não conhece limites nem barreiras. Experimentou e teve êxito em suas práticas, tal como a experiência com carnes. Também atendia, em determinada hora, às pessoas por telefone. Na época, após conhecê-lo, por curiosidade nós telefonamos para o número pré-determinado, e falamos com o “frei de Blumenau”, como todos poderiam fazer. Foi gentil atencioso durante nossa conversa ao telefone e forneceu sua benção.

Com parte da equipe que formou para que seu trabalho tivesse continuidade após sua partida.
Onde residiu nos últimos tempos – ao lado da Igreja Matriz de Santo Amaro da Imperatriz.

Em 1990, frei Hugolino lançou a 3ª edição que fez em coautoria com Pedro Antônio Grisa – o livro A Cura pela imposição das mãos. Este trabalho é anterior a 1990.
Trabalhou e recebeu as pessoas no Conventinho do Divino Espírito Santo até seus últimos momentos.
Depois, passou a morar em um quartinho junto à Igreja Matriz de Santo Amaro da Imperatriz. Visitamo-lo algumas vezes e em uma dessas visitas entregamos um CD de músicas alemãs – suas preferidas. Vivia de maneira muito humilde – seu quarto possuía uma cama de mola e um criado mudo, como aqueles retratados em obra clássica. Aguardávamos na fila das pessoas que o buscavam, e quando chegava nossa vez, conversávamos com o frei.
A nossa última visita foi no seu quartinho, que lembrava o quarto eternizado por Vicent Van Gogh, localizado em um edifício construído ao lado direito da Igreja Matriz de Santo Amaro da Imperatriz. Tinha uma cama de mola, uma cadeira e um criado-mudo, daqueles de madeira maciça, antigos. Tudo muito simples.

Onde residiu nos último tempos – ao lado da Igreja Matriz de Santo Amaro da Imperatriz.
Obra de Vicent Van Gogh.

Nesse momento, descobrimos que gostava de ouvir música alemã. Enviamos um CD de músicas alemã e pedimos para um portador que lhe entregasse um microssistema, para poder ouvir o CD, pois não o tinha. Não era de seu hábito pedir para si.

Frei Hugolino Back.

Frei Hugolino veio a falecer no dia 19 de abril de 2011 – às 14:30h, na cidade Florianópolis, com 84 anos de idade, por conta de um câncer. Ele estava hospitalizado no Hospital de Caridade em Florianópolis e não resistiu a uma cirurgia.
Dr. Aiuka Almeida, médico que o acompanhou, disse que a doença – neoplasia de estômago, com metástases peritoneais e hepáticas – havia progredido muito rápido. Frei Hugolino foi sepultado na cidade em que residia: Santo Amaro da Imperatriz – ao lado da capela do Conventinho. Seu corpo foi velado na Igreja Matriz de Santo Amaro da Imperatriz.
Trabalhou até quando pôde. Mesmo quando estava sendo submetido ao tratamento de quimioterapia e se encontrava muito debilitado.

Na semana em que se sentiu mal e foi para o hospital, trabalhou ainda atendendo pessoas. Frei Hugolino completaria 85 anos no mês seguinte àquele em que faleceu – dia 6 de maio.

O governador do Estado de Santa Catarina – Raimundo Colombo – ao tomar conhecimento da passagem do frei, o definiu como referência em humanidade e caridade. Em nota oficial, o governador ressaltou que Frei Hugolino chegou a atender aproximadamente 300 pessoas por dia, no Conventinho do Divino Espírito Santo.

Reflexões

Somente um tempo depois, soubemos de sua passagem e em 2017 fomos visitar seu espaço na cidade de Santo Amaro da Imperatriz.
Não gostamos do que vimos. Não deram sequência ao seu trabalho de cura e caridade – desejo seu – verbalizado em muitas de nossas conversas. Ele havia preparado muitas pessoas para isso.

Transformaram o local em estrutura da administração pública – Prefeitura Municipal da cidade, alojando a Secretaria de Turismo de Santo Amaro da Imperatriz (?). O jardim do qual cuidava pessoalmente, estava abandonado. Em edifício anexo inauguraram o Museu (2012), organizado pelo próprio frei Hugolino e o sepultaram ao lado da capela, como que aguardando o turismo religioso e romaria diante da especulação da “santidade” do frei, que tivera de se submeter a desafios dentro da própria ordem religiosa, para ser reconhecido como instrumento maior.

Por meio de suas buscas, tentara comprovar, pela ótica da Ciência, que suas práticas eram fenômenos naturais e que qualquer um poderia fazê-los – também presentes no Evangelho, que ele seguia.

“Ide e curai os doentes impondo-lhes as mãos.” Jesus Cristo

Seu túmulo já apresenta relíquias comprovando “milagres” – que em vida explicou pelo ponto de vista científico. As curas, que sempre tentou explicar sob a ótica da Ciência, para ser aceito dentro de sua religiosidade, tornam-se agora, produto de especulação. E seu espaço, desrespeitado em relação à vontade, que era de que fosse dado prosseguimento ao seu trabalho de cura.

Conventinho do Divino Espírito Santo – Santo Amaro da Imperatriz SC I

Conventinho do Divino Espírito Santo – Santo Amaro da Imperatriz.
Conventinho do Divino Espírito Santo – Santo Amaro da Imperatriz.
Conventinho do Divino Espírito Santo – Santo Amaro da Imperatriz.

Ao lado da Capela do Conventinho
“Aguardando” o turismo religioso – Não era esse o seu objetivo.

Nem os santos se consideram santos!” Frei Hugolino

Túmulo do Frei Hugolino – ao lado da Capela do Conventinho do Divino Espírito Santo – local estratégico.
Túmulo do Frei Hugolino Back colocado ao lado da Capela anexa ao Conventinho do Divino Espírito Santo – Santo Amaro da Imperatriz.

Frei Hugolino queria que seu trabalho de cura pela imposição das mãos, atividade de caridade e também de sua equipe (várias vezes disse que preparara seus integrantes) continuasse. Disse-nos que qualquer um poderia praticar a cura pela imposição das mãos. Palavras que tirara do Evangelho. Fala no vídeo (o mesmo):

Existe uma campanha para sua beatificação.
Definitivamente, não era este o seu desejo. Ouvimos isto do próprio Frei Hugolino. Desejava que seu trabalho de cura pela imposição das mãos prosseguisse. Por isso, preparou muitas pessoas e deixou seu espaço organizado. O qual, depois que partiu, não demorou muito para que fosse desativado e nele implantado a Secretaria de Turismo do Município de Santo Amaro da Imperatriz – oportunamente ao lado de seu túmulo.
O Frei disse:

“…Jesus deu este mandamento de curar com as mãos para todos nós e não está sendo cumprido. Pelo menos como deveria ser. (…) um evangelista diz que este poder de curar os doentes com as mãos foi dados para todos. (…)
Há uma falha na Igreja Católica. No passado se pensou erradamente que para se curar com as mãos tinha que ser muito santo. Nem os santos se consideram santos!” Frei Hugolino (filme – tempo 10:00)

Pretendem criar o turismo religioso – por meio de sua memória. Não respeitaram a vontade de Frei Hugolino, que era de que continuassem seu trabalho de caridade e cura.

Um Registro para a História.

Depoimentos espontâneos após publicação

Muito interessante o trabalho de Frei Hugolino. Apesar de estar em Blumenau na época(1965 até 1977), fui conhecer ele em Santo Amaro por ocasião de ir algumas vezes ver o mesmo praticar a imposição na minha falecida esposa, no ano de 2005. Pessoa muito agradável e inspiradora. A lamentar o abandono da sua obra no local. Parabéns pelo resgate. Viliam Oto Boehme

Conhecia um pouco da vida e trabalho de frei Hugolino. Uma tia minha ia à Santo Amaro para receber imposição das mãos. Conheço também o livro, mas você acrescentou inúmeras informações que eu desconhecia. Lamentável que outras pessoas não continuaram o trabalho, conforme era desejo dele. Obrigada por compartilhar estas informações. Marisa Demarchi

Gostaria de escrever algo sobre o assunto mas me faltam palavras pela emoção que estou tendo ao ler sobre a vida de frei Hugolino porque foi a história que meu falecido marido me contou sobre o tempo que estava em Blumenau. Uma amiga que fazia os cursos com ele que faleceu à menos de um mês usou a prática da imposição de mãos que aprendeu com Frei Hugolino em uma cirurgia na minha filha , após algumas vezes tudo estava bem … Os problemas do pós operatório estavam resolvidos . Frei Hugolino foi uma grande verdade que só distribuiu o bem. Ivone Korb Neotti

Conheci frei Hugolino no Colégio Santo Antônio, Blumenau e depois fui uma vez a Santo Amaro. Um dos depoimentos dele foi sobre mumificação de um pedaço de carne, à distância. Zulma T. Deschamps Tridapalli

Foi gratificante a leitura. Conhecia toda a história. Só faltou mencionar que ele também era humilhado pelos próprios frades. Eles não acreditavam nele. Dedicou sua vida para o bem. DEUS o tenha na sua glória. Edonzila Minatti Chicatto

Ele esteve aqui na Igreja Santo Antônio, em Florianópolis, acho que foi no ano 1983 ou 1984.Também acompanhei uma amiga lá em Santo Amaro da Imperatriz. Celia Tania Zimmermann

Depoimento de Graziela Hort Gomes Hipólito no Intagram.

Referências

  • BACK, Frei Hugolino e GRISA, Pedro A. A Cura pela Imposição das Mãos. Florianópolis SC. 158 páginas. Editora de Parapsicologia e Psicotrônica – EDIPPAPI, 1987.
  • BEGGO, Moacir. Franciscanos – Frei Hugolino Back. Disponível em: https://franciscanos.org.br/quemsomos/inmemoriam/hugolino-back/#gsc.tab=0. Acesso em: 19 de junho de 2023 – 7h24.
  • GERLACH, Gilberto Schmidt. Colônia Blumenau no Sul do Brasil / Gilberto Schmidt-Gerlach, Bruno Kilian Kadletz, Marcondes Marchetti, pesquisa; Gilberto Schmidt-Gerlach, organização; tradução Pedro Jungmann. – São José: Clube de Cinema Nossa Senhora do Desterro, 2019. 2 t. (400 p.): il., retrs.

Leituras complementares…

Sou Angelina Wittmann, Arquiteta e Mestre em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade.
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