GALERIA – Alunos de escola pública de Blumenau lançam livro de poemas com o tema “quando deixei meu coração falar”
Livro foi lançado no final de maio
Com o intuito de instigar o gosto pela literatura e ensinar a como se expressar através da escrita, a professora de Língua Portuguesa e Literatura, Márcia de Souza lançou um livro com poemas escritos pelos alunos 7º ano da Escola de Educação Básica João Widemann de Blumenau, durante o final de maio.
O lançamento do livro que leva o título de “Quando deixei meu coração falar”, aconteceu no final do mês de maio e traz poemas escritos e ilustrado totalmente pelos 32 alunos participantes do projeto. Para o lançamento, foi feito um evento com café para os alunos, pais e responsáveis e funcionários do centro de educação.
Conforme a professora Márcia, o melhor momento de todo o processo foi poder confraternizar o resultado com a equipe da escola, e principalmente com os pais e familiares dos estudantes.
“O evento teve mais de 100 pessoas, e os todos conseguiram apresentar e declamar os poemas, e ver o olhar dos responsáveis foi muito gratificante, porque eles se emocionam vendo esse outro lado dos próprios filhos, que talvez alguns nem conheciam. Ver um filho e um pai se abraçando por conta de uma construção que foi feita, dá muito orgulho. Para mim, essa confraternização dos conhecimentos, foi o auge de todo o projeto, de que todo o caminho valeu a pena”.
Da construção até a publicação
O livro “Quando deixei meu coração falar” não é o primeiro projeto envolvendo escrita e livros, desenvolvido pela professora Márcia de Souza. Com quase 30 anos de carreira na área da educação, ela já escreveu os próprios livros infantis, que foram publicados por meio de editoras, além de diversos outros projetos com publicação de livros de poemas dos alunos.
Alguns deles chegaram até a receber premiações nacionais através do Ministério de Educação e reconhecimentos por meio do prêmio Professores do Brasil.
Por conta disso, sempre que tem a oportunidade, a professora busca implementar nos conteúdos dados em sala de aula, outras vivências para ensinar cada vez mais os alunos. Para iniciar o projeto, a professora Márcia começou pelo mais simples: ensinando o que era um verbo e como ele estava presente no cotidiano de todos.
Em seguida, ela apresentou o gênero dos poemas, como eram classificados e como eram feitos. Dessa forma, os alunos começaram a colocar a mão na massa, e tiveram que desenvolver o próprio poema, com duas estrofes, e quatro versos, sempre contendo rimas de verbos no final. O tema escolhido foi: coisas que eles gostassem e que deixassem o coração falar por meio das palavras escritas.
A professora conta que apesar de no final ter valido a pena, todo o processo de construção dos poemas foi muito demorado e as coisas não ficaram prontas de imediato, já que foi feito com muita calma, para que os alunos entendessem todos os conceitos. Além dos poemas passarem por diversas correções.
Após a produção da primeira versão do poema, os alunos precisaram apresentar para todos em sala e as correções foram feitas coletivamente, o que auxiliou na compreensão do conteúdo. Com as correções, os alunos escreveram o poema novamente, e em seguida, foi preciso digitar o conteúdo, por meio de ferramentas no computador.
“Só nesse período já foram muitos conteúdos a mais aprendidos pelos alunos, ainda mais que a maioria não tinha nem sequer uma conta de e-mail, por exemplo. Então, para além do conteúdo em sala de aula, sobre poemas, textos e correções, eles também aprenderam a mexer no computador, digitar no teclado, tivemos aula de informática mesmo”.
Depois de mais uma correção feita, dessa vez apenas pela professora, os textos foram entregues para os alunos novamente. Nessa nova etapa, eles precisaram pensar em como tornar o poema mais atrativo visualmente, com desenhos e em uma folha colorida; tudo que refletisse no que o poema queria dizer.
A professora conta que nessa etapa novos aprendizados foram adquiridos também, já que ela ensinou e reforçou como combinar texto e imagens, como fazer um desenho de profundidade e de espaço, como contornar, não pintar fora das linhas e toda questão de coordenação motora dos alunos.
“Todos esses alunos passaram pela pandemia com uma defasagem no aprendizado em diversas áreas, foi um momento muito difícil. Então sempre que há uma oportunidade, existem outras formas de tentar resgatar essas coisas pequenas, mas que acabaram se perdendo”, explica a professora.
Com os poemas prontos e ilustrados, os alunos começaram a frequentar o auditório da escola e lá começaram a aprender como declamar os poemas.
Desvalorização e esperança
Márcia reforçou que o aprendizado não foi apenas dos alunos, mas que também aprendeu muito com os estudantes. Desde gírias, até linguagens das redes sociais. Para ela, todo processo, sempre acaba sendo uma troca muito grande.
“Nossa profissão é muito desvalorizada, nós sofremos muito desrespeito da sociedade no geral, temos que assumir tarefas e responsabilidades que não são nossas, é muito difícil. Mas por conta da convivência, acabamos criando laços de afetividade com alunos e família. Continuo na área porque ainda acredito que a educação transforma, que é ela que vai mudar a realidade, que a educação liberta, mesmo que seja muito difícil seguir no dia a dia”.
A professora ainda relata que conseguir produzir esse livro com uma turma tão empenhada, e que escreveu textos com intenção fortes sobre lutar, conquistar e amar, acabou trazendo um gostinho de esperança sobre a área da educação.
“Eu estava muito desanimada com a educação, é uma área muito difícil de se estar atualmente, que sofre muitos ataques. Mas conseguir produzir esse projeto, ver os alunos animados com a apresentação durante o café, ver toda a escola empenhada em tornar o projeto realidade, ver os pais felizes e indo assistir à apresentação, isso me fez perceber que o projeto ultrapassou os muros da escola. Me trouxe uma energia que estava começando a apagar em mim, me trouxe esperança.”.
Confira galeria de fotos do processo e conheça os alunos:
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