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GALERIA – Conheça o casal de Pomerode que se dedica à produção de geleias e doces de frutas há mais de 60 anos

Guilo Danker e Helga Jung Danker, trabalham juntos a quase 50 anos, mas não pretendem parar tão cedo.

Na rua Ribeirão Luebke, no bairro Testo Salto, entre as árvores, flores e a terra de chão, se esconde um casal produtor de geleias e doces de frutas, com uma história interessante. Guilo Danker e Helga Jung Danker, estão ativos e juntos há quase 50 anos. Mas mesmo com a idade, os dois não pretendem parar de trabalhar tão cedo.

De geração para geração

Desde sempre, seu Guilo Deker esteve envolvido com a agricultura. O negócio que começou com seu bisavô, passou para seu vô, e então para seu pai. Quando Guilo tinha 13 anos, seu pai ficou doente, e então ele decidiu: “vou começar a trabalhar com isso também”.

Com um sotaque alemão muito carregado, ele conta que sempre gostou muito de trabalhar com agricultura e que desde pequeno sonhava em assumir o lugar do pai. “Quando meu pai ficou doente, lembro de ter pensado ‘poxa, não posso deixar isso aqui, essa produção morrer’, e então comecei a assumir as rédeas do negócio, com 13 anos”.

O único momento em que resolveu sair do campo e trabalhar na cidade, foi quando todos seus vizinhos e amigos estavam animados com a ideia de começar a trabalhar em uma fábrica. Da mesma forma, Guilo também resolveu começar a trabalhar em empresa.
Mas a experiência não agradou muito o agricultor, que ficou trabalhando em uma empresa de Indaial por apenas dois meses, e logo voltou para os campos.

“Avisei meu patrão que iria sair logo no fim do segundo mês, e ele me perguntou porque e disse que eu trabalhava bem, mas eu não via sentido em continuar lá. No campo, eu trabalhava a mesma quantidade de que na fábrica, mas no fim ganhava mais do que lá. Então eu preferi voltar para cá, e estou aqui até hoje”, comenta rindo.

Entre as idas e vindas de seu Guildo, ele e dona Helga Jung Danker se conheceram. Como a família da mulher também possuía uma longa história com a produção de alimentos, a relação dos dois se construiu muito facilmente, e o namoro logo começou.

Dona Helga e seu Guilo em frente de casa / Iáscara Zultanski\O Município Blumenau

Entre altos e baixos

Juntos construíram muita coisa. Mas a vida que viria a seguir, no campo, também não foi fácil. Com o passar do tempo, a Vigilância Sanitária começou a ficar mais rigorosa e a família precisou começar a tomar mais cuidado com as produções. Com esse cuidado, a produção começou a crescer cada vez mais.

Agora, a família não só produzia para consumo próprio, como vendia os doces para comércios e cooperativas. Mas, esse método acabou não dando muito certo, pois as empresas começaram a cobrar diversas taxas em cima e já não estava mais valendo a pena.

Por ser uma produção de décadas e histórico, a Doce Caseiros Danker também passou fazer parte da Rota Enxaimel de Pomerode, e começou a receber diariamente, diversos turistas interessados em conversar e conhecer a família Danker e como acontecia a produção dos doces. Além disso, Guildo e Helga começaram uma produção para as escolas de Pomerode.

“Conheci um cara que veio lá de Treze Tílias, pedir para eu fabricar melado e musse para levar para lá. Eles queriam mais de 6 mil quilos por mês, porque eles pensavam que a gente tinha uma fábrica, aí eu precisei negar, pois não dava conta de fazer toda essa produção”, conta seu Guilo.

Contudo, em 2020, tudo que haviam conquistado e estabelecido, acabou se desfazendo com a chegada da pandemia Covid-19, já que não haviam mais turistas, por conta das medidas de proteção, e as escolas, agora, só funcionam de maneira remota. Então, a família voltou a produzir apenas para consumo próprio.

Agora, em 2023, as escolas voltaram a entrar em contato com a família para retomar a inclusão das geleias na merenda escolar. Contudo, seu Guilo e dona Helga, já tem mais de 70 anos, e não conseguem mais dar conta de uma produção muito grande e que comporte a necessidades dos centros de educação.

Dia a dia da produção

Toda a cana-de-açúcar e todas as frutas que são utilizadas nas geleias e musses, são plantadas na fazenda de seu Guilo e dona Helga. Por conta disso, tudo é 100% orgânico, já que a família não utiliza nenhum tipo de agrotóxico.

Como a produção é pequena, o maquinário para ela, também é. Por isso, na fazenda da família é possível encontrar apenas uma tobata para carregar as frutas e a cana, uma máquina para moer a cana-de-açúcar e as frutas e dois tachos onde são preparados os doces.

Tachos onde é produzido os doces | Iáscara Zultanski\O Município Blumenau

“O processo de produção é lento. Primeiro você planta a cana, aí tem que esperar um ano e meio até ela crescer até estar no ponto de colher, cortar e começar a produção. No começo, eu colhia e cortava lá na plantação mesmo, mas com o tempo, ficar no sol começou a me prejudicar, aí eu comprei a tobata, para colher lá na plantação e depois trazer pro engenho, e cortar aqui”, explica seu Guilo.

Além da cana-de-açúcar, a família também planta e colhe todas as frutas usadas nos doces. Quando está na época de alguma fruta, eles colhem, cortam todas, deixam elas prontas para serem colocadas nos doces, e as que não forem utilizadas, são guardadas e congeladas, para produções futuras, durante o ano. Dona Helga explica que nada é desperdiçado na fazenda da família.

Confira seu Guilo cortando e limpando a cana-de-açúcar:

Como toda a produção é natural, o processo de produção dos doces é muito demorado. Segundo seu Guilo, após cortar toda a matéria-prima para os doces (a cana-de-açúcar e as frutas), é preciso levar tudo para os tachos, e então a produção começa. Depois de juntar tudo, é preciso esperar cerca de sete horas, sempre cuidando para não queimar, até que a mistura esteja pronta.

“Se a cana estiver muito boa, com os dois tachos, nós conseguimos fazer cerca de 40 potes. Mas é um processo demorado, a lenha precisa ser boa, tem várias coisas que ajudam. Isso é até um dos motivos para termos parado de fazer venda das grandes produções, a gente não dá mais conta”, explica.

Agora, com mais de 60 anos de produção, seu Guilo e dona Helga, continuam ativos e produzindo os doces, sem nenhuma intenção de parar tão cedo. De acordo com eles, os filhos, no futuro, querem continuar com a produção, para não deixar a cultura de tantos anos, morrer.

“Eu e Helga sempre trabalhamos juntos, a vida nos ensinou muita coisa. Agora, estamos com uma idade avançada, continuamos produzindo, mas diminuímos o ritmo. Os filhos querem tocar isso para frente, mas vamos ver como vai ser. Temos dois netos e duas netas, já, mas até quando eu puder, eu vou tocar, eu gosto de fazer isso, eu sempre quis fazer isso. Ainda estamos com muita saúde”, finaliza.

A Doces Caseiros Danker fica localizada na rua Ribeirão Luebke, no bairro Testo Salto, e recebe visitas, já que faz parte da Rota Enxaimel de Pomerode. É possível conseguir mais informações sobre o espaço pelo Instagram @rotaenxaimel.

Confira fotos do espaço:


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