GALERIA – Indaialense conta como foi cruzar maior praia do mundo a pé

Praia do Cassino fica no Rio Grande do Sul e tem mais de 250 km de extensão

Uma caminhada na praia é sempre uma boa pedida para o verão. Mas já imaginou percorrer mais de 250 quilômetros de areia a pé? A indaialense Julia Korc, de 29 anos, decidiu encarar a aventura de cruzar a maior praia do mundo para encerrar 2022.

A Praia do Cassino, que conecta os municípios de Rio Grande e Chuí – ponto mais ao Sul do Brasil – foi eleita a mais extensa do planeta pelo Guinness Book, o livro dos recordes, em 1994. A engenheira civil planejava a viagem desde o fim de 2021, quando viu uma colega percorrendo o trecho.

“Desde 2014, aos 21 anos, eu viajo sozinha. Sempre foi uma vontade minha. Gosto de viagens com aventura, pegando carona e dormindo em barraca. Perdi o medo bem rápido e gosto de curtir a adrenalina”, reforça.

Julia durante caminhada e na chegada. | Foto: Arquivo pessoal

Após um ano de planejamento, Julia saiu de Indaial de carro e, após deixar o veículo em Rio Grande, pegou um ônibus até o Chuí. De lá, iniciou a caminhada no dia 22 de novembro. O plano era andar por 7 dias, mas a viagem se estendeu por dois dias a mais após encontros marcantes.

“Sempre tenho um planejamento do que levar, o que fazer, o que comer, meus horários… Mas sempre aberta ao que a vida me traz. Com isso me torno flexível para conhecer mais pessoas. Gosto de conhecer a rotina local, ouvir as pessoas. Isso acaba me dando oportunidades, como dormir na casa de pessoas que conheci”, conta.

O plano para o futuro é fazer a maior travessia do Oriente Médio. São 50 dias de caminhada que dependem de muito mais equipamento, então Julia pretende buscar patrocínio para a viagem.

Preparação para a travessia

Apesar de já estar habituada a viajar sozinha, Julia nunca havia feito uma longa caminhada. No geral, ela pegava caronas e andava pequenos trechos a pé. Apesar de não ter realizado nenhuma preparação física pensando na travessia, a indaialense já tem o hábito de correr.

“Foi terrível. Nunca tinha caminhado 30 quilômetros em um dia só. Especialmente por tantos dias. Às vezes precisava parar para escutar meu corpo, entender onde dói e o que precisava mudar”, relata.

Porém, o maior desafio foi para a mente. Afinal, foram nove dias de pouquíssimo contato humano. Durante alguns trechos, Julia não cruzava com nenhuma pessoa ou imóvel por quilômetros.

“Eu realmente queria ficar sozinha, então não foi um problema. Mas lidar comigo mesma e colocar a cabeça no lugar foi meu maior desafio. A intenção era desfrutar ao máximo do percurso, então minha mente focou no planejamento. Quantos quilômetros faltava, pontos onde poderia pegar água e lugares seguros para acampar”, explica.

Com um filtro para poder beber água dos arroios e o apoio de turistas que passavam de carro e davam água e frutas para ela, Julia se sentiu especialmente acolhida. Em alguns momentos, ela prolongou a estadia para fortalecer os vínculos.

Casinhas de pescadores e Julia com os amigos que fez. | Foto: Arquivo pessoal

“Quando parei no Farol do Albardão, que é administrado pela Marinha, fui super bem acolhida. Depois o mesmo aconteceu em uma comunidade de pescadores. Cheguei a aprender um pouco sobre a pesca em água salgada e a consertar redes de pesca”, conta.

 

Amizades no caminho

Observando a direção do vento e pensando em encerrar a viagem no ponto mais urbanizado, Julia fez o trajeto contrário da maioria dos viajantes. Ao chegar no final da travessia, a reação dos turistas que pegavam sol em Rio Grande foi cômica.

“Eles lá tomando um açaí e eu cheia de equipamento. Me perguntavam de onde eu vim e respondia que do Chuí. A surpresa era quando confirmava que tinha vindo a pé. Lá também reencontrei amigos que fiz no caminho”, relembra.

Arquivo pessoal

Mas o melhor amigo ainda não desgrudou do seu lado. O cão Cassino, como foi batizado, a encontrou na metade do caminho e a seguiu até o fim da viagem. Foram dias de companheirismo, comidas compartilhadas e de um canino dormindo do lado de fora da barraca aguardando Julia seguir viagem.

“Um dia enquanto eu pegava água outros 20 cães apareceram. De início tive medo, mas eles vieram apenas brincar com o Cassino. Parece que estavam se despedindo dele, já que estava decidido a me seguir. Nossa parceria foi muito legal, então quando cheguei em Rio Grande pensei ‘ok, agora ele vai de carro comigo pra Indaial’”, relata.

Cassino acompanhando Julia durante acampamento. | Foto: Arquivo pessoal

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