Greve, fiscalização e cobranças: sindicatos de Blumenau se movimentam diante de agravamento da pandemia
Dificuldade está em cobrar empresas e manter diálogo com o poder público
Os principais sindicatos de trabalhadores de Blumenau têm se movimentado ainda mais nas últimas semanas com o agravamento da pandemia na cidade. Desde que o coronavírus chegou na região, mais de 100 mil blumenauenses já testaram positivo para a doença.
Apesar de a taxa de mortalidade ter caído drasticamente com a vacinação da população, o alto número de infectados desde que a variante Ômicron chegou a Blumenau tem impactado o funcionamento de diversos setores.
Um exemplo é o transporte coletivo, que foi afetado nas duas pontas. Enquanto a BluMob dependeu de aportes milionários da prefeitura para se manter, os usuários viram os horários reduzidos pela alta taxa de infecção entre os funcionários.
O vice-presidente do Sindetranscol, Pradelino Moreira da Silva, relata que mais de 300 trabalhadores do transporte coletivo perderam o emprego desde o março de 2020. Com uma decisão judicial, alguns estão sendo recontratados pela empresa para dar conta da demanda.
Uma das dificuldades para os cobradores e motoristas é lidar com os usuários que colocam neles a culpa de não haver mais ônibus rodando na cidade. Atitude que apenas coloca mais pressão e estresse nos funcionários.
“Sabemos que nesse momento não tem muito o que fazer porque todo mundo está sendo contaminado. Mas seguimos instruindo os trabalhadores a evitar aglomerações, usar a máscara e cuidar ao máximo. Atualmente mais de 60 estão afastados”, conta.
“As empresas precisam cumprir os protocolos”
O presidente do Sintrafite (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Fiação e Tecelagem de Blumenau, Gaspar e Indaial), Carlos Maske, explica que a maior dificuldade é garantir que as empresas cumpram os protocolos sanitários.
“Em algumas, entre 10 e 15% dos trabalhadores estão contaminados. Sem contar os que perderam a vida. Muitas empresas não aceitam atestado ou deixam de afastar as pessoas que moram na mesma casa. Quando não conseguimos resolver na conversa, precisamos acionar a Vigilância Sanitária e o Cerest”, denuncia.
Para ele, o maior problema é a cobrança por produtividade das empresas, que acabam deixando de lado os cuidados com os trabalhadores para manter o serviço funcionando. Na visão de Carlos, contaminações dentro da empresa devem ser consideradas acidentes de trabalho e comunicadas ao sindicato.
“No nosso entendimento, a única forma de combater essa pandemia é garantindo a vacinação de todos os trabalhadores e realizando a testagem em massa via SUS”, ressaltou o presidente.
Quanto às testagens realizadas dentro das empresas, Carlos afirma não se sentir seguro com os resultados. Ele argumenta que não há comprovação dos números apresentados, podendo esconder casos positivos.
Servidores municipais declaram greve
O Sindicato Único dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Blumenau (Sintraseb) declarou greve durante essa semana. Apesar de estarem focados na valorização da aposentadoria da categoria e melhores condições do trabalho, o tratamento dos servidores durante a pandemia também está entre as principais pautas da manifestação.
“O atual momento da pandemia do coronavírus tem lotado os ambulatórios gerais e unidades de saúde. Após dois anos de enfrentamento, os trabalhadores estão exaustos, física e psicologicamente, diante da alta demanda de atendimento, das jornadas de trabalho estendidas, e do adoecimento de profissionais”, ressaltou o sindicato em uma carta aberta à população.
A paralisação está programada para começar na segunda-feira, 7, junto com a volta às aulas. Entretanto, pode ser suspensa caso Mário Hildebrandt agende uma negociação coletiva e traga soluções para os trabalhadores.
“Neste período de Pandemia, o prefeito Mário Hildebrandt não só ignorou os servidores e sua representação sindical como aproveitou para aprofundar o ataque ao serviço público e aos direitos dos trabalhadores”, afirmou o Sintraseb.