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Cannabis é alternativa eficiente para reduzir crises de epilepsia em crianças

A epilepsia é uma doença neurológica crônica que atinge cerca de 50 milhões de pessoas no mundo. Segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) estima-se que pelo menos 2% da população brasileira sofre com essa doença que geralmente surge na infância.

O controle das crises ainda é um grande desafio, mas a boa notícia é que estudos recentes apontam a cannabis medicinal como uma alternativa eficaz na redução das crises em crianças.

A substância já é conhecida pelas suas propriedades anticonvulsivantes e há alguns anos a ciência investiga a sua eficácia no tratamento da epilepsia.

Pesquisadores do departamento de ciências do cérebro, do Imperial College London, realizaram um estudo publicado na revista científica BMJ Paediatrics Open, em dezembro de 2021, no qual a cannabis apresentou excelentes resultados no tratamento da doença, podendo reduzir em até 86% a recorrência de crises convulsivas em crianças.

Este é um número animador que aponta a cannabis como uma abordagem eficaz no tratamento da epilepsia.

Cannabis é alternativa eficiente para reduzir crises de epilepsia em crianças. Divulgação

O Dr. Eduardo Fontes, diretor técnico da Clínica Gravital, especializada em tratamentos com uso da cannabis medicinal, explica que a epilepsia é uma das condições que melhor responde ao tratamento com cannabis, principalmente nos quadros de difícil controle, que não respondem com medicações convencionais.

As condições mais conhecidas são a síndrome de dravet – ou epilepsia mioclónica grave da infância, e a lennox-gastaut – uma encefalopatia epiléptica severa.

Em ambas, a criança manifesta diversos episódios convulsivos por dia e por conta da alta frequência das crises ela sofre uma deterioração da condição neurológica de maneira geral, que compromete diretamente a sua cognição e o desenvolvimento neuromotor“, aponta.

Benefícios

O canabidiol, também conhecido como CBD, auxilia diretamente na redução das crises pois é uma substância capaz de controlar as descargas de neurotransmissores nos neurônios pré-sinápticos que acontecem na epilepsia.

Ainda de acordo com o Dr. Eduardo Fontes, ouso de cannabis medicinal em quadros graves apresentou excelentes resultados em crianças que usam até cinco medicações diferentes, mas que mesmo assim continuam convulsionando.

Quando o tratamento é feito com cannabis, percebe-se uma redução drástica tanto na quantidade de medicações, quanto na frequência de crises que elas manifestam por dia, semana ou mês, e isso representa uma vitória fantástica“, conclui.

O Dr. ainda explica que nos tratamentos feitos somente com medicações tradicionais as convulsões podem continuar devido aos efeitos colaterais provocados pela alta quantidade desses remédios.

Avanços científicos

O avanço dos estudos sobre o tratamento da epilepsia com cannabis apresenta resultados que impactam diretamente na qualidade de vida das crianças.

Muitas conseguem ter um grau de desenvolvimento considerável, além de apresentar melhora da saúde e bem-estar, incluindo o comportamento, cognição, qualidade do sono, dentre outros fatores que resultam em melhorias também para os pais.

É comum perceber que muitas crianças cessam ou diminuem significativamente os episódios de convulsões, portanto, a cannabis é uma indicação clássica que traz excelentes resultados para a família toda“, complementa.

Março Roxo é o mês de conscientização sobre a epilepsia

Promovida pela Associação Brasileira de Epilepsia (ABE), a campanha Março Roxo tem por objetivo conscientizar a população sobre a epilepsia, além de quebrar preconceitos e apontar novos caminhos para amenizar os sintomas da doença.

Em especial, no dia 26 de março, é celebrado o Purple Day, o Dia Internacional de Conscientização sobre a Epilepsia. Essa data foi inspirada na história da menina canadense Cassidy Megan, que compartilhou a sua solidão por ter a doença. Ela escolheu a cor roxa em alusão à lavanda, pois, segundo ela, a flor representa o sentimento de isolamento.

A epilepsia não tem cura, mas as crises podem ser aliviadas ou até mesmo cessadas quando existe tratamento adequado. Por isso, a conscientização é tão importante para propagar mais informação e facilitar o acesso a tratamentos e novas alternativas para aliviar a dor de quem sofre com a doença.