As conexões digitais permitem que empresas e pessoas estejam cada vez mais conectadas e alinhadas a propósitos em comum.

Mas nem sempre esse cenário se aplica a pessoas surdas ou com algum grau de deficiência auditiva, o que exige das organizações políticas e iniciativas voltadas para esse público e para outros que se enquadram como pessoas com deficiências, os PCDs.

Empresas que costumam ter um olhar mais humanizado já perceberam que o ambiente acolhedor e inclusivo traz percepções imediatas: uma delas recai na jornada e na experiência do cliente, tendo em vista a relação mais próxima e pessoal.

O outro é interno, ou seja, dentro da própria organização com colaboradores como parte do negócio e que se sentem acolhidos, respeitados e valorizados.

Na prática, a Unimed Grande Florianópolis, maior operadora de planos de saúde em Santa Catarina, vem adotando iniciativas inclusivas para aproximar-se dos seus clientes e colaboradores.

O colaborador da Unimed Florianópolis, Franklin Mariano. Divulgação

Recentemente, a cooperativa médica, que está presente em 17 municípios da Grande Florianópolis, estruturou canais de atendimento exclusivos em Libras, a Língua Brasileira de Sinais, em parceria com a startup Pessoalize. A

ideia surgiu da própria Unimed Florianópolis de acolher o cliente surdo e facilitar a comunicação. Dessa maneira, a Língua Brasileira de Sinais está presente no site, no aplicativo Cliente UGF e nos totens de autoatendimento.

“É um passo significativo e  queremos ir além para entender cada segmento da sociedade e buscar contribuir da melhor forma”, refere-se o gerente Operacional e de Relacionamento, Leonardo Scheidt, sobre a visão mais inclusiva e humanizada da empresa.

Enquanto que no Brasil são 10,7 milhões de pessoas com algum grau de deficiência auditiva e 2,3 milhões com surdez severa, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) apontam que Santa Catarina tem 300 mil surdos, sendo que uma parte expressiva tem a Libras como sua língua principal.

Com esse olhar atento à realidade local, a Unimed Grande Florianópolis eleva para um nível de maior maturidade a autonomia dos beneficiários para gerir o plano de saúde, esclarecer dúvidas e acessar os serviços.

O CEO da cooperativa médica, Richard Oliveira, sabe que a inclusão é um caminho a ser trilhado e que precisa ser assistido com atenção e prioridade. “Humanizar o atendimento é dar subsídios para que estejamos ao lado das pessoas, pois o acesso à saúde é para todos, com democracia e sem distinção”, pontua.

Como funciona

Os canais de atendimento digitais da Unimed Grande Florianópolis, como site, aplicativo Cliente UGF, chat online e totens para autoatendimento na sede e nas unidades próprias de saúde passam a contar com o símbolo de Libras.

Ao clicar no ícone, o cliente é direcionado para uma vídeo chamada com profissional fluente em Libras para fazer seu atendimento e comunicar-se com a empresa. Tudo é realizado 24 horas nos 7 dias da semana.

O CEO da Pessoalize, Joseph Kulmann, afirma que parcerias como essa trazem, além da acessibilidade, a geração de empregos e oportunidades de carreira para surdos e intérpretes.

Empatia e inclusão

Além de uma importante ferramenta de responsabilidade social, a contratação de pessoas com deficiência (PCDs) consolida valores importantes, como a empatia e a inclusão.

O colaborador da Unimed, Franklin Mariano sabe na prática como esse acolhimento é fundamental para as relações sociais e desenvolvimento profissional.

Há 10 anos na empresa, ele faz a leitura de lábios para se comunicar com a equipe. Porém, no período da pandemia, as máscaras que tanto salvaram vidas tornaram-se um empecilho na comunicação entre ele e seus colegas.

A equipe da Unimed, então, providenciou máscaras transparentes para que Franklin pudesse se comunicar.

“Foi algo surpreendente, que partiu dos meus colegas, que se colocaram no meu lugar”, lembra.