Ela tem poucos meses de vida, mas já chama a atenção de quem passa pelo Bioparque Zoo Pomerode. Nascida em janeiro, a fofa filhotona de zebra representa um nascimento incomum no Brasil.
“Existem poucos casais formados em idade reprodutiva e, por isso, esse nascimento é pouco comum”, explica a bióloga Priscila Weber Maciel.
Para que esse nascimento fosse possível de forma natural e de acordo com os instintos dos animais, a equipe do bioparque adotou uma série de ações. O primeiro passo foi a aproximação do casal em seu habitat e o monitoramento constante para garantir o bem-estar de ambos juntos.
“Foram 12 meses de gestação e durante esse período a fêmea foi acompanhada quanto ao aumento do escore corporal e maior consumo de alimento, sendo assim adotada uma oferta de dieta adequada às suas necessidades, ajustes do ambiente, entre outros cuidados”. O acompanhamento foi diário e constante até as semanas próximas ao parto, quando foram ampliados os cuidados com a fêmea e a filhote.
O nascimento
A zebrinha nasceu de forma natural em 19 de janeiro. Ela e a mãe passaram a ser monitoradas 24 horas por dia. A filhote possui boa saúde, se alimenta bem com leite materno, e há algumas semanas ela já vem comendo capim, alfafa e ração, e tem se desenvolvido de forma natural, com o auxílio da mãe.
“As duas foram mantidas em uma área anexa ao ambiente das zebras, para permitir o seu desenvolvimento e cuidados maternos sem a interferência das outras zebras. Agora, neste momento que ela está um pouco mais desenvolvida, foi possível fazer a junção com os outros animais”, explica.
O Zoo Pomerode abriga quatro zebras, incluindo a mãe e a filhote. A aproximação de ambas com os outros dois representantes da espécie foi feita de forma gradativa e com monitoramento constante para assegurar a compatibilidade entre eles.
Para garantir um desenvolvimento natural da espécie, a equipe técnica do bioparque optou por não verificar peso e medidas da zebrinha nesse primeiro momento. A aferição deve ser realizada com ela já em fase de crescimento.
“Há mais de 90 anos nós focamos na conservação e preservação de animais ameaçados, exóticos e silvestres. Esse trabalho tem sido fundamental para o desenvolvimento de espécies e o cuidado delas”, acrescenta.
Nascimento de ave em perigo de extinção
O cuidado com as espécies adotado pelo bioparque Zoo Pomerode contribuiu para o registro de um novo nascimento no primeiro trimestre do ano: um filhote de jacutinga, ave que habita a Mata Atlântica, considerada uma semeadora de florestas já que é dispersora de sementes.
A avezinha nasceu em 5 de março, tem se alimentado bem com sementes, frutas e ração, e se desenvolvido de forma natural com os cuidados da mãe.
Vítima de desmatamento, degradação de habitat e caça ilegal, a jacutinga está classificada como “Em Perigo” pela Lista de Espécies Brasileiras Ameaçadas de Extinção e pela Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN).
“Por conta desta vulnerabilidade da espécie, foi criado um acordo de cooperação técnica entre instituições como a Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil (AZAB), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e Ministério do Meio Ambiente (MMA), onde essas instituições, junto de zoológicos, somam esforços para conservação da espécie”, conta.
O bioparque de Pomerode conta agora com cinco jacutingas que podem ser vistas pelos visitantes no recinto de imersão Paraíso das Aves.
Sobre o Bioparque Zoo Pomerode
Com 90 anos de história, é considerado o maior zoológico de Santa Catarina. O local conta com mais de mil animais de 200 espécies, sendo que muitos são ameaçados de extinção. O bioparque é referência nacional no acolhimento e tratamento de animais selvagens que sofreram ferimentos fora de cativeiro e precisaram passar por atendimento especializado.