Mais de 20 milhões de brasileiros têm arritmias cardíacas. O índice representa em torno de 10% da população do Brasil. Todos os anos, essas mudanças no ritmo cardíaco são responsáveis por mais de 320 mil mortes súbitas no país.

Os dados são da Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (SOBRAC).

As arritmias, que são geradas por causa de uma alteração no processo de condução do estímulo elétrico do coração, podem ser identificadas em qualquer faixa etária, incluindo jovens saudáveis e até os recém-nascidos.

De acordo com o eletrofisiologista do Hospital Jaraguá, Dr. Saulo Fontoura, os casos de arritmias mais simples são tratados por meio de um procedimento que utiliza cateteres.

Eles são colocados no coração, a partir da punção de uma veia na perna, para captar os sinais elétricos do órgão. Deste modo, é possível identificar quais regiões são as fontes potenciais da arritmia usando um raio-x convencional para o mapeamento das áreas a serem tratadas.

No entanto, algumas arritmias são mais complexas e algumas estruturas do coração são difíceis de avaliar por meio da técnica mais comum. Em casos como estes, o médico explica que somente o mapeamento tridimensional é capaz de identificar e tratar estas arritmias.

O método conta com a ajuda de um software de computador capaz de gerar um modelo 3D do órgão e apresentar ao eletrofisiologista, em tempo real, um panorama do coração do paciente.

Tecnologia 3D identifica e trata arritmias cardíacas. Divulgação

Neste procedimento também são utilizados eletrodos, que vão delimitar o espaço no qual o eletrofisiologista vai trabalhar. Neste tipo de técnica, o cateter também possui uma propriedade magnética permitindo-o ser detectado pelo software do computador.

“Uma vez que o cateter é inserido dentro do coração, é criado um espaço virtual na tela do computador. E o caminho, por onde é conduzido, desenha uma geometria que melhora a identificação dos pontos que precisam receber o tratamento. O computador vai pintando o desenho do coração ao longo do percurso feito pelo cateter. Ele faz o modelo 3D na hora, com o coração batendo durante o procedimento”, relata o eletrofisiologista.

Recentemente, um homem de 70 anos passou por este procedimento no Hospital Jaraguá.  O paciente tratou uma taquicardia ventricular, um tipo de arritmia considerada de risco.

“Por conta do problema, o coração estava crescendo e ficando fraco”, conta o Dr. Saulo, que foi um dos médicos que atuou no procedimento. Na avaliação da equipe médica responsável, a cirurgia foi considerada um sucesso, pois houve supressão completa da arritmia.

“O paciente já retornou ao consultório após o procedimento e não foi constatada nenhuma arritmia. Ele não tem apresentado sintomas, mesmo sem fazer mais o uso dos remédios, que foram suspensos logo após o procedimento. Em todos os eletros que o paciente fez, após o procedimento, a arritmia não apareceu mais. A expectativa agora é que, com o passar dos meses, o coração dele volte a se fortalecer”, comemora Dr. Saulo.

Tecnologia é encontrada em Jaraguá do Sul

Há cerca de três anos o Hospital Jaraguá dispõe desta tecnologia, conhecida como CARTO (Mapeamento Eletroanatômico Cardíaco), para realizar a ablação de arritmias por radiofrequência.

O procedimento é usado para corrigir a arritmia ou batimento cardíaco irregular. De acordo com o Dr. Saulo, o sistema é o que existe de mais moderno no mundo em relação a tratamento de arritmias e seus mapeamentos.

“Usamos no cateter uma energia de radiofrequência para o tratamento da arritmia. Uma vez que o ponto de interesse é localizado, o médico posiciona o cateter e faz uma aplicação dessa energia elétrica na forma de radiofrequência. Isso esquenta o tecido e gera uma lesão, uma pequena cicatriz milimétrica. Ao fazer essa pequena cicatriz na região que está causando a arritmia, o problema se resolve”, explica.