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Telemedicina: modalidade de atendimento cresce no Brasil, mas ainda gera dúvidas

A tecnologia tem revolucionado a medicina. Mas não são só as formas de tratar e diagnosticar doenças que evoluíram: com o avanço das telecomunicações, até mesmo a forma de se consultar tem mudado.

Há um ano o Brasil regulamentou via Conselho Federal de Medicina (CFM) a prática da telemedicina, atividade que já vinha sendo adotada por operadoras de saúde desde 2018 a partir de uma resolução de caráter extraordinário e que se popularizou especialmente durante o período de pandemia.

Desde então esta prática tem ganhado espaço com muitos pacientes optando pela praticidade de fazer o primeiro contato com o profissional de saúde diretamente de um smartphone ou computador, eliminando assim o deslocamento até o local de atendimento.

Regulamentada oficialmente desde maio do ano passado, a Resolução CFM 2.314/2022 homologou de forma definitiva a incorporação da telemedicina entre os atendimentos remotos, dando as diretrizes básicas para a oferta do serviço por hospitais e operadoras de saúde dentro de protocolos de qualidade e segurança adequados.

Atendimento médico virtual tem ganhado adeptos e se tornado rotina entre profissionais de saúde. Foto: Envato Elements

Uma pesquisa realizada no início deste ano por uma plataforma de telemedicina com uma base de dados que analisou mais de 2,5 milhões de pacientes apontou que as consultas virtuais resolvem 88% dos casos, sem necessidade de um novo atendimento presencial.

Tal praticidade e eficiência no diagnóstico/tratamento tem conquistado a simpatia de muitos usuários de serviços de saúde: uma pesquisa realizada em 2022 pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic), mostrou que pelo menos metade da população brasileira tinha utilizado algum serviço online de saúde ao longo dos últimos doze meses.

Embora esta venha se tornando uma prática popular, muitos pacientes ainda tem uma série de questionamentos relacionados a como, de fato, o serviço funciona.

O médico Eduardo Senter (CRM-PR: 37.275, RQE 30.922), foi um dos responsáveis por implantar a modalidade de teleatendimento em sua operadora de saúde durante o período da Pandemia e explica que a consulta virtual é basicamente idêntica à convencional:

“O paciente entra em contato a partir do seu telefone/smartphone, tanto para uma consulta por vídeo quanto por áudio. Ela funciona como uma consulta habitual, exceto pela não existência do contato e do exame físico num primeiro momento. Dependendo dos sintomas relatados e da sua gravidade, o médico poderá orientar a pessoa a procurar imediatamente uma unidade de pronto-atendimento ou agendar uma consulta presencial convencional para verificar/comprovar as queixas relatadas durante a consulta virtual”, explica.

Além disso, o primeiro contato virtual também ajuda a agilizar tratamentos, na medida em que o médico já pode solicitar alguns exames prévios antes mesmo de ter um encontro presencial com o paciente.

Até em função desta impossibilidade do contato físico inicial, o teleatendimento é indicado principalmente para casos com sintomas leves e/ou bem aparentes, ou para tratamentos com psicólogos e psiquiatras.

Nestas situações, o profissional de saúde irá realizar a anamnese, que consiste na conversa para avaliar o estado do paciente e recomendar a realização de eventuais exames ou procedimentos médicos específicos, caso necessários. E

m casos mais leves e facilmente identificáveis, como o de uma gripe, por exemplo, o médico pode receitar os medicamentos e dar sequência ao tratamento sem a realização de outras avaliações.

Se houver sintomas mais graves, febre alta, ou de mal-estar generalizado, a visita a uma unidade de pronto atendimento presencial é a alternativa mais recomendada.

Cuidados na hora de escolher o serviço

Embora hospitais e operadoras de saúde já ofereçam o atendimento virtual, é importante que o paciente cheque as informações sobre o serviço antes de entrar nas consultas:

“De maneira geral é importante o usuário procure por hospitais e/ou planos de saúde que anunciem este serviço tanto em seus sites oficiais quanto em suas redes sociais. O paciente deve ficar atento e sempre se certificar que está acessando um serviço confiável e seguro em plataformas que ofereçam esta garantia. Ele também deve sempre pesquisar sobre a certificação do médico, que normalmente será apresentada antes ou após a consulta, na ficha com os detalhes do atendimento”, comenta Senter.

O médico explica ainda que as consultas seguem todos os protocolos padrões de segurança de quaisquer consultas médicas convencionais, incluindo as diretrizes personalizadas para liberação de receitas médicas e atestados:

“O Conselho Federal de Medicina (CFM) oferece uma plataforma virtual onde o médico consegue enviar receituários comuns, receitas antimicrobianas, antibióticos e receituários especiais, como antidepressivos e controladores de ansiedade, além do atestado médico. Eles poderão ser enviados ao paciente por Whatsapp ou e-mail, dependendo da prática adotada pela empresa de saúde que oferece o serviço. É tudo feito de forma prática, simples e rápida”, conclui Senter.

DÚVIDAS COMUNS SOBRE TELEMEDICINA

As consultas virtuais são seguras?

Sim! A prática é comum no mundo toda e foi regulamentada oficialmente no Brasil via CFM desde maio de 2022

Em quais casos a consulta médica presencial deve ser priorizada?

Principalmente em situações onde o paciente apresente sintomas graves e/ou mal-estar generalizado que necessitem de uma intervenção médica imediata.

Como terei acesso à receita médica e ao atestado em uma consulta de telemedicina?

O Conselho Federal de Medicina tem uma plataforma virtual que permite ao médico enviar ao paciente receituários de todos os tipos e o atestado, quando necessário. Os documentos podem ser enviados por WhatsApp ou e-mail, dependendo da prática da empresa de saúde responsável pela consulta.

Como posso me certificar que o serviço médico virtual que estou acessando é seguro?

A recomendação é a de que o paciente priorize sempre plataformas de teleatendimento indicadas por sua operadora de saúde ou pelo hospital em que frequenta. É importante também checar antes ou depois da consulta o cadastro do médico que realizou o procedimento a fim de confirmar seus atributos e especializações.