Harmonização facial: procedimento cresce ano a ano em Blumenau; entenda o que é
Cirurgiã plástica e psicóloga falam sobre a relação dos procedimentos estéticos com a autoestima
O Brasil é o segundo país que mais realiza procedimentos estéticos no mundo, de acordo com uma pesquisa de 2020, realizada pela Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS, em inglês). Em outra pesquisa da entidade, o Brasil foi apontado como o líder mundial em cirurgias plásticas no ano de 2019.
Em 2020, foram quase 1,5 milhão de procedimentos cirúrgicos no país e quase dois milhões de procedimentos estéticos no total. Dentre eles, estão alguns procedimentos como cirurgia de pálpebra ou blefaroplastia, elevação de sobrancelha, preenchimentos, rinoplastia, entre outros, que compõem o que é conhecido atualmente como harmonização facial.
Ascensão da harmonização facial
De acordo com a cirurgiã plástica Amandia Mônica Marchetti, que atende em Blumenau e é membra da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), a harmonização facial consiste em criar ou aperfeiçoar regiões anatômicas da face, para torná-la mais adequada com as medidas de todo o rosto, desde estruturas ósseas, musculatura até gordura e pele. Segundo ela, o objetivo da harmonização é deixar a face mais proporcional.
A procura por esses procedimentos, sejam cirúrgicos ou não, cresceu muito em Blumenau nos últimos anos. Segundo a doutora, atualmente o público é muito vasto entre gênero e idade, mas ainda assim ela arrisca em dizer que as mulheres são a maioria. Na opinião da cirurgiã, a exposição em mídias sociais é um dos principais motivos que colaboraram com o aumento da demanda.
A psicóloga Juliana Vieira Almeida Silva, professora do curso e mestrado em Psicologia da Univali, e especialista em questões relacionadas a transtornos mentais, relacionamentos, comportamentos, emoções e tecnologia, concorda com a cirurgiã plástica na questão da influência da internet.
“A internet está muito relacionada à imagem. É muito difícil a pessoa colocar uma foto que ela não esteja bem. As redes sociais estão abertas para todos, fazendo com que as pessoas olhem muito para os outros, culminando em comparações”, explica a psicóloga.
Procedimentos
Como a harmonização facial consiste em um conjunto de procedimentos estéticos realizados na face de acordo com o objetivo e situação de cada paciente, cada processo é feito de uma maneira diferente.
Existem os procedimentos cirúrgicos, como a bichectomia, blefaroplastia e rinoplastia, no entanto, os tratamentos não cirúrgicos também possuem grande aderência, principalmente pela rápida recuperação que apresentam.
“A harmonização facial pode ser realizada desde através de uma cirurgia de face, pálpebras, supercílios, nariz, mento/mandíbula, crânio-maxilo-facial, até a aplicação de bioestimuladores, preenchimentos, tecnologia por aparelhos, toxina botulínica e tratamentos de pele mais simples. As opções e tecnologias são inúmeras, nós adaptamos de acordo com cada caso”, explica a doutora Amandia.
Autoestima
Segundo o ranking de 2021 realizado pela SBCP, a toxina botulínica, conhecida popularmente como Botox, e o preenchimento são os procedimentos estéticos não cirúrgicos mais procurados no país, e, consequentemente, as técnicas mais utilizadas nos processos de harmonização.
O Botox atua na suavização de rugas e sinais de expressão através da paralisia controlada da musculatura. Já o preenchimento, geralmente feito por meio da aplicação de ácido hialurônico, proporciona volume em determinadas áreas do rosto, como o preenchimento labial, por exemplo.
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“O principal impacto após a realização dos procedimentos se dá na melhora da autoestima dos pacientes. Isso acaba estimulando as pessoas a realizarem novos sonhos, a se sentirem mais capazes e empoderadas”, afirma a doutora Amandia.
A psicóloga Juliana defende que tudo seja feito com cautela: “Acredito que procedimentos estéticos podem auxiliar numa melhor autoestima, desde que seja de maneira saudável, e não como um comportamento obsessivo em que a pessoa nunca está satisfeita com o resultado”.
Saúde mental
A psicóloga alerta para o cuidado com a saúde mental antes que qualquer procedimento seja realizado, principalmente com pacientes que já possuem diagnósticos de problemas psicológicos envolvendo a autoestima.
“Antes de realizar o procedimento é mais interessante entender o que está incomodando a pessoa, e pontuar se aquilo é real ou não. É preciso identificar se há algum problema psicológico e qual a relação disso com a autoestima do paciente”, afirma.
A doutora em psicologia alerta também para o cuidado que é preciso ter para que as pessoas não virem reféns destes procedimentos para se sentirem bem consigo mesmas.
“As pessoa podem virar reféns de procedimentos estéticos, isso é muito comum, principalmente com pessoas públicas. A alta exposição na mídia faz com que elas estejam sempre procurando plásticas e insatisfeitas, não importa quantos procedimentos realizem e isso não é saudável”, diz.
Expectativas
A SBCP alerta para a responsabilidade que é necessário ter antes de optar realizar qualquer procedimento estético. É importante que o paciente esteja consciente dos riscos que há em qualquer intervenção e não crie expectativas falsas acerca do resultado dos procedimentos.
Para evitar que as pessoas criem ilusões relacionadas aos resultados dos procedimentos, e também por outros motivos que fazem parte do Código de Ética Médica, o Conselho Federal de Medicina proibiu que fotos de antes e depois de pacientes sejam divulgadas.
Escolha do profissional
Atualmente alguns processos considerados menos invasivos, como, por exemplo, o Botox e o preenchimento com ácido hialurônico, mesmo sendo considerados como ato médico, de acordo com a Lei 12842/13, podem ser realizados por outros profissionais além dos cirurgiões plásticos e dermatologistas.
Biomédicos e farmacêuticos, ambos com especialidade em saúde estética, e cirurgiões-dentistas também estão habilitados pelos conselhos profissionais a realizarem estes procedimentos.
Quando questionada sobre os riscos envolvendo os procedimentos da harmonização facial, a doutora Amandia afirma que sempre existem riscos, mas a escolha de um bom profissional impacta muito no resultado. “Risco sempre existe, alguns procedimentos com maior e outros com menor risco, principalmente associados a habilidade de quem os pratica”.