Há algum tempo, no âmbito da pesquisa e de inúmeras publicações, citamos e encontramos obras (arquitetônicas, de agrimensura, cartografia e de engenharia) feitas por Heinrich Krohberger, também conhecido como Henrique, embora não seja correto, no território da Colônia Blumenau. Há uma concentração maior destas obras, no que seria a sede da Colônia – atual Blumenau. Conviveu na sociedade de Blumenau das primeiras décadas de sua História.

Antes de ingressarmos na descrição de sua obra propriamente dita, vamos conhecer um pouco de sua história, ou parte dela, sua formação profissional – juntando “pedaços” de informações encontrados separadamente, para disponibilizar a história de um imigrante, que até então, é mencionado nos mais variados textos que descrevem algumas de suas obras, parte da organização espacial urbana de uma Blumenau do século XIX e início do XX, mas nunca do autor.

Quem foi Heinrich Krohberger?

Foi filho do mestre de obras alemão Daniel Krohberger (1785 – 1849) de Margaretha Friederika Barbara Schaller (1802 – 1852).

Registro de documento da cidade de Bayreuth.

Encontramos uma informação sobre o casamento do pai de Heinrich Krohberger em um documento denominado “Stadtarchiv Bayreuth Findmittel” – “Arquivos da cidade de Bayreuth” – do século XIX e primeira metade século XX, que menciona: “Daniel Krohberger (anteriormente Kroher) com casamento marcado com a viúva do pedreiro, Maria Elisabetha Trips (com formação de mestre) 1815 – 1817.

Se assim o for, era a formação profissional da família Krohberger, na Alemanha. O pai de Heinrich Krohberger também era mestre de obras e construtor. Trabalhava na construção civil. Também seus irmãos o eram, como veremos adiante. Daniel Krohberger partiu cedo, tendo seus filhos qualificados com uma profissão – nas pessoas de seus três filhos, entre eles Heinrich Krohberger.

Registro de documento da cidade de Bayreuth.

Os pais de Heinrich Krohberger – Daniel e Friedericke tiveram 6 filhos e todos migraram para o Brasil, Blumenau, sendo os mais conhecidos na história de Blumenau: Heinrich Krohberger, que não se casou e a mãe de José Deeke – Christiane Johanna Krohberger, cujo nome nem é informado nos textos, mas sim, era irmã de Heinrich Krohberger. Encontramos uma anotação deste fato – o embarque dos primeiros filhos do casal Krohberger para o Brasil.

Na época, foram mencionados somente 5 filhos Krohberger (abaixo). Não migraram todos os Krohbergers para o Brasil, na mesma data. Inicialmente, migraram somente Heinrich e Christiane Johanna Krohberger.

Registro de documento da cidade natal de Krohberger, apontando a migração dos filhos do mestre de obras Daniel Krohberger – pai de Heinrich.

Foram 6 irmãos Krohberger’s que migraram para a Colônia Blumenau, no final da década de 1850. Na sequência, por ordem de nascimento, apresentados, dos mais velhos aos mais jovens. Heinrich Krohberger foi o segundo filho de Daniel e Margaretha Friederika.

1 – Joseph Bartholomäus Krohberger

Nasceu em Bayreuth, Oberfranken, Bayern em 18 julho de 1833 e faleceu em Blumenau, em 1872. Encontramos em um registro histórico de sua cidade natal, Bayreuth, a data de prestar seu exame para construtor (1852 – 1854).

Registro de documento da cidade de Bayreuth.

Casou-se com Elisabeth Christine Friederike Heumann em 16 de março de 1858. De acordo com um registro que encontramos, pessoas da família Heumann viajaram com duas irmãs Krohberger, quando migravam para o Brasil, depois de Heinrich e Christiane Johanna, em 1858. Encontramos este registro em documento na cidade de Bayreuth, disponível na pesquisa.

2 – Heinrich Krohberger
Igrejas – três dos projetos de Heinrich Krohberger – século XIX.

Personagem da história que inspirou este resgate histórico. Heinrich nasceu em Bayreuth, Oberfranken, Bayern em 18 de novembro de 1836. Tinha somente 13 anos de idade quando seu pai Daniel Krohberger, mestre de obras, faleceu em 1849 e 16 anos, quando sua mãe Margaretha Friederika Krohberger faleceu em 1852. Heinrich ficou conhecido na história de Blumenau como o “construtor de igrejas”.

No entanto, sua vasta obra não se resume somente na construção de igrejas. Também construiu casarios ecléticos e neoclássicos para a nova elite do final do século XIX e do início do século XX, estradas, pontes, fez mapas detalhados com informações geográficas e desenhos plano de lotes coloniais, em Blumenau e região – grande território da Colônia Blumenau – atuais Médio e Alto Vale do Itajaí.

Alguns textos acadêmicos, no Brasil, reportam-se a Heinrich Krohberger como mestre de obras (DECHAMPS,124). Pesquisamos sobre se é algo a ser considerado de fato, uma vez que a formação acadêmica desta área era muito restrita neste tempo histórico, sendo que no Brasil somente aconteceu – na área da arquitetura – em 1950.

Seu pai, que foi mestre de obras, deve ter repassado o ofício quando Heinrich ainda trabalhava, como também a seu irmão mais velho, Bartolomäus Joseph Frohberger. Estes repassaram o ofício ao irmão mais jovem, Jean Krohberger.

Supõe-se, diante da situação social e econômica de sua família de seis irmãos, que começou a trabalhar muito cedo, na adolescência, na área da construção civil. Portanto, sua formação poderia ter sido construída de maneira empírica e prática no canteiro de obras, junto com seu pai e, depois, somente na companhia de seus irmãos que trabalhavam na mesma área.

Heinrich trouxe novas práticas construtivas para a Colônia Blumenau. E novas maneiras de construir no espaço urbano, que eram edificações autoportantes de tijolos, e o decorativismo do românico, barroco, neoclássico e eclético – ofício típico do pedreiro, dispensando a presença dos carpinteiros das construções com técnica construtiva enxaimel.

Texto interessante que apresenta um pouco das práticas do mestre de obras e construtor.

A última testemunha ouvida no processo foi Heinrich Krohberger, que estava com 39 anos de idade e era empregado da direção colonial como mestre de obras. Ele relatou que há cerca de três meses no distrito do Warnow, onde a família Krüger residia, ele e o acusado se desentenderam. Exatamente naquela mesma localidade Krohberger, “no exercício de seu emprego” de mestre de obras, foi “examinar e inspecionar os serviços das diversas turmas e operários”, quando notou que o réu “cujas terras ficam adjacentes a estrada, tinha feito um tapamento de tábuas em um caminho que serve de comunicação entre as estradas de além e aquém do Warnow”, e como tal obstrução no caminho era ilegal, ele solicitou que Krüger desmanchasse a obra, o que ele se negou a fazer. Então, Krohberger declarou que desta forma Krüger “não obteria mais serviços pela Diretoria”. A resposta de Krüger ao que Krohberger lhe dizia foi rápida, ele levantou a pá que segurava e a arremessou contra o mestre de obras, o qual teve que puxar o revólver para conter e fazer recuar o “agressor”, pois, segundo o depoimento de Krohberger, esta não era a primeira vez que ameaças lhe eram feitas da parte do réu. (DECHAMPS,124)

Na década de 1870 o mestre de obras da Colônia Blumenau era Heinrich Krohberger, apesar de que em alguns momentos – na documentação pesquisada – as referências a ele são como arquiteto. (DECHAMPS,133)

Heinrich Krohberger ficou órfão 8 anos antes de migrar para o Brasil. Seu pai Daniel Krohberger, como já mencionado, também foi um mestre obras e trabalhava na construção civil, como também seu irmão mais velho Bartolomäus Joseph Krohberger que também migrou para Blumenau e depois seu irmão mais jovem, Jean Krohberger.

Encontramos registro em um documento de sua cidade natal, Bayreuth, mencionando que se submeteria a um exame para ser construtor um ano antes de migrar para o Brasil. Na verdade, era um requerimento de admissão do mestre de obras Heinrich Krohberger ao exame de construtor (1857). Nada é mencionado sobre formação acadêmica.

Registro de documento da cidade de Bayreuth.

Heinrich Krohberger chegou à Colônia Blumenau em 3 de setembro de 1858, com a idade de 21 anos, na companhia de sua irmã Christiane Johanna, que contava 18 anos de idade. Esta conheceu seu futuro marido no navio que os trouxe da Alemanha para o Brasil.

O jovem Krohberger, com 21 anos, não deveria ter tido tempo para a formação na academia – dentro da atividade da construção civil. Assim, Heinrich Krohberger foi um construtor, um mestre de obras, um agrimensor, um cartógrafo, um político e um artista.

Foi exímio mestre de obras, ofício que deve ter aprendido desde tenra idade, com seu pai e mestre de obras, Daniel. Chegou à Colônia Blumenau, portanto, com a formação de construtor – local onde se construía uma cidade no meio da floresta.

Pessoalmente, como docente da disciplina de projeto do curso de Arquitetura e Urbanismo, somos de opinião de que a vocação – como em qualquer outro tipo de arte – está no ser, desde pouca idade e muito antes de sua formação acadêmica, fato este comprovado pela vasta obra e de qualidade de Heinrich Krohberger.

Esta história e a apresentação de sua obra prosseguem após a pequena listagem dos filhos de Daniel e Friedericke, seus pais. Fizemos questão de apresentar sua família, porque sempre que nos deparamos com uma obra ou parte de sua história, pareceu-nos que era uma pessoa desprovida de família, e só.

3 – Christiane Johanna Krohberger

Nasceu em Bayreuth, Oberfranken, Bayern em 24 de abril de 1839. Conheceu seu futuro marido Carl Friedrich Ferdinand George August Deeke no navio que os trouxe da Alemanha para o Brasil. Chegaram juntos em Blumenau no dia 3 de setembro de 1858. Friedrich Deeke foi o pioneiro da família Deeke na região e tinha 29 anos, portanto, 11 anos mais velho que Christiane, chamada no seio familiar de Kristl. Friedrich não se fixou imediatamente em Blumenau. Seguiu viagem para Limeira, localidade do Itajaí Mirim e onde residia seu irmão Theodor Friederich Ernst Deeke.
Aproximadamente dois anos após a chegada dos Krohberger e Friedrich Deeke à região, na bacia do Itajaí-Mirim, Friedrich saiu com um grupo para caçar na mata.

Durante a excursão, quando avistou as montanhas da região de Blumenau, lembrou-se de Christiane. Então Friedrich Deeke resolveu continuar a caminhada até o Stadtplatz – sede da colônia – para pedir a mão de Kristl. Casaram-se em 3 de janeiro de 1860, quando ele tinha quase 31 anos e ela, 20.

O casal foi residir em Brusque, onde a família residiu até 1869, quando um incêndio, provocado por um tiro de pólvora com intenção de matar uma jacutinga pousada na cobertura de palha de palmeira, destruiu completamente a atafona. Mudaram-se para Blumenau, onde já moravam os três irmãos Krohberger: Heinrich com 32 anos, Jean, com 27 anos, e Johanna Maria Sophie, com 23. Kristl e Friedrich foram os pais de José Deeke, que aprendeu o ofício de agrimensura com seu tio Heinrich Krohberger.

Curiosamente, a profissão de Friedrich Deeke também era a de agrimensor, além de outras tantas, como “capitão do mato”. Pode ter adquirido conhecimento também com seu cunhado, Heinrich, e com seu filho, Maximilian Josef Deeke ou José Deeke, como ficou conhecido, e que foi aprendiz de Heinrich Deeke.

José Deeke nasceu em Blumenau em 1875, foi criado por seu tio Henrique Krohberger, notável arquiteto e com este aprendeu as primeiras noções de agrimensura. Como agrimensor trabalhou no interior do município. Habilitando-se oficialmente nesta profissão, perante a Diretoria de Terras da Capital do Estado, trabalhou em vários outros municípios. Foi à Europa em 1904. Em seguida empregou-se na Sociedade Colonizadora Hanseática, na direção da colônia Hammonia, hoje Ibirama. Em 1909 foi nomeado diretor das Colônias Hanseáticas (Hammonia, Hansa e São Bento). Arquivo de Blumenau

Uma curiosidade – José Deeke nasceu em 12 de maio de 1875 e foi batizado por seus tios Heinrich Krohberger e Sophie Krohberger.

O casal adquiriu diversos “chãos”, nas proximidades da centralidade da Colônia Blumenau. Residiram até mesmo, no terreno onde mais tarde, foi construído o Teatro Carlos Gomes.

Altura dos Altos da Rua XV de Novembro. Fotografia – acervo Bruno Kadletz.
Local da residência da família Deeke pioneira. Acervo: Arquivo Histórico José Ferreira da Silva.

Restante da propriedade da família – local onde foi construído o Teatro Carlos Gomes – foi parte de sua propriedade, que, parcialmente continuou com seus descendentes. Ainda vimos casarões da família Deeke sendo demolidos.

Kristl faleceu em 11 de abril de 1897. O casal teve muitos filhos. Alguns nasceram em Brusque e outros, na Colônia Blumenau.

Friedrich Deeke foi o comandante da Guarda de Batedores de Mato. Apreciava a mata, o que, fez com que boa parte de sua vida, passasse em expedições na floresta, em prolongadas caçadas e a procura de minerais. Foi ele que descobriu e foi concessionário das minas de prata no Garcia, mas não se lhe tornou possível explorá-las.

Foi grande pesquisador e conhecedor do mato, Mata Atlântica, tendo prestado relevantes serviços à colonização. Foi-lhe confiado, por isso, o comando das “guardas”, como se denominam, nos documentos da época, os pelotões de vigilância do “Serviço de proteção contra os Índios”, sendo encarregado ainda de fazer estudos topográficos para a diretoria da colônia, durante as suas inúmeras excursões. Isto nos lembra muito o perfil de seu bisneto Niels Deeke, que viveu voluntariamente em tribo indígenas e falava fluentemente o tupy-guarani.

Niels Deeke – Nosso registro quando fomos recebidos pelo pesquisador em sua residência localizada no Salto Weissbach – Blumenau, em 2007. Niels era parente de Heinrich Krohberger e confirma isto na correspondência eletrônica enviada para nós em março de 2012.

Estimada Angelina: Quando há passados cerca de 15 anos, sofri graves ataques desferidos pela direção da nossa dita Fundação Cultural, invectivas nas quais havia iminente ação de confisco – possivelmente judicial – de meu acervo documental histórico, não encontrei saída outra que não fosse a de transferir meus “arquivos” para lugar seguro e defeso à pretensão de expropriarem-me. Assim transferi para um depósito que mantive no Paraná, mais de três caminhões carregados de caixotes com meu documentário. O depósito encontra-se em local de difícil acesso, e grande do parte do material já foi eliminado como venda de papel velho, a fim de abrir espaço para conter material usado de próteses ortopédicas e de Raios X, que meu filho médico precisava guardar. Os antigos mapas também seguiram para lá, e suponho foram eliminados – tudo devido a “Senha de Ódio” que os mentores da Fundação Cultural de Blumenau alimentam contra mim. Eu precisaria relatar o odioso caso de viva voz, para compreensão da questão. Contudo recordo-me do esboço elaborado. Seguia do local onde atualmente está edificada a nova Prefeitura, percorrendo o trecho da rua Paulo Zimmernann e daí pelo leito aproximado da rua João Pessoa, após a rua General Osório, saindo afinal em uma projetada estação no Passo Manso – local em que havia o Hotel Doell. Evitavam assim a construção de pelo menos quatro grandes pontes de ferro, inclusive a que constou a atrás da Malhas Soft. O traçado estava assinado por H. Krohberger, irmão de minha bisavó, esta a razão de lembra-me tão bem do mesmo. Qualquer problema me telefone.
Abraços, Niels”                     

                     Mensagem enviada para nós, via correspondência eletrônica, em 10 de março de 2012.

Com o depoimento do neto do afilhado e sobrinho de Krohberger, José Deeke, também ficamos sabendo que o construtor agrimensor oriundo da cidade alemã de Bayreuth, também contribuiu para o projeto do traçado ferroviário da EFSC na região, mesmo que por interesses de grupos locais da época, este não tenha sido executado.

4 – Jean Krohberger

Nasceu em 18 de outubro de 1840 na cidade alemã de Bayreuth, Oberfranken, Bayern e faleceu em Blumenau em 6 de outubro de 1916.

5 – Karoline Krohberger

Nasceu em 1° de março de 1843 em Bayreuth, Oberfranken, Bayern. Não se casou. Faleceu em Blumenau, com 61 anos, em 8 de julho de 1904. O nome original desta irmã de Heinrich pode ser “Christiana Karolina Wilhelmine”, nome de uma irmã que viajou junto com sua outra irmã. Maria Sophie, publicada em um documento – em sua cidade natal. A imagem está no texto do primeiro irmão Krohberger, anteriormente publicado, Joseph Bartholomäus Krohberger e abaixo.

6 – Maria Sophia Johanna Krohberger

Nasceu em 27 de janeiro de 1845 em Bayreuth, Oberfranken, Bayern. Igualmente, encontramos em um registro público da cidade de Bayreuth, a informação da migração de Maria Sophia. O pequeno registro menciona que Margaretha Heumann e suas duas filhas Agnes e Mathilde acompanham as filhas do mestre de obras Daniel Krohberger: Christiana Karolina Wilhelmine e Maria Sophia Johanna Krohberger para Blumenau, Brasil. Christiana Karolina Wilhelmine pode ser a irmã, conhecida em Blumenau por Karoline ou Caroline, somente. Registro dos irmãos Krohberger anteriores.

Registro de documento da cidade de Bayreuth. Informações sobre a viagem de Johanna Maria Sophie Krohberger até Blumenau, onde estavam parte de seus irmãos, anotada em um documento de sua cidade natal na Alemanha.

Maria Sophia Johanna Krohberger se casou com Carl Friedrich Wilhelm Dankwardt (1842-1920) em 29 de dezembro de 1862, na cidade de Blumenau. Carl Friedrich Wilhelm era filho de Theodoro Danckwardt.

A família Danckwardt, exceto Carl, foi para Brusque e também para o Paraguai. Durante a construção da ferrovia Teresa Cristina, Carl foi fornecedor de madeiras para os dormentes. Acompanhando o avanço da construção, do leito da via férrea, construiu 16 serrarias.

O casal só teve filhas: Helga, que se casou com Max Baier, pai de Roberto Baier, oficial do Registro Geral da Comarca de Blumenau. Liddy, que se casou com Manoel Barreto e foi, por mais de 30 anos, promotor de Blumenau. Rosalia, que se casou com seu primo Caetano Deeke, e foi por muitos anos agente de terras de Blumenau. Alma, que se casou com Alfredo Finster. Demilda e Daniela permaneceram solteiras.

Esta irmã de Heinrich Krohberger, a mais nova, faleceu com a idade de 90 anos, em 7 de junho de 1935 (Fonte – Colônia Pioneiro de Blumenau).

A maior parte dos familiares de Heinrich Krohberger estão sepultados no Cemitério Luterano Centro – Blumenau, cuja lápide fotografamos em 2015. Nela constam quase todos os nomes dos membros desta grande família.

A família Krohberger está sepultada no Cemitério Luterano Centro – Blumenau SC. Aos fundo da Igreja Espírito Santo, cujo projeto é de Heinrich Krohberber.

Várias construções da colônia indicam o grande envolvimento de Krohberger nas obras públicas locais, sendo ele até hoje reconhecido na cidade pela construção ao estilo gótico da antiga igreja São Paulo Apóstolo no centro de Blumenau construída em 1875, e desmanchada na década de 1950. (DECHAMPS,133)

As melhorias na Colônia Blumenau durante o ano de 1876 envolviam o emprego de muitos operários nas obras públicas localizadas dentro do perímetro colonial sob a fiscalização do mestre de obras Henrique Krohberger. Inclusive Hermann Blumenau, em correspondência ao presidente da província em 1876, comentava sobre as ocupações de Krohberger, que estava “sobrecarregado com a confecção de plantas e orçamentos de quaisquer construções; de obras de caminhos e estradas e fiscalização de sua execução; com a dita turma de operários e seus chefes; tomada e prestação de contas, etc”. Naquele ano Krohberger acompanhou e fiscalizou pequenas obras e reparos no hospital da colônia, a construção dos muros em torno da igreja católica e dos muros da casa de oração evangélica, a construção de cemitérios, havia também a ocupação de muitos homens para erguer uma ampla casa para abrigar o escritório da direção colonial, e outros precisavam ser fiscalizados durante a reconstrução das pontes localizadas no ribeirão Garcia e no Paddaratz. Além dessas obras, Hermann Blumenau registrou que seriam empregados cerca de 200 a 230 operários para melhorar o caminho entre o ribeirão do Warnow e o Salto Pilão. O número elevado de homens que seriam encaminhados para a região do Warnow e além, demonstra a importância daquela área que servia de caminho para a serra catarinense. Neste mesmo local a turma de operários sob o comando de Riegel vinha trabalhando no início do ano de 1876, conforme consta no processo crime citado nas primeiras páginas do capítulo. Como o mestre de obras da Colônia Blumenau precisava lidar com a execução simultânea de diferentes obras e em regiões, muitas vezes, distantes umas das outras, era necessário repassar a outros indivíduos as responsabilidades de obras fora do limite territorial da colônia. É o caso de uma das mais importantes obras do ano de 1876, a ligação da colônia com a serra catarinense, a estrada de Curitibanos. Cabe destacar que estava confiada à diretoria da Colônia Blumenau a abertura da estrada até onde hoje é a cidade de Taió. Cerca de 60 homens, divididos em duas turmas de operários seguiram em direção a serra sob o comando do engenheiro Emil Odebrecht.

A obra de Heinrich Krohberger

Apresentamos a família de Heinrich Krohberger, pois a impressão que temos ao nos deparar com seu nome em textos sobre suas inúmeras e importantes obras é de que foi uma personalidade solitária e pouco fotografada. Só encontramos uma mesma fotografia, desfocada de sua pessoa.

Aparentemente não se casou, o que é confirmado pelas informações na lápide de sua família localizada no Cemitério Luterano Centro Blumenau. Não há uma Frau Krohberger, mas sim, de 5 irmãos, cunhados, cunhadas e muitos sobrinhos. Fizeram parte de sua família, a família Gross, Baumgarten, Deeke, Finster, Heumann entre outras.

Sua família é originária da cidade em que o grande compositor alemão Richard Wagner construiu seu famoso teatro, Bayreuth, Oberfranken, Bayern.

Heinrich Krohberger migrou para Blumenau na companhia de sua irmã Christiane Johanna Krohberger, que depois de casada seria a matriarca da família Deeke na região da Colônia Blumenau.

Lembramos que seu pai e seus dois irmãos eram, igualmente mestre de obras, como ele mesmo, o era. Em registros formais, em sua cidade, na Alemanha, constam estas informações históricas, com o aprendizado repassado de profissional para um aprendiz, com comprovação documental. Não era uma faculdade de engenharia ou de arquitetura, mas existia uma formalização profissional.

Encontramos um pequeno texto mencionando a formação de Heinrich Krohberger, que diz o seguinte:

Heinrich Krohberger, nascido em Baireuth em 18 de novembro de 1836, formado na Royal Building Academy, em Munique, e morando em Blumenau desde agosto de 1858, foi o responsável pela construção da igreja protestante e católica. Texto de Frederico Kilian

Talvez esta informação não lhe poderia conferir o título de Engenheiro ou Arquiteto.
A história e tradição da Royal Building Academy de Munique ou Akademie der Bildenden Künste München remonta ao século XVIII, muito antes de sua fundação, em 1770, feita por Maximiliano III.

Joseph I da Baviera antes disso chamava a escola de “escola de desenho”, que já trazia em seu nome o nome de “academia” – “Zeichnungs Schule respectiva Maler und Bildhauer academie”. A Akademie der Bildenden Künste München – Academia de Belas Artes foi ampliada em 1808, por Maximilian I Joseph da Baviera como Academia Royal Building Academy – Real de Belas Artes.

Akademie der Bildenden Künste München – onde, supuestamente, Heinrich Krohberger estudou Arquitetura/Engenharia, mas somos da opinião que não seria possível, diante dos fatos históricos de sua vida.

Também, a escola não apresenta um aspecto de uma instituição com formação ampla para a área de construção civil, mas somente para artes. Poderia ser algo semelhante ao que acontecia, envolvendo, a Escolas de Belas Artes do Rio do Janeiro, de onde saíam os primeiros “arquitetos” práticos do Brasil. No entanto, não eram profissionais formados nas áreas de Arquitetura e Engenharia. Considerando que Heinrich Krohberger tinha experiência com a construção civil, através de sua família, isso pode ter contribuído para sua exímia formação com posição de destaque na Colônia Blumenau, onde também residiam seus dois irmãos construtores, Joseph Bartholomäus Krohberger e Jean Krohberger.

Uma fonte do “Arquivo Blumenau” afirma que Heinrich Krohberger também fez o curso de agrimensor na escola Politécnica do Rio de Janeiro, o que seria o atual Instituto Federal, que tem inúmeros cursos técnicos profissionalizantes. Lembramos que ele repassou conhecimento da área de agrimensura para seu sobrinho, filho de sua irmã Christiane Johanna, Maximilian Josef – José Deeke, que foi um exímio agrimensor e cartógrafo, autor de alguns dos primeiros mapas de regiões do Vale do Itajaí e de Santa Catarina.

Mapa do Vale do Itajaí – Colônia Blumenau, feito pelo sobrinho de Heinrich Krohberger, José Deeke, em 1905.

Este mapa de 1907, feito por Heinrich Krohberger totalmente desenhado a mão é do acervo do Arquivo Nacional. Levou 2 anos para ser concluído. Se desejar vê-lo por inteiro, em alta resolução – Clicar sobre o link azul e depois, baixar para ter acesso ao mapa em alta resolução: Mapa Santa Catarina 1907.
Seus detalhes são incríveis maravilhosos, com os registros de nomes históricos das localidades, serras, morros, rios e ribeirões.

Mapa de Santa Catarina organizado e desenhado, com requinte de detalhes, por Heinrich Krohberger em 1907. O cartógrafo, agrimensor, mestre de obras, construtor e político assinou no canto esquerdo do mapa. Trabalho de dois anos ininterruptos.
Legenda do mapa anterior. O nome correto não era Henrique, mas sim: Heinrich.

Heinrich Krohberger chegou em Blumenau em 3 de setembro de 1858, e sua primeira função empregatícia foi o de auxiliar técnico de Hermann Blumenau, o diretor e fundador da Colônia Blumenau. 

O mapa acima, apresenta a data de 1907 e ainda consta o título de Auxiliar Técnico, que deve ser: Auxiliar Técnico da Diretoria de Terras, Colonização e Obras Públicas.

Quando a colônia foi emancipada, ele passou a exercer o cargo de Agrimensor da Comissão de Terras e Colonização, depois, foi promovido ao cargo de auxiliar técnico da Diretoria de Terras, Colonização e Obras Públicas, que deve ser o período histórico no qual fez o mapa acima. 

Sua formação prática era de mestre de obras, como já mencionado.

Na eleição de 30 de agosto de 1891 foi eleito membro do Conselho de Intendência com 1075 votos. Tomou posse em 1° de janeiro de 1892. Em 1899, quando José Bonifácio Cunha foi eleito Superintendente, foi nomeado como seu substituto.

Heinrich Krohneberger se aposentou da vida pública em 31 de março de 1908, pelo decreto N° 374. Paralelamente às funções públicas, construiu inúmeros edifícios públicos, religiosos, comerciais e residenciais de beleza ímpar.

Muitos edifícios construídos entre o final do século XIX e início do século XX, na região, podem ter sido parte de sua grande obra arquitetônica e de engenharia, mas não podemos afirmar com certeza, porque não houve registros.

Parte de um texto do livro Colônia Blumenau – no Sul do Brasil, menciona seu trabalho na construção civil e também descreve Krohberger na cidade perto de sua casa. Era vizinho de Hermann Christian Rüdiger: 

Sr. Nienstedt, com papeis na mão, controla o desembarque das sacas de milho e feijão e também dos barris com banha e manteiga, anotando tudo para registrar a entrada nos livros da firma. Da linda Vila do outro lado, ouvem-se as alegres vozes dos jovens rebentos Rabe, em animada conversa e também as filhas de Fides Deeke, ao lado, estão brincando no grande jardim que rodeia esta linda mansão recém construida. São dois prédios que demonstram o progresso de Blumenau e o bom gosto de sua gente, mas principalmente a competência do engenheiro Krohberger que sabe dar a cada casa que projeta uma nota original, que ainda após várias gerações, daqui a uns 100 anos, continuará a embelezar a cidade, com suas linhas arquitetônicas. GERLACH, p. 520.

Do Centro ainda está chegando alguém. Não dá para reconhecer a pessoa devido à escuridão, mas com o guarda-chuva que sempre carrega, o chapéu preto de abas largas na cabeça, a barba cheia e branca e sua capa preta, não pode ser outro, é o engenheiro Heinrich Krohberger, construtor e responsável por todas as construções e edifícios públicos e igrejas da cidade. Ele vai ao outro lado do Rüdiger, atravessando o pasto para a sua casa, perto do barranco do ribeirão da Velha, um pouco recuado. À esquerda, sai da sua casa o consertador de guarda-chuvas, Sr. Max Creuz, tranca a mesma e sai apressado com passo de ginasta, calça branca e paletó escuro, em direção ao centro. GERLACH, p. 524.

Algumas obras arquitetônicas assinadas e construídas por Krohberger

Na década de 1870, o nome da arquitetura e engenharia na Colônia Blumenau era Heinrich Krohberger, mesmo não sendo um arquiteto e engenheiro formado na academia. São muitas as construções que indicam seu envolvimento profissional em obras públicas, religiosas, residenciais e comerciais da cidade que se desenvolvia a partir da curva do Rio Itajaí Açu junto a Foz do Ribeirão Garcia e também, em outros locais da região.

Várias construções da colônia indicam o grande envolvimento de Krohberger nas obras públicas locais, sendo ele até hoje reconhecido na cidade pela construção ao estilo gótico da antiga igreja São Paulo Apóstolo no centro de Blumenau construída em 1875, e desmanchada na década de 1950.
As melhorias na Colônia Blumenau durante o ano de 1876 envolviam o emprego de muitos operários nas obras públicas localizadas dentro do perímetro colonial sob a fiscalização do mestre de obras de Henrique Krohberger. Inclusive Hermann Blumenau, em correspondência ao presidente da província em 1876, comentava das ocupações de Krohberger, que estava “sobrecarregado com a confecção de plantas e orçamentos de quaisquer construção; de obras de caminhos e estradas e fiscalização de sua execução; com a dita turma de operários e seus chefes; tomada e prestação de contas, etc”.277 Naquele ano Krohberger acompanhou e fiscalizou pequenas obras e reparos no hospital da colônia, a construção dos muros em torno da igreja católica e dos muros da casa de oração evangélica, a construção de cemitérios, havia também a ocupação de muitos homens para erguer uma ampla casa para abrigar o escritório da direção colonial, e outros precisavam ser fiscalizados durante a reconstrução das pontes localizadas no ribeirão Garcia e no Paddaratz. Além dessas obras, Hermann Blumenau registrou que seriam empregados cerca de 200 a 230 operários para melhorar o caminho entre o ribeirão do Warnow e o Salto Pilão.278 O número elevado de homens que seriam encaminhados para a região do Warnow e além, demonstra a importância daquela área que servia de caminho para a serra catarinense. Neste mesmo local a turma de operários sob o comando de Riegel vinha trabalhando no início do ano de 1876, conforme consta no processo crime citado nas primeiras páginas do capítulo. DECHAMPS

Igreja do Espírito Santa – Comunidade Luterana Centro – Blumenau

A igreja do Espírito Santo – após sua construção, ainda sem benfeitorias no entorno. Fotografia feita pelo jornalista Bernhard Scheidemantel com a legenda feita por Hermann Blumenau – em alemão e português. Igreja evangélica: Evangelische kirche. Cópia fotográfica albuminada, p&b 17 x 21,9 cm em cartão suporte: 22,1 x 26,8 cm. Fonte: Thereza Christina Maria. Custódia: Biblioteca Nacional (Brasil).

Sua construção foi autorizada pelo decreto do Governo Imperial, em 10 de novembro de 1865. A Comunidade Evangélica existia desde 1857. Sua pedra fundamental foi lançada em 23 de setembro de 1868. Sua inauguração aconteceu em 23 de setembro de 1877, com o nome de “Igreja do Espírito Santo”. Foi construída em um terreno doado por Hermann Blumenau, no Ribeirão Fresco.

O estilo da Igreja do Espírito Santo tem predominantemente características do neogótico. Sua planta tem a forma octogonal, que apresenta uma “não funcionalidade”. Predominou o efeito decorativo, destacando os adornos de origem asiática.

Estilo neogótico, com pouca exploração das principais características do gótico. Foram adotados os vitrais, pouca quantidade. A posição dos vitrais está voltada para o Sul, onde a luminosidade do sol é menor. Tentou-se fazer uma arquitetura dentro da cultura vigente da época com todos os seus significados, mas com a presença de inovações, como a adoção da mudança da planta (octogonal) e a forma de uso da abóbada central. Explorou-se muito pouco a liberação das paredes da estrutura principal, com o uso dos vitrais. Desta forma, se poderia ter conseguido mais leveza e transparência interna, com maior incidência de luz natural.

O acesso principal é composto pelo conjunto de três portas com arcos ogivais e três rosáceas em um volume saliente frontal, que lembra o de uma torre, observando a não verticalização.
As janelas frontais compõem, através de sua forma alongada, e com arcos ogivais – seria a característica vertical do conjunto.

Igreja do Espírito Santo por volta de 1900. Fonte: Pedro Corrêa do Lago. Custódia: Instituto Moreira Salles.

O órgão que se encontra no balcão, atualmente – foi construído em 1933, na capital do Brasil da época – cidade do Rio de Janeiro. O fabricante foi Guilh. Berner.

A ponte de madeira coberta que permitia o acesso à igreja aqueles que vinham do Palmenalle Strasse, Rua das Palmeiras. Olhar o mapa anterior e o croqui da próxima imagem.
A Igreja do Espírito Santo em 2020.

Igreja Matriz – Comunidade Católica – Blumenau

Locais da Casa São José, Colégio Santo Antônio e Igreja Matriz de Blumenau – projetada e construída por Heinrich Krohberger.
Terceira Igreja católica de Blumenau no dia de sua inauguração – Padre Maria Jacobs na frente da igreja. A 24 de dezembro de 1876 foi benta a Igreja Matriz com a Missa do Galo. Em fevereiro de 1876, o Padre Jacobs foi nomeado vigário da Colônia Blumenau. Projeto e execução de Heinrich Krohberger.

A pedra fundamental da 3° igreja católica de Blumenau foi lançada em 16 de setembro de 1868. O Pároco era o padre polonês de Gaspar, Padre Antonio Zielinski. A obra levou mais de 8 anos para ser concluída. A benção da igreja aconteceu em 24 de dezembro de 1876. Foi demolida em 1953.
A igreja construída por Heinrich Krohberger seguia o estilo neogótico. Foi construída em alvenaria, com janelas com arcos ogivais, planta retangular. Foi a administração da Colônia Blumenau que custeou sua construção e projeto – feitos por Krohberger. A população de católicos da cidade, nesta época, era de aproximadamente 853 pessoas.

Construção.
Detalhe da escadaria frontal.
Parte e vista da Rua XV de Novembro.
Após a reforma e ampliação e modificações na escadaria, na torre e com mais dois sinos. Também recebeu o órgão de fabricação alemã, fabricado em 1926. Automóveis na rua. Foto IBGE.

Câmara Municipal de Blumenau inaugurada em 1875 – Antiga Prefeitura

Atualmente, o que restou da obra de Heinrich Krohberger, após revitalização pelo qual passou o histórico edifício – é a sede da Secretaria Municipal de Cultura e Relações Institucionais, no início da rua XV de Novembro, junto à antiga praça do porto, atual Praça Hercílio Luz e de uma das pontas da Palmenalle – Rua das Palmeiras ou Boulevard Hermann Wendeburg.

A obra original de Krohberger refletia as características casa permanente urbana dentro de uma evolução no modo de construir na linha histórica da Arquitetura construída em Blumenau de acordo com a publicação de nosso livro “Fachwerk – A Técnica Construtiva Enxaimel”, como por exemplo a presença do Dachgaube na mansarda, simultaneamente com a presença do Alpendre sobre a porta do lado lateral direito.

Edifício rebocado – aos moldes do que vinha sendo construído na Alemanha – após as restrições aplicadas, a partir de legislações específicas de construções de casas com estrutura enxaimel aparente, no entanto, se repetiu a tipologia da casa urbana da Colônia Blumenau na sua sede administrativa, mesmo com a presença do reboco e do decorativismo do barroco alemão e das janelas tipo guilhotina – influência da casa portuguesa, presente nas construções de Itajaí e geralmente usada em edifício públicos, na Colônia Blumenau, como em igrejas e escolas. Esta arquitetura original do edifício foi descaracterizada e quase sem resquícios, no atual edifício.

A “obra de grande porte” não era incomum para a época. Há várias tipologias com semelhante área construída, ou maior. Um outro exemplo é a Nova Escola alemã construída nos arredores, dotada de porão, 2 pavimentos e mansarda. Grandes casas comerciais, igualmente, construídas com a linguagem eclética e uso misto, residencial/comercial/industrial.
Edifício após revitalização com o aspecto atual. A obra de Krohberger está no seu interior.
Aparentemente, de acordo com a tese de KANAN, a residência de Theodor Klein, colega de trabalho na área de agrimensura, também é obra de Krohberger.

Igreja Matriz – Comunidade Católica de Gaspar

A Freguesia de São Pedro Apóstolo de Gaspar foi criada em 17 de abril de 1861. Sua primeira Igreja foi construída neste morro do 1° plano e foi inaugurada em 29 de junho de 1885 em um terreno doado por Hermann Blumenau.

A Igreja Matriz de Gaspar foi construída dentro do estilo românico. Foi inaugurada em 28 de junho de 1885 na Festa de São Pedro. O padre era Frei Henrique Matz, vigário da comunidade, desde agosto de 1877. A vida religiosa em Gaspar teve início com uma pequena capela de taipa construída em Belchior Baixo que tinha sido construída em 29 de junho de 1850. Era chamada de Capela de São Pedro Apóstolo. Estava localizada a 4,5 quilômetros do centro de Gaspar. Na foto, está o Padre Alberto Gattone.

3° Ponte sobre a Foz do Ribeirão Garcia

Construída em parte da Rua XV de Novembro sobre o Ribeirão Garcia, nas proximidades de outra obra de Krohberger, o Hotel Holetz e a Padaria e da Confeitaria S. Katz, local onde foi fundado o Coro Masculino Liederkranz em 1909. A ponte foi inaugurada em 3 de junho de 1906, com a presença do Governador interino, Antonio Pereira da Silva e Oliveira. A construção da ponte durou 6 anos e 5 meses, e sua obra foi supervisionada por Heinrich Krohberger. A estrutura de ferro foi importada da Alemanha, através de empréstimo público com apoio da Associação Comercial.
A ponte tinha 29 metros de comprimento e 9 metros de largura. Não existe mais.

2° Ponte sobre o Rio Itajaí Açu – ponte Lauro Müller

Peter Christian Feddersen tinha interesse de que a Ponte Lauro Müller fosse construída interligando as duas margens do Rio Itajaí Açu à região das comunidades de Badenfurt e Salto – junto às corredeiras. Tinha planos de construir uma Usina Hidrelétrica, aproveitando a energia mecânica produzida pelas corredeiras do Rio Itajaí Açu, como de fato construiu. Coronel Feddersen também possuía terras nas imediações. Para isto, convenceu as lideranças locais, sobre o melhor local da ponte. Contou com o parecer técnico Heinrich Krohberger e Emil Odebrecht, que afirmava que se fosse construída no centro, custaria três vezes mais o valor da Ponte do Lauro Müller. Um bom argumento para materializar a intenção do Deputado Estadual Peter Christian Feddersen e assim, de fato, aconteceu.

“PONTE DO SALTO. Denominada “Ponte Lauro Müller”. Projeto datado de 1896, mandada construir por Hercílio Luz e iniciando-se a construção dos pilares em 1898. Só em 1911 recebeu a estrutura metálica. Os serviços de engenharia estiveram a cargo de Heinrich Krohberger. Clichê in “Blumenau em Cadernos” Tomo III nº 06 p. 117. Em 24.4.1913 foi possível a ultrapassagem e para comemorar foi aberta uma garrafa de champanha- vide diário do professor Max Humpl original p. 08. Entretanto a data consignada para inauguração é a de 29.6.1913. Na discussão de sua localização, em 1896, quando uma parcela dos interessados a pretendia executada na altura da atual ponte Irineu Bornhausen na Itoupava Seca, prevaleceu a vontade de Peter Christian Feddersen que a desejava no local onde foi lançada. Consta terem, durante a construção dos pilares da ponte, propositadamente deixado “nichos” – ( orifícios nos pilares) para no caso de necessitar-se demolir a ponte, naqueles “nichos” colocarem explosivos. Porém a verdadeira razão dos orifícios seria para servirem à colocação de barrotes e andaimes durante a feitura da cobertura de rolagem e para melhor possibilitar a manutenção da ponte – lá fixando as provisórias estruturas dos andaimes. Em 5 de janeiro de 1982, sofreu séria avaria quando a uma seção, de 30 metros, desabou pelo peso de um simples caminhão transportando cerca de ínfimas 5 toneladas. Totalmente remodelada foi reinaugurada a 07.3.1983 com recursos do governo do Estado- governo Espiridião Amim.” Niels Deeke

Em 29 de junho de 1896, foi iniciada a construção dos três pilares de pedra – de granito extraído da região do Vale do Itajaí. No final de 1898, a base estava pronta. Hercílio Pedro da Luz deixou de ser governador do Estado de Santa Catarina e a ponte do Salto deixou de ser prioridade, entre as obras estaduais.

As obras foram retomadas após a grande enchente, de 1911 – segunda maior enchente da História de Blumenau, até então. Chegaram recursos, e da Alemanha chegou a estrutura metálica pesando cerca de 155 toneladas. Nove meses depois, no dia 26 de junho de 1913 – a ponte foi inaugurada. A ponte teve 3 responsáveis técnicos ao longo de sua execução. No início, o responsável foi Heinrich Krohberger, e depois, continuou com a supervisão de Emil Odebrecht, e terminou com Rodolfo Ferraz.
A Ponte Lauro Müller, no seu projeto original, possuía 175,5 metros de extensão e 6 metros de largura. Os pilares foram feitos de granito rosa, retirado da região.

Igreja da Paz – Comunidade Luterana centro – Pomerode-SC

A Igreja da Paz teve sua construção iniciada no ano de 1884 e foi inaugurada em novembro de 1885 – no centro de Pomerode. De acordo com a legislação vigente no Brasil – constituição imperial – a Igreja da Paz foi inaugurada sem a torre – mesmo assim, seguia a tendência e as linhas das igrejas da Alemanha – a partir do Período Romântico. Ou seja, possuía uma tipologia de igreja – inacabada, mas uma igreja. Fato comprovado posteriormente, quando recebeu a torre e a sacristia, sem perder as características de uma igreja.

A Arquitetura da Igreja da Paz de  Pomerode – apresenta elementos góticos, no desenho de suas janelas, como a presença dos arco ogival, “pseudos” contrafortes, torre, rosáceas e uma verticalidade proporcional a suas dimensões. O estilo adotado pode ser considerado como o estilo neogótico ou goticismo.

Logo após o golpe da Proclamação da República – final dos anos de 1889, iniciou-se providências para a construção da torre da igreja. Em 1900, com a separação da Igreja católica do Estado, foi construída uma torre na frente da edificação religiosa com uma altura total de 35 metros. 

Corpo da igreja e torre. A torre tem o aspecto mais “robusto”. Foto: Testo Notícias
Igreja sem sacristia. Foto: Testo Notícia

Hotel Holetz

Arquitetura monumental do início do século XX, linguagem neoclássica com tijolos maciços à vista. Foi inaugurado em 1° de setembro de 1902, pré-aniversário da fundação de Blumenau. Seu programa de necessidades abrangia: doze suítes, sessenta e quatro apartamentos, restaurante e confeitaria, salão de leitura e chope, salão social, boate, salão de beleza, jardim tropical, piscina e garagem privativa.
Sua demolição aconteceu em março de 1959.
Na medida que formos encontrando mais obras comprovadas de autoria Heinrich Krohberger, iremos atualizando esta postagem.
A seguir, correspondências de Krohberger enviadas para Hermann Blumenau, publicadas na Revista Blumenau em cadernos, edição de 1986.

Onde estão estes descendentes?

Krohberger já teve seu nome em uma rua de Blumenau, que foi mudada para Rua Porto Alegre. Era conhecida como Travessa Krohberger.

Atualmente seu nome está em uma rua do Bairro Boa Vista – Blumenau. Bairro consideravelmente novo.

Referências

  • Arquivo de Blumenau. Disponível em: http://arquivodeblumenau.com.br/wp-content/uploads/2017/03/1d.pdf . Acesso em 5 de dezembro de 2022 – 22:45h.
  • CENTENÁRIO DE BLUMENAU: 1850 – 2 de setembro de 1950. Blumenau: Comissão de festejos. 1950. p.417.
  • DEEKE, José. O município de Blumenau e a história de seu desenvolvimento. Blumenau: Nova Letra, 1995.
  • DESCHAMPS, Mariana Luiza de Oliveira. Na Trilha das estradas a Vida Cotidiana e o Trabalho na Colônia Blumenau (1850-1880). Dissertação de mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação em História do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Santa Catarina para a obtenção do Grau de Mestre em História Cultural. Orientador: Prof. Dr. Paulo Pinheiro Machado. Florianópolis, 2015.
  • FERRAZ, Paulo Malta. Pequena história da colonização de Blumenau 1850-1883. Parte IV. Revista Blumenau em cadernos, Blumenau, Tomo XVII, n. 6, p.233-249, jun.1976.
  • Figuras do passado: Henrique Krohberger. Revista Blumenau em cadernos, Blumenau, Tomo I, n. 1, p. 11, Novembro. 1957.
  • GERLACH, Gilberto Schmidt. Colônia Blumenau no Sul do Brasil / Gilberto Schmidt-Gerlach, Bruno Kilian Kadletz, Marcondes Marchetti, pesquisa; Gilberto Schmidt-Gerlach, organização; tradução Pedro Jungmann. – São José: Clube de Cinema Nossa Senhora do Desterro, 2019. 2 t. (400 p.): il., retrs.
  • KANAN, Maria Isabel Correa. An Analytical Study Of Earth and Lime Based Building Materials in the Blumenau Region Southern Brazil. A Thesis Submited in Partial Fulfilment of the Requirements of Bournemouth University for the Degree of Doctor of Philosophy. 22 September 1995 Bournemouth University.
  • Nossos Pais – Um livrinho que conta nossa História. JAN 2 1962. Pastor Flos: Unsere Väter. Zur Erinnerung an das 50-jährige Bestehen der Evangelischen Synode von Sania Calarina und Paraná 1911 — 1961. Disponível em: https://archive.org/stream/nossospaisumlivr00flos/nossospaisumlivr00flos_djvu.txt . Acesso em: 5 de dezembro de 2022 – 18:09h.
  • OLIVEIRA, Mariana Luiza de. A construção da ordem na Colônia Blumenau: novas representações e sujeitos para uma antiga colônia. 2009. 99f. Trabalho de Conclusão de Curso (Monografia) – Universidade Regional de Blumenau, Centro de Ciências Humanas e da Comunicação, Blumenau, 2009. Disponível em: http://www.bc.furb.br/docs/MO/2010/341776_1_1.pdf
  • Pioneiros da Colônia Blumenau – Famílias Evangélicas de confissão Lutherana da colônia Blumenau. Período: 1856 – 1940. Prefeitura Municipal de Blumenau – Fundação Cultural de Blumenau. Arquivo Histórico Professor José Ferreira da Silva. Tradução e transcrição: Curt Hoeltgebaum. Catalogação e formatação: Rita de Cássia Barcellos. Disponível em: http://pergamum.blumenau.sc.gov.br:8084/pergamumweb/vinculos/000000/0000004e.pdf. Acesso em: 4/12/2022 – 22:12h.
  • Stadtarchiv Bayreuth Findmittel Akten 19. Jh. und erste Hälfte 20. Jh.. Disponível em: https://www.bayreuth.de/wp-content/uploads/2015/06/Neuere_Akten.pdf . Acesso em: 05 de dezembro de 2022.

Leituras Complementares – Clicar sobre o título escolhido:

Sou Angelina Wittmann, Arquiteta e Mestre em Urbanismo, História e Arquitetura da Cidade.
Contatos:
@angewittmann (Instagram)
@AngelWittmann (Twitter)

Chegou o livro “Fragmentos Históricos – Colônia Blumenau” – inspirado nos artigos desta coluna.

Agradecemos este espeço que nos inspirou a colocar parte deste conteúdo nesta publicação. Colocaremos nas Bibliotecas das Escolas Municipais e nas principais bibliotecas de Blumenau.