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Hospital de campanha vira disputa política em Santa Catarina

O hospital de campanha, que está para ser montado no parque da Marejada, em Itajaí, se transformou no motivo de uma disputa política que transcende a pandemia do coronavírus.

Depois de o governador Carlos Moisés (PSL) anunciar, no último dia 9, a contratação do Hospital Psiquiátrico Espírita Mahatma Gandhi, de São Paulo, como o responsável pela montagem e manutenção do primeiro hospital de campanha, a procuradora Vera Lúcia Ferreira Copetti emitiu um despacho, no dia 11, revogando a decisão por conta de informações desencontradas e pela falta da planilha de custos da vencedora na homologação de escolha.

Alguns governistas cogitam que a oposição foi quem deu a linha para o Instituto Nacional de ciências de Saúde (INCS), segunda colocada na licitação, entrasse com a ação.

Já no dia 12 o Governo de Santa Catarina, através da Procuradoria Geral do Estado, conseguiu derrubar a liminar que impedia a contratação do Hospital Mahatma Gandhi, alegando que o Instituto Nacional de Ciências da Saúde (INCS) deixou de apresentar as condições mínimas no edital por não ter apresentado as informações sobre a instalação, operacionalização e preço global.

O Hospital Mahatma Gandhi já trabalha com a Prefeitura de Florianópolis e o prefeito Gean Loureiro (DEM) tem tido uma aproximação maior com o governo do estado do que os demais prefeitos e deputados estaduais, causando até ciúmes em algumas correntes políticas.

Agora surge mais uma informação que pode atrasar mais ainda a montagem da estrutura na cidade de Itajaí.

O Hospital Mahatma Gandhi, de Catanduva, no interior paulista, têm no seu quadro jurídico advogados residentes na cidade de Biguaçu, na grande Florianópolis, onde o secretário da Casa Civil, Douglas Borba (PSL), é vereador e tem muita influência política.

Leandro Adriano de Barros, que é secretário de saúde de Biguaçu, e Mariana Rabello Petry, que é irmã de Anísio Petry Junior (popular Popo), um grande amigo de Borba e de Matheus Hoffmann, secretário adjunto da Casa Civil do governo do Estado, compõem o grupo de advogados do hospital.

Popo e o Secretário Adjunto da Casa Civil de SC / Reprodução

O problema todo está em Anísio Petry Junior, que em 2019 representou o governo de Santa Catarina como membro titular do Conselho de Vogais da Junta Comercial do Estado indicado justamente pela Casa Civil, pasta de Douglas Borba.

O secretário Borba, que vem de uma família tradicional na política de Biguaçu, já foi secretário de Cultura, Esporte, Turismo e Lazer na cidade e paira sobre ele a desconfiança de favorecimento indireto para a contratação do Hospital Mahatma Gandhi.

Toda essa proximidade da Casa Civil com o Mahatma Gandhi serviu de estopim para o contra-ataque de quem não aceita as ações unilaterais do governador Moisés e isso ainda deve ir longa, pois em ano eleitoral, tudo pode ser motivo para gerar um desconforto, seja para a situação como para a oposição. Confira a nota na íntegra:

A nota

O governo do Estado de Santa Catarina enviou uma nota (publicada abaixo) informando que a Casa Civil não participou de nenhuma das tratativas para a escolha da empresa que vai instalar o hospital de campanha em Itajaí.

O chefe da Defesa Civil, João Batista Cordeiro Junior, que é quem está coordenando os trabalhos, reforça que nem Douglas Borba e nem Matheus Hoffmann, ambos da Casa Civil, não compõe o grupo de trabalho específico para esse fim.

Nota oficial

A Casa Civil do Estado de Santa Catarina não participou de nenhuma das tratativas que levaram à contratação de empresa para instalação de hospital de campanha em Itajaí para atendimento à população com Covid-19, contradizendo meras especulações sem nenhum cunho probatório que venha a afetar a lisura do procedimento.

Participaram desse processo a Defesa Civil, as Secretarias de Estado da Administração e da Fazenda e a Controladoria-Geral do Estado Santa Catarina. Também contou-se com atuação preventiva do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e do Ministério Público (MP).

O chefe da Defesa Civil, João Batista Cordeiro Júnior, que coordena os trabalhos de instalação dessas estruturas em Santa Catarina, reforça que o chefe da Casa Civil, Douglas Borba, e subchefe Matheus Hoffmann não compõem o grupo de trabalho específico para esse fim e que não participaram das etapas do processo, incluindo apresentação de propostas, análise de serviços e contratação de empresas.

Convocação

Na sessão desta terça-feira, 14, na Assembléia do Estado, foi aprovado requerimento 0312, de autoria do deputado estadual Milton Hobus, convocando o secretário de saúde, Helton Zeferino, e também o Chefe da Defesa Civil do estado, João Batista Cordeiro Junior, como também o responsável pela licitação que escolheu o hospital Mahatma Gandhi como vencedor, para dar as devidas explicações não só sobre as desconfianças da licitação, mas também dos critérios que levaram o governo do estado a estender a quarentena até 31 de maio para alguns setores.

Antes da sessão plenária de ontem, o secretário Helton Zeferino participou da reunião da Comissão de Saúde e disse que não é garantida a abertura dos demais setores em 31 de abril e 31 de maio.

Tudo vai depender da análise dos números deste mês de abril sobre o coronavírus e o atraso da montagem do Hospital de Campanha de Itajaí pode servir de motivo para a mudança da data.

Enfim, tudo tá interligado e não se tem nenhuma decisão definitiva sobre nada.