“Independente do piloto, nós estamos todos juntos no avião”, diz Jean Volpato (PT), vereador eleito em Blumenau
Ele conseguiu ser o vereador mais votado do partido com 4.221 votos
Por Eliz Haacke- 11/10/2024
- 9:43
Eleito com mais de 4,2 mil votos, Jean Volpato (PT) assumirá pela primeira vez um mandato na Câmara de Blumenau. Ele foi o candidato do PT mais votado. Além dele, o PT também conseguiu uma segunda cadeira no Legislativo para o próximo mandato com a reeleição de Adriano Pereira (PT).
Com a expectativa alta, Jean afirma que já tem conversado com o colega de partido sobre o mandato que se inicia no próximo ano. Ele tem a intenção de fazer um bom debate na Câmara e de ser o representante dos grupos LGBTQIAPN+, indígenas e outras minorias.
Os 4,2 mil votos que recebeu nas urnas surpreenderam Jean. “É evidente que a gente disputa uma eleição para ganhar, mas disputei em 2022 para deputado estadual e fiz quase 13 mil votos, e destes 5,3 mil foram de Blumenau, mas naquela eleição tínhamos 15 candidatos na cidade, nesta eleição tinha mais de 180 candidatos para disputar 15 cadeiras.
Proporcionalmente, eu não imaginava que nós chegaríamos nesse número, pois já existe um vereador que é o Adriano Pereira”, diz o vereador eleito, que já iniciou as conversas com o colega de partido para debater sobre o mandato do próximo ano.
Ele acredita que o vereador deve sanar os problemas da cidade e o que afeta um bairro, afeta toda a cidade. “Assumimos com a consciência de que vamos representar toda a cidade. Eu sou do bairro Garcia, serei o único vereador do Grande Garcia, que é uma região de quase 60 mil habitantes. Temos uma grande responsabilidade com aquela região, mas com toda a cidade de Blumenau. O vereador não é um vereador de um bairro, mas da cidade”, destaca o vereador eleito.
Primeiros passos na política
Jornalista formado e especializado em gestão de políticas públicas, Jean começou a trajetória na política no movimento estudantil, onde foi presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE) na UniSociesc. “Desde lá não parei a minha luta política. Tenho 32 anos, mas metade da minha vida estou na luta. Eu sou um vereador novo, porém tenho uma experiência longa na militância política e social”, explica.
Para Jean, o momento em que ele entendeu a importância da política foi quando recebeu a bolsa do Prouni, em 2009. “Sou filho de pedreiro, minha mãe é costureira, a gente não tinha condições de pagar uma universidade. Sou o primeiro da minha família a ter acesso a uma universidade e eu não entendia o quanto era a importância da gente ter políticas públicas efetivas que mudem a vida das pessoas. Então essa é uma missão minha na Câmara de Vereadores, lutar para que todos os filhos de trabalhadores tenham oportunidade”, diz.
Na visão dele, a meritocracia é um conceito “maldoso”, pois, na opinião dele, o filho do dono de uma grande loja varejista tem mais condições que o filho de um trabalhador. Segundo ele, a política pública serve para garantir equidade. “Essa é a função que eu quero fazer na Câmara de Vereadores, trazer esse debate, pois eu acho que vivemos um momento de debate na política brasileira que é muito rasteiro, muito pequeno. Quando trazemos, sobretudo, essas pautas que a extrema-direita tem trazido à tona no Brasil, tentando maquiar o debate”, avalia.
Atuação no Legislativo
Jean enfatiza que entra na Câmara como um vereador de oposição. No entanto, ele frisa que isso não significa que ele será contra os projetos que são positivos para o município. “Eu sou da teoria de que independente do piloto, nós estamos todos juntos no avião, então ele precisa andar e aterrisar bem. Mas eu vou denunciar aquilo que está errado, eu tenho um compromisso com a cidade e me elegi com o compromisso de que não vou me vender em troca de cargo”, explica.
Alguns pontos citados por Jean e que ele pretende trabalhar no Legislativo são a falta de água, bem como melhorias no transporte público. Além de prometer uma atuação forte na fiscalização, Jean também frisa que tem o objetivo de propor leis no âmbito municipal dentro do que permite a constituição. Ele diz que já quer iniciar o mandato estudando a condição de trabalho dos motoristas de aplicativos e identificar se há necessidades de melhorias para a categoria.
“Eu sou um defensor da causa animal e, inclusive, defendo que a cidade deve ter um hospital veterinário público. Em São Paulo há quatro hospitais veterinários e eu defendo uma clínica aqui, pois não acho justo que o animal daquele que não tem condições de pagar o valor astronômico fique sem tratamento. Elegemos um prefeito que diz defender a causa animal, agora ele vai mostrar para cidade se realmente defende a causa animal ou usou a pauta por interesse politiqueiro, acredito que o Egidio vai acatar”, defende o vereador eleito.
Jean também quer lutar pela implantação da Casa do Autista, a exemplo do que existe em Balneário Camboriú, que foi inaugurado recentemente. “Não é caro, o Ministério da Saúde tem política pública para garantir assistência para esse tipo de modalidade e acredito que podemos fazer esse debate”, diz.
Pautas e bandeiras
O vereador eleito ainda enfatiza o bom relacionamento e a proximidade que tem com a deputada federal, e ex-candidata à Prefeitura de Blumenau, Ana Paula Lima (PT), e com o presidente Lula.
“Estaremos lá para sermos ferrenhos defensores das causas humanitárias, independente de quem for, de sexualidade, cor ou raça, vamos defender o que é certo. Não importa a religião, e se a pessoa tem prerrogativa política ou não. Crime é crime. LGBTfobia é LGBTfobia. Racismo é racismo. Machismo é machismo. Qualquer tipo de violência ou pronunciamento de ódio, independente se for vereador ou não, eu vou levar para a instância judicial”, declara.
O vereador eleito destaca que já tem alguns projetos que pretende apresentar logo no início do mandato, como uma lei anti LGBTfobia, uma lei que impeça a contratação de servidores públicos ou comissionados que são condenados por LGBTfobia, feminicídio, racismo ou outro crime relacionado ao ódio. Ele também pretende batalhar por algumas pautas e bandeiras como a clínica veterinária pública, a Casa do Autista, e delegacia para combater os crimes de ódio e intolerância.
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