Infectologista diz que lockdown é desnecessário em uma segunda onda da Covid-19 em Blumenau
Em entrevista ao jornal O Município Blumenau, ele falou a respeito das possibilidades de números voltarem a subir
Diante do cenário de números de casos de coronavírus voltando a aumentar em Blumenau, na tarde desta quarta-feira, dia 21, o programa Blumenau ao Vivo conversou com o médico infectologista da Vigilância Sanitária de Blumenau Ricardo Alexandre Freitas. Ele falou sobre as possibilidades de uma segunda onda da Covid-19 na cidade.
Confira abaixo alguns destaques da fala de Freitas ou confira a entrevista na íntegra aqui.
Um dos primeiros pontos que ele esclarece é que o vírus veio para ficar. Não sumiu, nem irá desaparecer. Que “daqui meio século ainda vai ouvir-se falar da Covid-19”.
Freitas apontou que na primeira onda na cidade, em julho, cerca de 10% da população foi infectada pelo vírus e houve um letalidade próxima de 1%. “É muito pouca gente, apesar do gráfico ali ser grande, mas uma cidade com cerca de 300 mil habitantes, eu tenho muita gente ainda que está andando pela cidade sem a menor defesa contra o coronavírus”.
Por isso, ele vê que podem ainda existir várias ondas do vírus. Contudo, segundo ele, a cada onda, a coronavírus vai pegar uma população mais forte. Pois, de certa forma, ela já teve contato com o vírus.
“Numa segunda onda, pelo que a gente está percebendo, é que o impacto sobre a população é pequeno. O número de casos pode ser grande, porque como eu falei, a gente tem 90% da população sem defesa porque não há remédio que previna o vírus e não há vacina no momento. Mas o que a gente tem visto em outros países, que as pessoas têm um número de contágio grande, sem impacto correspondente na internação e no óbito”, explica o infectologista.
Ele vê que não há necessidade um lockdown no caso de haver uma segunda onda. Ele cita exemplos de países na Europa que fizeram um lockdown maior no início e estão sofrendo mais agora na segunda onda, pois a população acabou por não ter contato com o vírus. Diz que países como o Brasil e Estados Unidos, que tiveram uma grande primeira onda, a segunda onda tende a ser menos impactante.
“O lockdown é feito para proteger o sistema de saúde. Para proteger um grupo de pessoas que tem uma fragilidade maior de adquirir a doença. Passada a primeira onda, o lockdown é completamente desnecessário. Teria que ser feito somente algumas restrições no que tange ao aglomeramento de pessoas, respeitar o uso de máscara, distanciamento social e a higienização frequente das mãos”, defende.
Mas ele aponta, que seguindo as regulações que existem, caso o número de casos aumente e cause impacto nas internações hospitalares, seja preciso fazer o caminho inverso, como fechar teatros e cinemas, restringir o acesso a bares e restaurantes e fechar novamente as igrejas.