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Insatisfeita com regramento, PM estaciona unidade móvel em frente à Central de Polícia Civil Blumenau

Militares não poderão mais finalizar ocorrências dentro da delegacia

Em meio ao período de manifestações da Polícia Civil por conta da reforma da previdência de Santa Catarina, um novo atrito foi gerado com a Polícia Militar. A Central de Polícia de Blumenau, localizada na rua Adolfo Freygang, bairro Garcia, definiu que só receberá os militares após a finalização da ocorrência.

O regramento, de acordo com o delegado Ronnie Esteves, responsável pela Divisão de Investigações Criminais (DIC) da cidade, não é novo. Uma portaria estadual assinada por ambas forças de segurança já determinava o procedimento. Porém, não era cumprida à risca em Blumenau.

“O início do nosso procedimento depende do encerramento do deles. Mas as guarnições chegavam para finalizar as ocorrências na nossa unidade, que já é muito pequena. Colocavam objetos no chão para fotos, amontoavam vítimas e testemunhas em um cubículo. Isso atrapalhava nosso serviço”, explica.

Porém, para os policiais militares que levam diariamente objetos apreendidos e pessoas envolvidas para a Central, a decisão dificultou o procedimento. A tenente Karla Medeiros alegou que não há estrutura para finalizar a ocorrência sem o uso da delegacia.

“Muitas vezes chegamos com quatro flagrantes seguidos e não podemos nem usar o banheiro. Precisamos encerrar no tablet aqui fora, independente de chuva ou frio ou se é de madrugada. Ao menos com a unidade móvel teremos mesa e cadeira”, defende.

Alice Kienen/O Município Blumenau

O delegado nega que o uso do banheiro esteja sendo proibido. Segundo ele, apenas a apresentação do caso deve aguardar a finalização do boletim de ocorrência. Porém, reforça que os policiais não devem usar o espaço da Central para isso.

“Eles estavam mal acostumados, não havia respeito pela nossa casa. Algumas cidades possuem anexos para a Polícia Militar, mas nós não temos. Muitas vezes os objetos ou conduzidos passavam para nossas mãos sem nem saber do que se tratava, porque não havia B.O.”, justifica Esteves.

O responsável pela DIC explica que o procedimento ideal seria finalizar a ocorrência no local em que ela foi atendida. Em seguida, cada guarnição esperar do lado de fora para apresentar a ocorrência. Segundo ele, em alguns fins de semana o número de presos na unidade ultrapassava dez pessoas, e o único delegado de plantão não dava conta do tumulto.

“Eu já presenciei brigas naquele espaço pequeno, porque é muita gente amontoada. Enquanto isso a gente nem entendia o que estava acontecendo, porque estava esperando pela ocorrência. Já cheguei a esperar três horas pelo B.O.”, conta.

Na visão de Esteves, não existia um respeito da Polícia Militar quanto ao espaço da Central de Polícia. Eles estariam “mal acostumados” por estarem ali todos os dias. Porém, ele reforçou que não se trata de uma intriga com a corporação.

“Não temos nada contra a PM, apenas contra o governo estadual. Só queremos estabelecer um padrão. Quando vou até o batalhão, cumpro o protocolo deles. Isso não estava acontecendo aqui”, reforça.

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