Invernos cada vez mais amenos forçam fábricas e lojas de roupa de Blumenau a mudar estratégia
Estratégias para que as vendas não caiam vão desde mudar matéria-prima de produtos até comprá-los semanalmente
Os casacos pesados e bem reforçados já não têm tanto espaço nas lojas de Blumenau. Foi-se o tempo que o inverno chegava e exigia proteção dos pés a cabeça por diversos dias. Há cada vez menos períodos longos de frio, com invernos amenos, o que obriga mudança de estratégia de venda e produção em comércios e indústrias.
Para se adaptar ao inverno menos rigoroso, nos últimos anos confecções da região têm optado por tecidos mais leves, que podem, inclusive, ser utilizados em outras estações.
As mudanças começam nas indústrias, que criam materiais mais apropriados, passam pelas fábricas, que produzem menos peças e novos modelos, e terminam nas lojas, que vendem tudo isso ao consumidor:
“Inclusive as fábricas acabam deixando de produzir mais cedo, terminando a coleção antes”, conta a gerente da loja Fabril Center, Mari Hilko.
O gerente de produto da Beagle explica que três pilares são fundamentais na decisão sobre o que será produzido anualmente: a previsão climática, o balanço do que foi vendido e, claro, as tendências de moda do mercado.
Menos lã, mais tecidos
Alguns modelos acabaram ficando para trás com o passar do tempo. O moletom felpado e a lã, por exemplo, já não são mais os queridinhos das fábricas.
“Ninguém mais aposta em roupas como essas porque sabe que o inverno vai ter três ou quatro dias seguidos de frio”, explica o estilista de moda infantil, Rennê Weidgenand.
A antecedência com que as peças são desenhadas e produzidas também dificulta acertar o que, de fato, será procurado pelos consumidores:
“Nós começamos a desenhar no próximo mês o que será vendido no inverno do ano que vem. Analisamos o que encalhou nas lojas e a previsão climática, mas é arriscado. Estamos há três anos seguidos ouvindo que vai ser o pior inverno de todos e isso nunca acontece”, diz Weidgenand.
Adaptação aos novos tempos
Na Naguchi, apenas 30% da coleção são de roupas mais pesadas, todo o resto é pensado para um inverno menos rigoroso.
“Nós adaptamos nossa coleção para ser mais leve. Tanto que falamos que as coleções acabam se confundindo, porque quando se fala de inverno ninguém consegue imaginar que vai ter uma blusinha de manga, mas tem”, exemplifica o diretor administrativo da Naguchi, Dalmir Vieira.
O surgimento de “dias de verão” em meio à estação mais fria do ano (ou vice-versa) também dificulta o trabalho das empresas, já que lojistas tiram do estoque coleções passadas e deixam de vender as que estão na vitrine. E quem não tem sobras acaba perdendo dinheiro.
Sabendo das temperaturas cada vez mais atípicas em Blumenau, a gerente da Fabril Center compra a maioria dos produtos semanalmente, baseando-se na previsão do tempo. A estratégia é para evitar que produtos acabem parados nas prateleiras, vendidos apenas em épocas de liquidação.