Investigados no esquema dos respiradores em SC estavam destruindo provas, diz força-tarefa
Pedido de prisão preventiva, que inclui o ex-secretário Douglas Borba, serve para garantir investigação e frear pulverização dos recursos
Segundo a força-tarefa — Tribunal de Contas (TCE), Ministério Público (MPSC) e Polícia Civil — que investiga a compra dos 200 respiradores adquiridos da Veigamed por R$ 33 milhões, as prisões preventivas efetuadas neste sábado, 6, tinham por objetivo combater a destruição de provas por investigados. Outra motivação é impedir que o dinheiro do Estado seja movimentado entre as contas dos suspeitos.
A força-tarefa cumpriu quatro mandados de prisão preventiva até o momento – incluindo o ex-secretário da Casa Civil, Douglas Borba, e o advogado de Biguaçu, Leandro Adriano de Barros. Mais dois mandados de prisão preventiva foram expedidos e devem ser efetuados nas próximas horas.
O coordenador da força-tarefa, Maurício Medina, disse que a segunda fase da Operação Oxigênio quer uma “forma de garantir o esclarecimentos dos fatos” e tem “indícios substanciais de que os investigados vinham destruindo provas”, como conversas por aplicativos e outros documentos que comprovam a relação entre eles.
Além disso, a maior parte do valor pago ainda não foi localizada. “Nós temos a informação de que logo que o dinheiro foi depositado para a Veigamed já foi retirado e distribuído para outras pessoas físicas e jurídicas”, disse o delegado da Deic, Rodrigo Schneider.
A operação teve como base as informações coletadas nos últimos dias. Segundo Medina, desde a primeira operação, foram ouvidas mais de 30 pessoas em 40 horas de depoimentos, e que revelou fatos novos. Apesar de certificar a destruição de provas e o depósito do dinheiro em outras contas, a força-tarefa não deu mais detalhes já que parte do inquérito corre em sigilo.
Segundo o coordenador estadual do Gaeco, Alexandre Graziotin, foram cumpridos mandados de prisão e de busca e apreensão em Santa Catarina, Rio de Janeiro e São Paulo. “As investigações estão apontando para que desde sempre já se sabia que esses respiradores não chegariam”, disse.
Medina acrescenta que essa foi uma “oportunidade ímpar” para desvios de recursos por uma “associação de indivíduos” que se organizaram para tal. Ele diz que a força-tarefa já identificou um grupo que atuou na compra, e que havia uma divisão de tarefas entre eles.
Além disso, a força-tarefa deve incluir no inquérito a configuração de superfaturamento. O TCE realizou uma pesquisa nacional de preços pelos respiradores e apontou que o preço médio chegaria a R$ 72 mil. Com condições desfavoráveis de mercado, o preço poderia chegar a uma média de R$ 88 mil. Foram pagos R$ 165 mil por equipamento.
Com a exoneração de Douglas Borba e Helton Zeferino, que perderam o foro especial, a investigação está tramitando na Vara Criminal da região metropolitana. A força-tarefa pedirá à Justiça a quebra de sigilo do material.