“Já trabalhei que chega, agora quero descansar”; relembre uma das últimas entrevistas de seu Schmitt

Dono da sorveteria Schmitt faleceu nesta segunda-feira, aos 80 anos

Após uma vida dedicada ao sorvete e ao intuito de adoçar os dias daqueles que sofrem com entes queridos internados no Hospital Santa Isabel, o proprietário da famosa Sorveteria Schmitt, Eusébio Godofredo Schmitt, morreu aos 80 anos na manhã desta segunda-feira, 10, em Blumenau.

Segundo informações da família, seu Schimitt, como era conhecido, estava internado por problemas no coração há um mês. Em entrevista concedida ao jornal O Município Blumenau em maio deste ano, o dono da sorveteria revelou que devido ao estabelecimento estar em frente ao Hospital Santa Isabel, ouvia muitas histórias tristes e gostava de ajudar essas pessoas nem que fosse com um sorvete.

Relembre a história do seu Schmitt

Nascido em 1942, e tendo estudado até a terceira série, seu Schmitt trabalhou no sítio com os pais até os 18 anos, quando precisou servir o exército Brasília, por volta de 1961. Um ano depois, em 1962, ele voltou para Blumenau.

Chegando aqui, um dos gerentes de gestão de pessoas da empresa Souza Cruz ofereceu uma proposta para trabalho como guarda do local. Ele trabalhou na empresa durante cerca de cinco anos, quando decidiu ir para outros ramos.

Então, em 1967, seu Schmitt começou a procurar vagas de garçom e outros serviços em churrascarias e restaurantes de Blumenau, contudo, nenhum dos locais tinham vagas no momento. Foi quando ele resolveu parar em uma das sorveterias e bar do centro de Blumenau, chamada sorveteria Florida.

Como tudo começou

Em uma curta conversa com os donos do local, ele já havia conseguido a vaga. Em entrevista dada à reportagem em maio deste ano, seu Schmitt disse: “Passei lá de manhã e conversei um pouco, logo em seguida a dona perguntou: ‘sera que você não poderia começar hoje, às 13h?’ e foi assim que começou minha história com os sorvetes. Isso aconteceu em 7 de setembro de 1967. Nunca me esqueço dessa data”.

Seu Schmitt trabalhou na sorveteria Florida até 1º de julho de 1974, quando os donos resolveram fechar o local, pois já estavam idosos. Contudo, como gostavam muito dele e pensavam que ele tinha futuro no ramo, o deram as máquinas que possuíam e disseram para que continuasse com os sorvetes.

O grande diferencial da sorveteria Schmitt é a receita, que surgiu através de um casal de italianos. Em 1937, o casal desembarcou em Blumenau e se ofereceu para ensinar uma nova receita para a sorveteria Florida. De acordo com as histórias contadas por seu Schmitt, a única exigência deles era que ninguém estivesse lá enquanto produziam o sorvete.

Quando experimentaram, todos ficaram encantados. Por isso, a receita segue sendo a mesma até hoje, com produção de forma natural e sem nenhum produto químico em sua composição.

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Lembrado por todos

A sorveteria Schmitt possui dois locais, um em Blumenau, na rua Floriano Peixoto, 231, no centro, onde trabalham cerca de cinco pessoas, e onde seu Schmitt ficava na maioria dos dias, sentado em frente ao bar e conversando com todos que passavam. O segundo local é em Gaspar, na rua Dr. Nereu Ramos, 265, no bairro Coloninha, administrado por seu filho e seu neto.

Muitas pessoas vêm de fora para conhecer a sorveteria, devido sua fama com os sorvetes diferentes. ”Por conta disso, é difícil sair na rua e alguém não me reconhecer. Uma vez fui para Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, e uma pessoa me reconheceu, fomos conversando e descobri que ele me conhecia por conta da sorveteria”, revelou seu Schimitt à reportagem.

“A sorveteria é para sempre”

Durante a entrevista que ocorreu em maio deste ano, seu Schmitt disse ao O Município Blumenau que estava deixando seu legado para a família e desejava que permanecessem cuidando da sorveteria com capricho.

“Agora daqui para frente, espero que minha família tenha muito sucesso cuidando da sorveteria. Venho aqui apenas para passar o tempo, já trabalhei que chega, agora quero descansar. Espero que eles caprichem, porque a sorveteria é para sempre.”

*Colaborou: Iáscara Zultanski

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