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“Meio ambiente não tem bandeira ideológica”

Para colunista, todos os governos têm parcela de culpa na tragédia de Brumadinho

Meio ambiente não tem ideologia

O crime ambiental de Brumadinho deixou o mundo perplexo. Não só pela violência da destruição, mas, sobretudo, também pelo fato de a região e a empresa serem reincidentes no acontecimento.

Ainda repousa em nossas retinas as imagens de Mariana, do ano de 2015. O raio caiu duas vezes no mesmo lugar. Assim como Mariana, Brumadinho não foi acidente. A empresa e o governo de Minas Gerais sabiam que a represa estava operando no limite e mesmo assim ampliaram a produção no local.

A verdade é que no Brasil o meio ambiente, via de regra, é enxergado como empecilho para o desenvolvimento econômico. Qualquer medida de proteção ambiental é rotulada de “coisa de comunista” ou de “ecochatos”, fenômeno que não se restringe ao setor de mineração.

A culpa do crime ambiental em Brumadinho é de todos os governos, independente de sigla partidária ou coloração ideológica. Todos os ocupantes do Palácio do Planalto deixaram à vontade as mineradoras, assim como também as grandes empreiteiras e o agronegócio.

Todos cederam à pressão das chamadas bancadas temáticas. Estas não estão no Congresso para defender a vida ou a cidadania, mas para fazer lobby para seus financiadores. Realidade que infelizmente vai ser difícil de mudar. O novo governo foi eleito com a promessa de flexibilizar a legislação ambiental, acabando com as “injustas” multas do Ibama.

A capacidade de pressão e negociação do setor é tamanha que em Minas Gerais, por exemplo, o atual governador Romeu Zema (Novo), eleito como representante da mais fina novidade política nacional, manteve em seu secretariado apenas um representante do antigo governo. Justamente o secretário de Meio Ambiente – celebrado pelo setor de mineração por ter dado maior agilidade ao processo de licenciamento ambiental, bandeira política do governador.

Tomara que o sofrimento das vítimas de Brumadinho desperte os novos e velhos ocupantes da política nacional para a realidade. Meio ambiente não tem bandeira ideológica. Defender o meio ambiente é defender a vida, sobretudo nas formas mais frágeis.

Os governantes, de Bolsonaro a Zema, precisam repensar quase tudo o que prometeram referente às questões ambientais. Só assim, farão jus ao título de novidade na política.