“Crise nacional do PSL contamina também o já desordenado ambiente estadual”
Colunista comenta cenário de desentendimento da sigla no país, com reflexo em Santa Catarina
Colunista comenta cenário de desentendimento da sigla no país, com reflexo em Santa Catarina
A balbúrdia do PSL
Nas duas últimas semanas, a crônica política brasileira tem assistido a chamada crise do PSL. De forma inacreditável, o partido do presidente da República caminha para o esfacelamento. Seja em esfera nacional, como também na estadual e com consequências na política regional, visto que nosso deputado estadual mais votado está no centro da balbúrdia.
A crise no PSL ganhou contornos públicos quando o presidente Jair Bolsonaro foi gravado por um correligionário, no início do mês de outubro, dizendo que o presidente do partido, deputado Luciano Bivar (PSL-PE), estava queimado. A manifestação do presidente foi crucial para a convulsão interna do partido, que há tempos já vinha com a temperatura bastante alta.
Na esfera nacional, o partido rachou em duas alas: os bolsonaristas e o bivaristas. Ambas trocaram farpas e acusações públicas com um nível “nunca visto antes na história deste país”. O líder do partido foi destituído na Câmara dos Deputados, depois de uma série de listas de assinaturas. A líder do governo também caiu.
Claro que, não contente, saiu atirando contra o presidente e seus filhos, acusando-os de operar uma milícia virtual de mais de mil e quinhentos perfis fake na internet. Entre eles, o famoso Pavão Misterioso. O bang-bang do PSL impressionou pela virulência. Foi de deixar rosado de vergonha até mesmo a oposição.
Não demorou para que a crise nacional contaminasse também o já desordenado ambiente do PSL estadual. Quatro dos seis parlamentares da sigla elaboraram um documento que solicitava a destituição do deputado estadual Ricardo Alba (PSL) do posto de líder do partido no parlamento estadual, indicando o Sargento Lima (PSL) como novo líder
A fragilidade organizacional do partido do presidente não é novidade, sobretudo para os observadores mais atentos. Aqui mesmo nesta coluna, na primeira semana de fevereiro, logo após o início do ano e das eleições para os principais cargos do legislativo, ficou latente a falta de organicidade do partido. Na esfera nacional, o DEM ficou com os principais postos, presidência da Câmara e do Senado. Enquanto aqui em Santa Catarina, o PSD dominou o parlamento estadual.
Na época, chamamos a atenção que se o “PSL realmente quer se impor como uma força política importante no cenário nacional ou estadual, vai precisar muito mais do que retórica estridente, lacração em rede social e sectarismo político. Deve apreender a negociar, ouvir aliados e adversários. Apesar do número expressivo de deputados e senadores, o partido comporta-se como pequeno, sem identificação ideológica, sem organicidade interna e dependente de uma liderança carismática.” Parece que tínhamos razão….