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“Fim do Movimento Escola Sem Partido não significa, infelizmente, sua morte”

Colunista discute sobre o anúncio do fim da iniciativa, que não pode ser vista como uma derrota aos seus seguidores

Escola Sem partido não morreu, apenas se reproduziu

Na semana passada uma notícia surpreendeu os expectadores mais atentos da vida política nacional. O movimento Escola Sem Partido anunciou que vai suspender as atividades a partir de 1 de agosto. O motivo alegado foi a ausência de apoio por parte do presidente Bolsonaro. Segundo as palavras do próprio fundador do movimento: “Por alguma razão, o tema sumiu do radar do Presidente”. Dito de outra forma, o movimento escola sem partido queria ser do governo do presidente.

Para quem não lembra, o Movimento Escola sem Partido é uma iniciativa que pretendia impor o controle dos conteúdos ensinados pelos professores. Os defensores da proposta justificavam que a iniciativa era uma tentativa de impedir que professores utilizem-se da audiência cativa de seus estudantes para impôr-lhes suas preferências políticas e ideológicas.

Na prática, a medida é uma tentativa de criar um artificio legal para impor o cerceamento da liberdade de cátedra dos professores.

Porém, a notícia não é necessariamente alentadora. Assim como também a suspensão do movimento não representa seu fim. Em um tempo em que escritores são desconvidados de feira literária por conta das ideias que defendem e que um dos principais órgãos científicos do país é censurado pelo presidente da república por apontar o aumento da degradação ambiental, o enfraquecimento do Escola Sem Partido é na verdade, sua retumbante vitória. Em especial para aqueles que defendem a liberdade de ideias e liberdade de expressão. O movimento Escola Sem Partido tornou-se desusado no Brasil atual.

O filósofo alemão Theodor Adorno, ao analisar os horrores de Auschwitz, aponta que para que a barbárie não se repita, a educação tem uma papel central, sobretudo, porque ela deve fugir do silêncio frente ao terror e a manipulação das massas por líderes populistas e totalitários.

O Escola Sem Partido infelizmente não morreu. Ele encubou e pariu juntamente com outros movimentos, um modelo de sociedade onde o conhecimento, a diversidade e a livre iniciativa de pensamento são censurados em nome do pensamento único. Quem pensa criticamente é silenciado, censurado e perseguido.

Ele sempre se apresentou, como outros movimentos políticos atuais, como a novidade, mas na verdade, sempre representou o velho, o arcaico, o atraso. Por mais difícil que seja, é preciso reagir, resistir. Nunca foi tão necessário, educar para a diversidade.