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“Ideologia de gênero é uma mentira inventada por religiosos”

Colunista acredita que tema é repleto de inverdades, o que prejudicaria discussão sobre assunto que considera importante

Um movimento que se alimenta do desconhecimento e medo

“Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade”. Esta frase, creditada ao ministro de propaganda de Adolf Hitler, Joseph Goebbels, expressa a realidade referente a chamada ideologia de gênero.

O tema voltou a ser notícia na esfera política em Santa Catarina na semana passada. Ironicamente, e não por acaso, no dia em que estava no estado a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos do governo Jair Bolsonaro, Damares Alves.

O debate relacionado às questões de gênero é uma temática com tradição na ciência e diz respeito à função socialmente atribuída ao sexo biológico. Os papeis atribuídos ao gênero referenciam como o portador de um determinado aparato sexual, deve ser ou como espera-se de sua atuação na sociedade.

Debate também como se define a identidade de gênero significa a auto identificação do seu próprio gênero, independente do seu sexo biológico.

A identidade de gênero não está ligada, somente, à sexualidade, mas à compreensão subjetiva do seu papel na sociedade. O estudo da temática visa diminuir as desigualdades e preconceitos relacionados às características e representações sociais relacionada.

Já “ideologia de gênero” é uma a concepção desenvolvida por religiosos, em reação aos estudos da temática. O medo da “ideologia” de gênero consiste no fato de que, segundo os religiosos, o estudo de gênero desconstrói a ideia de família tradicional e de Deus enquanto criador de um “homem” e uma “mulher”. Um movimento que se alimenta do desconhecimento e medo.

O termo “ideologia de gênero” não possui acúmulo ou legitimidade científica. Ele se alimenta de mentiras e fake news. Mamadeira de piroca, kit gay e outras inverdades. Muitas delas inventadas e patrocinadas pela atual ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.

Uma ex-pastora, que mente em relação a sua formação acadêmica e que durante muitos anos serviu a chamada bancada da Bíblia. Desde esta época, produzindo mentiras e invencionices contra a escola pública.

Enquanto há instituições científicas e políticas de expressão mundial orientando erradicar a discriminação de gênero por meio dos estudos de gênero, no Brasil, a pressão de alguns grupos religiosos consiste em retirar do sistema educacional qualquer noção de gênero ou preconceito.

A polêmica da vez foi em torno da presença da temática no Currículo Básico da Educação Infantil e Educação Básica do Estado de Santa Catarina. Foi motivada porque, no documento que foi enviado para a Assembleia Legislativa, está previsto que no oitavo ano do ensino fundamental, debatam e estudem conteúdos relacionados à reprodução humana e sexualidade.

É preciso que o leitor perceba que o debate faz parte do conteúdo de biologia, e está incluído na discussão relativa a sexualidade humana e suas relações para estudantes de no mínimo 14 anos.

O documento que estava na Assembleia Legislativa, não foi pensado por alguém que não conhece a dinâmica do ensino brasileiro, é resultado do esforço de aproximadamente 500 professores e gestores e especialistas da Educação Básica.

Representantes não só de escolas de Educação Básica, mas também de instituições de Ensino Superior, Secretarias Municipais e Estadual de Educação, associações de municípios, entre outros.

É de se lamentar que um tema tão importante fique refém do atraso, da ignorância e seja tratado sem qualquer referência científica. Sobretudo em um estado que é campeão nacional de violência doméstica.