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“Ninguém conseguirá monopolizar o voto religioso”

Colunista analisa a diluição do voto dos evangélicos na disputa para presidente da República

Os limites do voto religioso para presidente

Nas últimas duas semanas, depois do debate na Band, o Brasil descobriu o Cabo Daciolo, um controvertido candidato a presidente da República pelo Patriota, que entre propostas econômicas um tanto heterodoxas e, por vezes, contraditórias, costuma citar versículos bíblicos e expressões religiosas. Porém, quem acompanha a cena política, sobretudo a influência do voto religioso nas eleições, sabe que Daciolo não é novidade.

Eleito como deputado federal pelo PSOL do Rio de Janeiro com 49,8 mil votos, foi expulso do partido por propor uma emenda constitucional para alterar o parágrafo primeiro da Constituição Brasileira de “todo poder emana do povo” para “todo poder emana de Deus”. Nestas eleições, Daciolo disputa com Marina Silva (Rede) e Bolsonaro (PSL) a preferência do eleitorado evangélico, um grupo que representa em torno de 27% da população brasileira.

Em 2002 os evangélicos tiveram um candidato à presidência pela primeira vez. Anthony Garotinho, à época no PSB, foi o terceiro candidato mais votado da disputa eleitoral, conseguindo 17,86% dos votos, atrás de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e José Serra (PSDB).

Garotinho recebeu 51% dos votos dos evangélicos e apenas 6% dos católicos votaram nele, mesmo fazendo campanha excessivamente marcada pelo discurso religioso.

Na eleição de 2010, Marina Silva, do Partido Verde (PV), foi candidata à presidência, conseguindo 20% dos votos. Ela evitou usar o fato de ser integrante de uma igreja evangélica na campanha eleitoral. Essa postura provocou críticas por parte de algumas lideranças evangélicas. Em 2014, Marina Silva foi novamente candidata e conquistou 21% dos votos, enquanto o pastor Everaldo (PSC) atingiu apenas 0,75%.

O fato é que, se no Legislativo há um crescimento da presença de parlamentares identificados com a militância religiosa, na eleição para o Executivo parece que o mecanismo não funciona.

No momento do voto, a preferência do eleitorado religioso é tão diversa quanto as subdivisões que compõem este grupo. Daciolo pode até gerar alguns memes engraçados, mas nem ele, nem ninguém, conseguirá monopolizar o voto religioso.

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