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“No Ministério da Educação, a troca foi do igual pelo mesma coisa”

Colunista lamenta que senador catarinense Esperidião Amin tenha sido preterido na substituição de Vélez Rodríguez

No Ministério da Educação, a troca foi do igual pelo mesma coisa

Com a lenta, gradual e tardia queda do Ministro da Educação (MEC) Ricardo Vélez Rodríguez, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) perdeu uma enorme oportunidade de atenuar as agitações e desordens do seu governo. Conforme comentamos na semana passada, sob a tutela do agora ex-ministro, o MEC reduziu-se a campo de peleja ideológica protagonizada por militares, técnicos e seguidores do astrólogo Olavo de Carvalho.

Pelo Twitter, o presidente anunciou a saída de Vélez e a indicação de Abraham Weintraub. Exceto o fato de ser professor universitário, o currículo do novo ministro não possui nenhuma relação com a gestão em educação. Se na gestão de Vélez o MEC tinha problemas por influências olavistas, parece que nos dias de Weintraub eles não serão diferentes.

Para o novo ministro, também seguidor do guru da Virgínia, as soluções para a educação brasileira estão em levar a cabo a guerra cultural contra a esquerda marxista. A troca foi do igual pelo mesma coisa.

É claro que não se pode esperar nada muito diferente do governo Bolsonaro. O próprio presidente mobiliza sua torcida com o discurso flash back da guerra fria, porém, é de se lamentar que, neste processo de escolha, foi preterido um bom quadro da política catarinense: Esperidião Amim (PP).

Amim não pode ser chamado de uma novidade política (Bolsonaro também não é), muito menos seria a salvação do governo do capitão, porém, são inegáveis duas característica do senador catarinense: sagacidade intelectual e capacidade de articulação política.

A capacidade de articulação política expressa-se na própria presença no Senado Federal. Em uma eleição que varreu do cenário nacional e estadual nomes conhecidos do eleitor, foi reconduzido ao Senado e vai cumprir o nono mandato político. Como ele mesmo diz, é um sobrevivente.

No último dia 4 de abril, em uma audiência pública na Comissão de Assuntos Exteriores e Defesa Nacional do Senado, depois de uma enigmática exposição filosófica do Ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, (“nazismo é de esquerda” e “política internacional não deve se pautar pelo pragmatismo da agenda comercial”), assim como quase a unanimidade dos senadores presentes, Amim alertou o ministro sobre o perigo da excessiva carga ideológica presente no governo federal.

Apontou os riscos para a economia brasileira e catarinense. Com uma fina e inteligente ironia, Amin iniciou sua fala indicando ao ministro a leitura do filósofo catarinense Clodovis Boff .

Esperidião Amim como ministro da Educação não colocaria fim ao processo de descaso e desmonte da educação pública. Em área tão sensível e importante para o desenvolvimento nacional, porém, não ficaríamos mais corados de vergonha ao ler afirmações como a do ministro escolhido: “Os comunistas são o topo do país, eles são o topo das organizações financeiras; eles não são pobres, eles são os donos dos jornais; eles são os donos das grandes empresas; eles são os donos dos monopólios…”.

Pelo andar da carruagem, não teremos dias melhores no MEC.