Jovens de Brusque têm fotos expostas em redes sociais como se fossem garotas de programa
Pelo menos cinco mulheres tiveram as imagens compartilhadas no WhatsApp e Facebook
Fotos de pelo menos cinco mulheres de Brusque estão circulando em grupos de WhatsApp e no Facebook atreladas à prostituição. As publicações têm acontecido há alguns meses, mas na última semana se intensificaram e têm gerado desconforto e muitos transtornos às vítimas.
Tudo começou depois que elas comentaram em publicações no Facebook que ofendiam uma outra mulher, aconselhando-a a procurar a Justiça em função das difamações. Após os comentários, entretanto, elas tiveram suas fotos espalhadas na internet.
De acordo com as vítimas, o ex-marido da mulher que elas defenderam é o responsável pelas postagens. Segundo elas, ele cria vários perfis falsos no Facebook para espalhar as fotos.
“Nos parece que foi por termos comentado em uma publicação que ele fazia, dizendo que [a ex-mulher] era garota de programa e golpista. Isso é a única coisa que temos em comum. Comentamos as publicações e então começou uma perseguição com a gente”, avalia uma das vítimas.
As vítimas não se conheciam e entraram em contato uma com a outra após tomarem conhecimento do caso. Elas dizem que foram surpreendidas com ligações e mensagens de homens interessados em contratar os seus serviços e também de amigos e conhecidos perguntando o que estava acontecendo.
“Do nada acordei num domingo com muita gente me avisando que minha foto estava no grupo de vendas de Brusque como acompanhante para programa”.
Devido a todo o transtorno gerado pelas publicações falsas, elas tiveram que excluir suas contas do Facebook e, diariamente, recebem prints de postagens em grupos do WhatsApp. “Só um grupo que foi postado as nossas fotos tinha mais de 50 mil pessoas, então não está fácil pra gente”, diz.
“Meus amigos me mandam mensagem a toda hora dizendo que têm fotos minhas nos grupos como garota de programa. Nossas fotos devem estar em todo o estado, se não tiver pelo país”, destaca outra vítima.
“Eu saio e tem gente que fica olhando, cochichando, sem falar de muitas pessoas mandando prints. Muitas pessoas sabem que é mentira, mas continuam compartilhando e também estão cometendo um crime”.
A delegada Andreia Santos Dornelles afirma que é fundamental que as vítimas façam boletim de ocorrência para que o caso possa ser investigado e os responsáveis enquadrados no crime de injúria ou difamação.
Andreia alerta os usuários sobre os perigos de divulgarem notícias ou informações que denigram imagem ou nome de terceiros, como neste caso. “As redes sociais tem um poder positivo de aproximação, troca de informações, mas muitas vezes as pessoas acabam utilizando de forma equivocada, compartilhando informações falsas”.
De acordo com ela, as pessoas que ajudam a disseminar situações de injúria e difamação pelas redes sociais também podem ser responsabilizadas. “É preciso muito cuidado com o que se está compartilhando, pois muitas vezes podem estar atingindo a honra de uma pessoa. Quem compartilha pode ser responsabilizado, sim”.
A delegada diz que está no aguardo do registro de boletim de ocorrência pelas vítimas para poder dar um encaminhamento ao caso. “Como é uma ação privada, depende de uma iniciativa exclusiva da vítima para dar queixa”, orienta.