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Lais Souza: “Quero mostrar que posso melhorar, mesmo não tendo meus movimentos”

Ex-ginasta e palestrante esteve em Blumenau nesta terça-feira

Por Renata Westphal

Lais Souza é uma ex-ginasta que coleciona medalhas de campeonatos brasileiros, jogos pan-americanos e participações em Olimpíadas. Aos 25 anos, mudou de modalidade para continuar participando de Jogos Olímpicos, mas de inverno.

Em 2014, Lais se preparava para competir Esqui Aéreo nas Olímpiadas de Inverno, na Rússia, quando, durante um treino, sofreu um acidente que a deixou tetraplégica. Ela esteve em Blumenau nesta terça-feira, 8, contando a história de quem trocou a adrenalina de saltos e competições pela vida de palestrante em uma cadeira de rodas.

Depois de conversar com os estudantes da Furb, Lais atendeu a reportagem de O Município Blumenau. Ela falou sobre motivação, exposição da vida pessoal e a possibilidade de se tornar paratleta.

O Município Blumenau – Você veio até Blumenau para uma palestra motivacional. O que te motiva?
Lais Souza – Bom, acho que o que me motiva, na maioria das vezes, são as pessoas. Não vou negar que as minhas palestras são de acordo com o meu dia, com o meu humor. Acho que o que me motiva é eu estar com alguém animado, sempre conversando sobre coisas legais e bacanas. Eu procuro estudar também, para não dar errado, porque com certeza o que eu for falar vai dar um eco um pouco maior.

O que você mais gosta da rotina de viagens e palestras?
Gosto muito de conhecer a culinária, que é diferente. Na maioria das vezes eu vou muito para hotéis então, inevitavelmente, eu reparo no cheiro do lugar, das roupas, na educação das pessoas. Eu não faço sempre, mas normalmente dá tempo de conhecer algum lugar.

No fim do ano passado, saíram rumores de que você pretende disputar bocha na Olimpíada de Tóquio, em 2020. Isso está nos seus planos?
Pra ser verdade eu tenho que começar a treinar, né? Então, ainda não é verdade, mas quem sabe? Acho que tá muito perto pra eu conseguir ir pra lá, porque o pouco que eu conheci das pessoas que estavam treinando bocha… Eu tenho que treinar muito pra conseguir estar ali. Rumores…

O que te levou a escolher a graduação em Psicologia?
Estou no terceiro semestre. O que me motivou a escolher foi porque eu provavelmente vou poder trabalhar na área, não vou precisar dos meus movimentos pra isso, e acho que é uma forma de ligar meu cérebro, aprender como lidar melhor com as pessoas, e entender um olhar, um movimento, uma piscada, e até um lamber de lábios.

Como você reagiu à repercussão quando você revelou sua orientação sexual?
Na real, real mesmo, eu achei ridículo. Eu estava passando por uma fase, assim.. A pior fase da minha vida. E as pessoas dando atenção pra uma coisa que não tem nada a ver, que é 100% uma escolha minha, que até minha avó já sabia, todo mundo ao meu redor já sábia e eu ainda tinha que dar um depoimento quanto a isso… Eu achei meio chato, umas pessoas idiotas que não perceberam que elas estão no século 21.

No Instagram você tem meio milhão de seguidores, no Facebook mais de 300 mil. O que você pretende atingir com a exposição nas redes?
Bom, eu uso mas não sou muito ligada nas redes. Hoje eu vejo como necessidade para o meu trabalho, para minha pessoa, até pra eu aprender mais também. O que eu quero é mostrar que eu ainda posso melhorar nos meus treinamentos, mesmo eu não tendo meus movimentos, e passar pra frente conhecimento. Querendo ou não, a minha carreira depende de muitas pessoas e elas são profissionais, então eu penso que se eu olhando (o perfil delas nas redes), aprendo, elas vão olhar e aprender no meu também.

Onde ou em quem você busca inspiração para a luta diária?
Hoje eu me inspiro muito na Mara Gabrilli, que também é tetraplégica, teve um acidente de carro e hoje é deputada federal, então eu sou muito fã dela porque ela se desdobra e ainda lida com a deficiência. Minha família também é minha inspiração, meu sobrinho principalmente. Ele fala “titia”, e sobe na minha cadeira, aquele olhar e ele subir e ver o amor dele, me deixa mole.