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“Brasil precisa de vontade política para proteger aquilo que é cantado no Hino Nacional”

Todos têm obrigação de preservar

Enganam-se redondamente os que acham que é primeiro preciso desenvolver a economia para depois preservar a natureza, como tenho ouvido de vez em quando. A Albânia, por exemplo, é a 121ª economia do mundo, um dos países mais pobres da Europa, enquanto o Brasil está na nona posição neste quesito.

A renda média do albanês é de 431 dólares enquanto a do brasileiro é de 545 dólares. Em poder de compra eles estão em 89º lugar no “ranking” mundial e a vida naquele país acaba sendo um pouco mais cara que aqui.

Há poucos dias a Albânia, em decisão inédita, resolveu transformar em Parque Nacional, ou seja, proteger permanentemente, o rio Vjosa, um dos últimos rios “selvagens” da Europa. Com a decisão, diz a notícia da Agência Reuters, “o rio e seus afluentes não poderão ser alvo de nenhum projeto de construção”, leia-se aqui, barragens e outras interferências do gênero.

Com isso preservam-se as características naturais do rio de 270 quilômetros, um pouco menor que o nosso rio Itajaí Açu. Em termos de área esse estreito e sinuoso Parque Nacional soma 12.700 hectares, uma área expressiva, considerando ser a Albânia um país com apenas um terço da área de Santa Catarina.

O Brasil, muito mais rico que a Albânia, precisa somente de vontade política para proteger aquilo que é cantado no Hino Nacional, mentirosamente, por sinal, que “nossos bosques TÊM mais vida”. No atual andar da carruagem, os escolares já deviam estar cantando que nossos bosques TINHAM mais vida. Pessoalmente, prefiro cantar que nossos bosques TÊM QUE TER mais vida e é por isso que acho que devemos continuar lutando.

Os políticos dizem que nossos parques naturais não funcionam e volta a ser discutido no Congresso Nacional um absurdo projeto que diminui em 20% a área do Parque Nacional de São Joaquim, na Serra Catarinense. Esquecem que são eles mesmos os responsáveis para reverter esse quadro, fazendo com que os parques possam ser enfim implementados e até aumentados, em vez de diminuídos.

Ficar achando que tudo se resolve pelo modo mais fácil, deixando simplesmente deixar passar a boiada não vai contribuir para um futuro melhor para todos, futuro esse que passa obrigatoriamente pela adequada proteção ambiental, onde a preservação da natureza é componente obrigatório.

Nosso país tem tudo para ser um grande líder da preservação mundial e nem falo da Amazônia. Falo daqui mesmo, da nossa região Sul, cheia de belezas naturais que, bem conservadas, constituirão atrativos de ecoturismo de fazer inveja a muitos outros lugares do mundo.

O Brasil é muitíssimo mais rico que a Albânia e todos estão carecas de saber que o que precisamos é de mais justiça social, uma justiça que não envolve apenas aspectos econômicos e de oportunidades iguais para todos. Passa também, obrigatoriamente, pela justiça ecológica.

Em 1982 as espetaculares Sete Quedas do rio Paraná desapareceram afogadas nas águas da represa de Itaipú, inaugurada naquele ano.

Alertada por contundente denúncia pública do empresário Udo Schadrack em 1979, sobre a devastação que se iniciava nas florestas da Serra do Itajaí, pondo em perigo a segurança de vários municípios próximos, a Acaprena criou este cartão de Natal “ecológico”, montado com foto aérea que cliquei do teco-teco do Aeroclube de Blumenau em 1980.

Em primeiro plano as cabeceiras do rio Garcia em Blumenau. Ao fundo e à esquerda do centro da foto, o Morro Spitzkopf visto pelo seu lado Sul. Mais à direita, bem longe, o Morro do Cachorro. Entre esses dois morros, mais abaixo, a silhueta arredondada do Morro da Cia. Hering, quase no Centro de Blumenau. Bem à direita da foto e antes do horizonte, pontudo, o Morro Bugerkopf no Garcia.

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