Memórias da Acaprena: versão de duas testemunhas históricas
Amigos de O Município, hoje cedo o espaço para a esposa Êdela e filha Maioí contarem suas memórias da Acaprena.
Meu nome é Maioí Bacca, sou filha de Lauro e Êdela Bacca, tenho 44 anos, e conheço a ACAPRENA há 44 anos e 9 meses!
Há 50 anos, um estudante do curso de História Natural da Furb, que hoje é o curso de Biologia, falou com alguns amigos, que gostaria de criar uma ONG para lutar a favor do meio ambiente. Entre os estudantes, dois professores do curso também participaram das conversas sobre esta grande ideia.
Como foi o diálogo, como se desenrolaram as conversas, não sabemos, mas de um jeito ou de outro, não é que deu certo? E nascia então a ACDFF (Associação Catarinense da Defesa da Flora e da Fauna) que foi a primeira versão do nome, mas como soava muito estranho, mudaram para ACPN (Associação Catarinense de Preservação da Natureza), e enfim optaram por uma pronúncia mais acessível, a nossa ACAPRENA!
A primeira diretoria foi composta pelas seguintes pessoas:
Como 1° Presidente o então estudante Lauro Eduardo Bacca
O Vice-Presidente era o professor Alceu Natal Longo
1° Secretário o também estudante Nélcio lindner
A professora Marlene Lauterjung ocupou o cargo de 2° Secretária
E como 1° e 2° Tesoureiros os estudantes Nicanor Poffo e Nívia da Silva, respectivamente.
Com a diretoria formada, logo começaram as ideias e diálogos entusiasmados e a primeira questão levantada foi que Santa Catarina não tinha árvore símbolo. Então resolveram propor uma e foram pedir ajuda para o Dr. Roberto Klein que sabiamente sugeriu a IMBUIA. Perfeito!!
Agora então, precisavam da flor símbolo e pensaram: o Dr. Raulino Reitz pode nos dizer qual. A orquídea “Laelia Purpurata”!! MARAVILHA!!
Árvore e flor símbolo de Santa Catarina escolhidos, começaram as preocupações em lutar a favor do meio ambiente como a questão da dessalinização das Lagoas do sul do estado, crime ambiental que a ACAPRENA contribuiu para impedir;
Depois fizeram uma passeata na Rua 7 de setembro protestando contra um projeto de implantação de uma usina de gaseificação em Blumenau, que traria carvão do sul do estado e além da poluição produzida pela própria usina, o carvão ainda viria de barcaças do porto de Itajaí até Blumenau e… a usina não foi construída.
Outra inquietação destes imparáveis ambientalistas foi a mineração de carvão no sul do estado. A poluição causada por ela estava deixando as pessoas doentes, então começaram a pressionar as autoridades e demorou, mas a mudança aconteceu, e estes foram alguns, dos inúmeros feitos e ações de sucesso da ACAPRENA.
E a ACAPRENA também é cultura e conhecimento.
Quem conhece o que temos de ambientes naturais na cidade, no estado e no país?
Quem já ficou sabendo, ou já participou de alguma das “famosas” excursões da ACAPRENA?
…Itatiaia, Pantanal, Serra dos Órgãos, Chapada dos Guimarães, Foz do Iguaçu, Serra do Tabuleiro, Serra do Rio do Rastro, Itaimbezinho, Aparados da Serra, Sete Quedas, Serra do Corvo Branco, Campo dos Padres, Casa do Fritz Plaumann, Barragem de Itá, Poluição em Cubatão – SP, Spitzkopf, Morro do Baú, Serra de Petrópolis, Instituto Butantan, Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Exposição 200 anos Charles Darwin em São Paulo, Cavernas de Botuverá, Cavernas do Petar no Vale do Ribeira em São Paulo e várias outras…
Sem contar as muitas e muitas caminhadas em Blumenau… A Caminhada Musical de Vidal Ramos, Caminhada da Vila Itoupava, Caminhada das Nascentes, Caminhos do Fritz Müller, e por aí vai… Bom, nós duas, mais a Iumaã e o Aianarí lembramos de mais umas dezenas de excursões, caminhadas, eventos, exposições, manifestações, palestras, escaladas, acampamentos, barracas, alojamentos, subidas, descidas, dentro do rio, fora do rio, mosquitos, butucas, pernilongos, maruins, cobras e mais cobras, estradas que não passava 1 carro, mas a ACAPRENA passava com 1 ônibus… e as histórias são muitas…
Fora isso a ACAPRENA ainda promoveu concurso de fotografias, agendas temáticas com o apoio da Momento Engenharia e agora Veólia, confecção e venda de camisetas, acampamentos com feijoadas, peixadas, macarronadas, etc…
Bom, histórias à parte, outra atividade muito importante da ACAPRENA foram as palestras! Palestras nas universidades, em escolas públicas e particulares, em empresas, indústrias, no comércio, nos rotaris e lions, igrejas, e por aí vai…
Mas a mais gloriosa realização da ACAPRENA foi o Parque Nacional da Serra do Itajaí, onde vimos nosso marido e pai e a professora Lúcia Sevegnani quase cairem doentes com tamanho esforço, sofrendo ameaças de morte, envolvidos em muitos conflitos decorrentes do processo de criação deste grande feito…
São 50 anos de história, e vocês vão encontrar MUITO mais nesse maravilhoso livro, feito com tanto carinho: “Acaprena 50 anos da primeira entidade ambiental catarinense”.
Este foi um breve relato de algumas das atividades desta ONG, pioneira no estado de Santa Catarina, nossa versão, nossa memória.