Os cinquenta anos da Acaprena

Há cinquenta anos vivíamos numa época em que os que se arriscavam a defender a natureza e protestar contra a poluição e a devastação das florestas eram logo taxados de retrógrados, de serem contra o tão necessário “progresso”.

Foi nesse contexto que um grupo de alunos do curso de História Natural da Furb, atual Ciências Biológicas, sob inspiração do doutor Paulo Nogueira-Neto, da Universidade de São Paulo, com apoio de dois professores, fundava a primeira entidade ambientalista de Santa Catarina, a Associação Catarinense de Preservação da Natureza (Acaprena).

Algo, porém, começava a mudar, ainda que muito lentamente. Com a primeira Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente em Estocolmo, ocorrida em 1972, os governos de todas as nações passaram a ser alertados e compelidos a tomar cuidados ambientais, pois, como as coisas estavam, não dava para continuar.

Era necessário se preparar para os desafios de uma população em franco crescimento, do aumento da poluição e do consumo dos recursos naturais, sabidamente finitos como finito é o nosso Planeta, único que se sabe até o momento, capaz de abrigar a maravilhosa teia da vida, tal como a conhecemos.

Dentro do princípio da “Visão Global – Ação Local” a Acaprena pode se orgulhar de vasta folha de serviços prestados à comunidade, dando sua contribuição às necessárias mudanças preconizadas pela ONU.

Não se trata de coincidência, por exemplo, que Santa Catarina foi um dos primeiros estados a contar com um órgão ambiental na estrutura de governo e Blumenau foi a primeira cidade do país a contar com um órgão específico para essa função: a Fatma (atual IMA) estadual e a Aema, (atual Semmas) municipal foram proposições feitas pela Acaprena aos respectivos governos da época.

Passado meio século, pode-se dizer que dezenas de milhares de pessoas foram e continuam sendo conscientizadas pelas ações da Acaprena, incluindo governos estadual e municipais que foram instados a cumprir com suas obrigações, por bem, via denúncias e sugestões, ou. por vias “forçadas”, digamos assim, por mobilização do poder judiciário.

Ponto alto desde a fundação, foram as ações de educação ambiental e, principalmente, proporcionar às pessoas a chance de aprender com o contato direto com a natureza e com as questões ambientais através das conhecidas excursões da Acaprena. Foi dessa forma que milhares de participantes tiveram a oportunidade de conhecer in loco os problemas e soluções ambientais em praticamente todo o Estado de Santa Catarina, mas, também, nos estados mais próximos, chegando até o Rio de Janeiro e pantanal de Mato Grosso.

A Acaprena fez e continua fazendo a diferença, bem dentro do espírito do Artigo 225 da Constituição Federal, que diz que “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.

Hoje a situação se inverteu e retrógrados são considerados os que ainda não acreditam na importância dos tão necessários cuidados ambientais em todo e qualquer canto do planeta.
A Acaprena tem uma história rica e bonita, agora eternizada em livro comemorativo a ser lançado na próxima sexta-feira, dia 5 de maio de 2023, dia dos seus 50 anos, na Universidade Regional de Blumenau, Furb, onde sempre esteve fisicamente abrigada, ainda que sem vínculo formal com a instituição.

Se este autor fosse selecionar o melhor mensagem que viu nesse tempo todo, eu escolheria, dentre tantas e tantas ótimas ideias, uma antiga campanha da Fatma, numa Semana do Meio Ambiente, em que, junto à figura de duas mãos envolvendo o planeta Terra havia os dizeres: “Vamos cuidar dessa bola com carinho, Deus não vai fazer outra”.

Na falta de foto daquele momento (ninguém se lembrou), seguem os nomes dos fundadores da Acaprena, em 05 de maio de 1973:

Diretoria

Presidente – aluno Lauro Eduardo Bacca
Vice-Presidente – prof. Alceu Natal Longo (Botânica)
Secretário – aluno Nélcio Lindner
2º Secretária – profª Marlene Lauterjung (Zoologia)
Tesoureiro – aluno Nicanor Poffo
2º Tesoureira – aluna Nívia da Silva.

Conselho Consultivo

Erica Heidemann, Jaime Tomelin, Leila Denise Longo, Marisa Elsa Demarchi e Vitório Felski.


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