Um santuário da Ciência

Um casarão diferente, construído há 70 anos, em amplo terreno, chama a atenção de que quem passa próximo da Igreja Matriz, no Centro de Itajaí. Trata-se do prédio desenhado especificamente para abrigar o Herbário Barbosa Rodrigues, famoso no Brasil e no Exterior para quem trabalha com a Ciência Botânica e um ilustre desconhecido para o público em geral.

Herbários, ensina-nos a Wikipédia, são depositários da riqueza vegetal de uma região, de um país e do planeta. Eles contêm coleções de plantas conservadas secas e organizadas para fins de pesquisa científica. Por extensão, herbário também é o prédio, as salas e as instituições que abrigam essa coleção de plantas secas prensadas, testemunhas silenciosas da existência ou do inaceitável desaparecimento de espécies.

O interior do Herbário Barbosa Rodrigues guarda um verdadeiro tesouro, resultado de um trabalho incrível de várias mãos, mas, principalmente, dos botânicos Padre Dr. Raulino Reitz e Dr. Roberto Klein. Essa dupla de notáveis, na busca e identificação de material botânico percorreu, ao longo de três décadas, milhares de quilômetros, de todas as formas possíveis: em veículos como o velho jipe do Pe. Raulino, a pé, a cavalo, de trem, de motocicleta, de barco e de canoa, abrangendo todas as regiões e municípios do Estado.

Não foi à toa que Santa Catarina foi o estado que primeiro e melhor conheceu sua flora e vegetação em todo o Brasil. Cinquenta anos depois, outro trabalho de vulto e de altíssima qualidade, o Inventário Florístico-Florestal de SC, coordenado pela Furb, comprovou a importância e a abrangência do trabalho de Raulino Reitz e de Roberto Klein, mantendo SC na linha de frente da pesquisa botânica no Brasil.

Para quem trabalha na área das Ciências Naturais, Agronomia, Farmacologia e afins, olhar o prédio do Herbário Barbosa Rodrigues em Itajaí equivale a contemplar um verdadeiro santuário da Ciência, um tesouro que raríssimas cidades podem se orgulhar de ter. Aquelas paredes são testemunhas de muito planejamento, trabalho, suor, competência, abnegação e determinação.

Herbário Barbosa Rodrigues/Divulgação

Impossível olhar a empoeirada máquina datilográfica que ainda está lá dentro, sem imaginar as milhares de correspondências que dali, dedilhadas em papel, partiram para vários cantos do mundo. Foi um instrumento histórico de fazer Ciência e que também serviu para preencher, uma a uma, as dezenas de milhares de fichas catalográficas em retângulos de cartolina que preenchem gavetas e mais gavetas, rigorosamente ordenadas, obra de um tempo em que não haviam as atuais facilidades propiciadas pelo computador.

Ao apreciar o velho binóculo fica-se a imaginar quantas vezes ele foi direcionado pelas mãos de Reitz ou de Klein para o alto das árvores a 20 ou 30 metros do chão, ou para a distante margem oposta de um rio, na busca de uma espécie ainda não catalogada, que precisava ser coletada.

Salas abarrotadas de latas, cada qual por sua vez abarrotada de plantas secas, somando cerca de 70 mil amostras de material botânico coletado, representam praticamente toda a flora de Santa Catarina. Muitas delas, se não tivessem sido identificadas há mais de 60 anos, hoje não seriam mais encontradas, por estarem provavelmente extintas.

Em maio do ano passado, em comemoração pelos 80 anos do Herbário Barbosa Rodrigues, uma solenidade marcou um acordo, oficializado no final do ano, que permitiu à Univali de Itajaí assumir a administração, guarda e conservação do seu acervo, além, claro, da estrutura física do prédio.

Obviamente que tal tarefa demanda recursos, nem sempre facilmente disponíveis. No entanto, se os novos gestores conseguirem transferir ao público e turistas, a mesma sensação de santuário da Ciência tal como a percebem os cientistas da área, seu sucesso enquanto atração turística nacional e internacional estará garantido.

Teremos aí, fruto do turismo, uma fonte de recursos preciosos que auxiliarão na manutenção deste importante tesouro histórico e científico, encravado em pleno Centro da bela e aprazível cidade de Itajaí.

Prestes a completar 50 anos como ONG ambientalista mais antiga de Santa Catarina, Acaprena, dentre várias atividades, sempre organizou excursões abertas ao público com o objetivo de conhecer os mais variados aspectos ligados ao meio ambiente, caso desta visita em Seara-SC ao famoso entomólogo FRITZ PLAUMANN, de uma vida inteira dedicada ao estudo e à catalogação de insetos, já bem idoso, sentado próximo ao centro do grupo. Foto Lauro E. Bacca, 1988.


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