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Liderança feminina: empresárias de Blumenau falam sobre trajetória e desafios

Nesta sexta-feira, dia 8 de março, é celebrado o Dia Internacional das Mulheres. Dentre as inúmeras líderes femininas que representam Blumenau e região, três compartilharam suas experiências e história de vida para trazer uma mensagem inspiradora à coluna. Conheça a trajetória dessas três mulheres que impactam o mundo de negócios da cidade:  Formando novas líderes  […]

Nesta sexta-feira, dia 8 de março, é celebrado o Dia Internacional das Mulheres. Dentre as inúmeras líderes femininas que representam Blumenau e região, três compartilharam suas experiências e história de vida para trazer uma mensagem inspiradora à coluna. Conheça a trajetória dessas três mulheres que impactam o mundo de negócios da cidade: 

Formando novas líderes

Filha de professores que sempre incentivaram os estudos, Carolina Valle Schrubbe passou o início dos seus 42 anos de vida se dividindo entre diversos sonhos. A blumenauense já pensou em ser astronauta, professora, comerciante, decidiu ser dentista e, no fim, cursou Direito. 

Foi durante a graduação que ela entrou no mundo financeiro, após ser selecionada no concurso da Caixa Econômica Federal. Durante os 15 anos na instituição, ela passou por seis cargos de progressão profissional e foi instrutora estratégica da Universidade Caixa por quase uma década. 

“Usando a experiência adquirida no mundo corporativo, associada a estudos realizados com a Universidade da Flórida, com a MGSCC (reconhecida como a principal escola de desenvolvimento comportamental de executivos) e a formação executiva na Fundação Dom Cabral (7ª melhor escola de negócios do mundo), pedi baixa do concurso e há sete anos tenho minha própria empresa de aprimoramento de líderes e transformação cultural”, conta a fundadora da QUARE Desenvolvimento.

Apesar de estar realizada no âmbito profissional, ela ressalta que o maior desafio para as mulheres no mundo corporativo é o equilíbrio. “Nossa autocrítica costuma ser elevada, nosso preparo normalmente é exaustivo e nosso nível de culpa ao avaliarmos o tempo dedicado à família e à carreira nos desgastam física e emocionalmente”, explica. 

Mãe de duas meninas, para ela a prioridade é que as filhas cresçam se sentindo seguras, amadas e felizes. Porém, para isso, ela entende que não é possível se dedicar completamente a nenhuma função. 

“Não há como ser 100% em tudo. Você é 100% e divide esse número em percentuais dedicados a si mesma, à família, ao trabalho, amigos… O caminho é estar 100% no momento presente”, aconselha. 

E quanto à posição de liderança, ela dá a dica: “a vida te ensina a se relacionar, não a liderar. Liderança é uma ciência, portanto estude! Tenha objetivos claros, procure parcerias, conviva com pessoas de objetivos similares ou que já conquistaram o que você procura”. 

Reinvenção

Fabiana de Souza Dickmann, 48, compartilha da mesma visão e acredita que o foco de mulheres que buscam confiança para manter um cargo de liderança deve ser o estudo. Os outros dois conselhos da empresária são: manter conexão com outras mulheres de sucesso e enfrentar com serenidade as dificuldades do dia a dia na empresa. 

Depois de quase uma década atuando nas Operações Comerciais de uma grande emissora e cinco anos em uma cooperativa de crédito, ela acabou sendo desligada na pandemia. Foi nesse momento que ela decidiu focar na empresa que administra com o esposo, a JRD Serviços e Treinamentos.

Bacharel em Administração de Empresas e pós-graduada em Gestão de Pessoas, Fabiana é mãe de dois jovens e sente que as diversas atribuições da mulher acabam sendo um limitador no crescimento profissional. Para ela, se desapegar de alguns preciosismos torna a jornada mais tranquila. 

“Por muito tempo eu relutei em abrir mão do meu papel como dona de casa. Hoje cuido de toda a parte financeira, RH e Gestão de Pessoas da JRD, então precisei desapegar da ideia de que ninguém faria do jeito que faço e contratar uma diarista”, exemplifica. 

Paixão herdada pela família

A blumenauense Débora Rothermel cresceu em meio ao legado da família, a casa noturna Rivage. Um marco na cidade, foi natural para ela manter o negócio dos pais, que administra

junto do esposo Rodrigo da Silva há uma década. Recém-chegada na faixa dos 40, ela se formou na área de Publicidade e Marketing já planejando trilhar este caminho. 

“Desde pequena meus pais sempre me incentivaram a desenvolver diversas experiências focadas no meu crescimento moral, intelectual e de liderança. Participei do Escoteiro Leões e tive a oportunidade de ser Filha de Jó no Bethel Queren Hapuc de Blumenau. Estas duas ‘escolas’ me auxiliaram no meu processo de formação pessoal”, relata. 

Débora relembra que desde a adolescência os pais influenciavam as filhas a dar valor ao dinheiro, tornando a “mesada” uma troca por tarefas na casa. Aos 16 ela já iniciou trabalhando com os eventos e desenvolveu a responsabilidade financeira que formou a empresária. Foi quatro anos depois que ela e a irmã Josiane receberam dos pais a D’lay Club.

“Começamos a empresa em 2003 e em 2006 dei sequência no negócio sozinha, foi uma das maiores oportunidades e escolas da minha vida. A balada localizada na Alameda Rio Branco marcou uma geração dos anos 2000 e é lembrada com muito saudosismo”, relembra.

Em 2011 ela decidiu encerrar o negócio e focar na Rivage, já que os pais estavam prontos para passar gradualmente o comando da gestão. Foi durante a crise financeira no país que ela decidiu transformar um projeto universitário em realidade: transformar a casa noturna em um espaço de eventos. 

“Em abril fará oito anos que iniciamos essa mudança e o tempo mostrou que ela foi extremamente acertada. Eu me orgulho muito da minha história e da minha trajetória e da mulher que eu sou hoje. Apesar de continuar um legado familiar, o caminho não foi nada fácil. Vencemos e passamos por cada obstáculo. Eu, meu esposo e nossa equipe, que sempre esteve conosco”, celebra.

Porém, por fazer parte de um mercado de trabalho ainda pouco ocupado pelas mulheres, ela percebe como o pulso firme que herdou da família foi importante nessa trajetória. Dentre as principais dificuldades, ela cita a desigualdade salarial, a recepção no mercado de trabalho e a dupla jornada entre empresa e casa. 

“Se eu pudesse dar algum conselho, eu diria para as mulheres administradoras que acreditem em si mesmas, não importa o que os outros digam. Serão poucos os que te ajudarão nas batalhas diárias, mas cada ganho será intenso e cada perda um aprendizado. Nós mulheres temos algo único que é aquela voz interior, que precisamos aprender a ouvir atentamente e com sabedoria”, reflete.