Entre os vários tipos de câncer, o tumor no cólon é um dos mais comuns no mundo todo e está relacionado com os hábitos de vida, como má alimentação, consumo de bebidas alcoólicas, tabagismo, sedentarismo e obesidade. O consumo de carnes processadas e o de carne vermelha em excesso está fortemente associado ao aumento do risco de desenvolvimento de câncer de cólon.
De acordo com a especialista, a conscientização é extremamente importante, visto que quanto antes o tumor for detectado, maiores são as chances de cura. O diagnóstico de câncer de cólon é estabelecido pelo exame histopatológico de espécime tumoral obtido por meio da colonoscopia ou do exame do órgão.
Pólipos
Grande parte desses tumores se origina de pólipos, que são lesões que podem crescer na parede interna do intestino grosso. “Os pólipos são formados por uma proliferação de células que antecedem o câncer. Eles são o primeiro indício de que ali é um terreno fértil para o tumor”, explica a médica patologista, Beatriz Moreira Leite. Segundo ela, os pólipos devem ser retirados e analisados pelo patologista. “Há pólipos que podem chegar a 2 centímetros e às vezes nesses já pode ser encontrado um câncer dentro. É mais comum nos pólipos maiores. Os pólipos estão associados com a idade também, então quanto maior a idade da pessoa, maior as chances de se ter um pólipo”.
Tendências genéticas
A polipose familiar é uma doença hereditária que gera grandes quantidades de pólipos colônicos e retais. De acordo com a especialista, as vítimas podem apresentar mais de 100 pólipos, de vários tamanhos. Com elevado risco para câncer de cólon em idade precoce.
Já a Síndrome de Lynch, uma alteração genética, está associada a câncer de ovário, cólon e útero (endométrio), no caso das mulheres. De acordo com a especialista, há famílias que têm maior incidência dos três tipos de tumores, que estão associados devido à predisposição genética.
Impactos dos hábitos de vida
A especialista diz que os pólipos não se formam sozinhos e estão associados aos hábitos de vida e a idade. De acordo com a patologista, o consumo dos alimentos processados, embutidos e defumados estão associados com a má alimentação e podem influenciar no aparecimento do tumor.
“Principalmente os produtos processados. Isso está associado a uma alteração no meio interno do cólon, Durante o processamento, os embutidos e processados são submetidos a altas temperaturas, resultando na produção de aminas e hidrocarbonetos com potencial carcinogênico em pessoas com predisposição genética. Pessoas que consomem muita carne e poucos vegetais têm uma retenção do material no cólon, visto que o ritmo intestinal é lento. Com isso, as substâncias cancerígenas ficam mais tempo em contato com a mucosa do cólon.
Novo exame
De acordo com a especialista, o câncer se forma devido a múltiplas lesões no DNA. “Existem genes de policiamento dos erros do DNA, há pessoas que tem instabilidade de microssatélites – que não consegue reparar um pareamento errôneo do DNA. Com isso, o organismo não consegue fazer a troca, por isso podem ter um câncer mais agressivo e em idades menores”.
A patologista comenta que a situação pode ser identificada na biópsia, por meio da imunoistoquímica, que vai pesquisar a instabilidade de microssatélites. “São vários tumores que podem tem esta alteração no exame, não apenas o do cólon”, pontua Beatriz.
A orientação geral é que a partir dos 50 anos as pessoas devem realizar uma colonoscopia para detectar uma possível alteração. Se a pessoa tem histórico de câncer de cólon na família, a recomendação é que o exame seja feito cerca de cinco anos antes da idade em que o familiar descobriu o tumor, conforme explica a médica patologista, Paula de Carvalho.
Por meio do material coletado na colonoscopia, as patologistas conseguem identificar se há ou não câncer, o tamanho e se a proliferação de células já tinha indícios de que estava se transformando em câncer – a displasia epitelial. Também é possível definir qual linha o tumor vai seguir, se as lesões são de baixo ou alto grau e o estadiamento, ou seja, verificar quais camadas do intestino já foram tomadas e se ele já se espalhou.
“O câncer de cólon tem um bom prognóstico, se realizado o diagnóstico precoce, a pessoa tem grandes chances de cura”, acrescenta Paula.