Menina de Blumenau sequestrada pelo pai será ouvida em depoimento especial, aponta polícia
Anderson se entregou com a filha em delegacia na favela da Rocinha, porém delegado afirma que ainda não há informações sobre o local onde eles estavam escondidos
A família da menina de Blumenau que desapareceu há 15 dias já está no Rio de Janeiro (RJ) para buscá-la. O delegado Bruno Fernando, da Delegacia de Polícia de Proteção à Mulher, à Criança e ao Adolescente (Dpcami), também aponta que a criança será ouvida em depoimento especial, que será realizado em juízo para evitar revitimização.
Ela e o pai, Anderson Rafael Hasse, de 40 anos, estavam desaparecidos desde o início de março, quando ele não a devolveu após um fim de semana de visitação. Entretanto, após investigação, a Polícia Civil pediu pela prisão temporária de Anderson pelos crimes de sequestro, cárcere privado e desobediência.
Nesta manhã de sexta-feira, 21, a polícia confirmou que a menina está bem e foi levada a um abrigo na capital carioca, onde aguarda pela família. O delegado também apontou que Anderson se entregou com a filha em uma delegacia localizada na favela da Rocinha. Contudo, ele afirma que ainda não há informações sobre o local onde eles estavam escondidos durante todo esse tempo.
Em relação a Anderson, o delegado informou que ele aguarda a determinação judicial sobre seu recambiamento para o estado de Santa Catarina, onde reside, após passar por audiência de custódia.
Durante este processo, a Justiça decidirá sobre os próximos passos, incluindo a possibilidade de prisão preventiva. O inquérito policial, segundo Bruno Fernando, está em andamento e deverá ser concluído no prazo de 30 dias.
Anderson se entregou nesta quinta-feira
Na noite desta quinta-feira, 20, Anderson se entregou para a polícia. Conforme o delegado, os dois se encontram em uma delegacia na capital carioca, localizada na favela da Rocinha.
No dia 28 de fevereiro, a criança foi passar o fim de semana de visita com o pai, que ocorre a cada 15 dias. Como naquele fim de semana havia feriado de Carnaval, ele poderia devolver a filha na quarta-feira, 5, na escola, às 13h15. No entanto, isso não ocorreu. Ao buscar a menina no final do dia, a mãe constatou o desaparecimento.
Em vídeo divulgado no programa Cidade Alerta, Anderson afirmou que a atitude foi para proteger a filha.
Pai que sequestrou a própria filha enviou vídeo para programa de TV:
Pai que sequestrou a própria filha, enviou um vídeo exclusivo para o #CidadeAlerta e diz que vai à delegacia se entregar. No relato, Anderson, alega que tudo o que fez foi para proteger Bianca.
Acesse https://t.co/zCfI2WeniS e assista à reportagem completa do #CidadeAlerta pic.twitter.com/4uVIoqbPVu
— Cidade Alerta (@cidadealerta) March 20, 2025
Desaparecimento da menina de Blumenau
A investigação da polícia apurou que Anderson planejava há cerca de três meses desaparecer com a filha. Segundo depoimentos de amigos e familiares, o homem demonstrava insatisfação com a perda da guarda da criança e relatava um suposto abuso cometido por um familiar, o que teria motivado as ameaças. Conforme as investigações, Anderson dizia que, caso não conseguisse fugir com a filha, mataria o familiar. Os fatos foram detalhados no inquérito policial e atualmente tramitam no Poder Judiciário.
A Polícia Civil descobriu que Anderson vinha se desfazendo de seus bens, como carro e instrumentos musicais, e também havia realizado um empréstimo bancário de R$ 60 mil para financiar a “empreitada criminosa”, conforme relata o delegado.
No dia em que foi visto pela última vez, Anderson foi deixado na região do Morro do Baú, em Ilhota, com várias malas e instrumentos musicais. Ao motorista de aplicativo que o levou, ele afirmou que um amigo o buscaria para ir a Blumenau e, posteriormente, viajaria com colegas para Piratuba, no Oeste de Santa Catarina, para aproveitar o feriado de Carnaval. Porém, os colegas negaram qualquer participação ou conhecimento dessa suposta viagem.
Acusações apuradas pela polícia
Além do planejamento para a fuga, Anderson é acusado de praticar alienação parental, manipulando emocionalmente a filha contra a família materna. Essa conduta foi um dos principais fatores para a decisão judicial que resultou na perda da guarda da criança.
Diante dos fatos, a Polícia Civil representou pela prisão temporária de Anderson pelos crimes de sequestro, cárcere privado e desobediência. O pedido foi acolhido pelo Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC) e deferido pelo Poder Judiciário pelo prazo de 30 dias.
Até então, o último contato confirmado com Anderson havia sido em 1º de março. A comunicação oficial da fuga chegou à Dpcami no dia 6, o que chegou a levantar suspeitas de que ele já tivesse deixado Santa Catarina ou até mesmo o Brasil.
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