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“Meu maior legado foi a transparência e a eficientização da gestão”, diz Napoleão Bernardes

Um ano e meio depois de deixar o cargo, ex-prefeito avalia gestão, atuação de Mario Hildebrandt e futuro político

Cerca de um ano e sete meses se passaram desde que Napoleão Bernardes anunciou a renúncia de seu segundo mandato como prefeito. O objetivo inicial era se candidatar a senador. Os ventos da política o fizeram, nos últimos instantes, mudar a estratégia para buscar a posição de vice-governador, em uma chapa formada com ele, até então do PSDB, e Mauro Mariani, do MDB.

Nem Napoleão, nem Mariani – tampouco Gerson Merísio (até então, filiado ao PSD), apontado por pesquisas como principal rival de Mariani no segundo turno – venceram o pleito, assistindo a chegada de Carlos Moisés (PSL) ao poder.

Com isso, interrompeu-se uma sequência de 10 anos de mandatos consecutivos de Napoleão, desde 2008, quando se elegeu vereador pela primeira vez, até 2018, término de seu segundo mandato como prefeito de Blumenau.

Alice Kienen

Neste período, chamado pelo próprio Napoleão como ‘sabático’, o ex-prefeito afirma que busca se atualizar. “A função pública te limita o acesso ao conhecimento, aos estudos, coisas que vejo que são necessárias para um administrador. Agora retornei às minhas funções como professor de Direito na Furb, estou fazendo um doutorado e buscando voltar às atividades na advocacia”.

Depois de deixar o PSDB, neste ano Napoleão se filiou ao PSD. No entanto, ele afirma que não se trata de um objetivo político, a menos a curto prazo. “Foram 20 anos de PSDB. Me envolvi desde a época da juventude partidária. No entanto eu acredito que, dentro da política municipal, meu ciclo está encerrado, por isso pedi a desfiliação. Aí o Milton Hobus (PSD), que teve uma administração muito boa em Rio do Sul, me fez um convite apresentando uma renovação no partido, e é apenas em função disso que eu aceitei”.

Legado

Por pouco mais de cinco anos, Blumenau teve Napoleão Bernardes como prefeito. Sua primeira eleição foi em 2012, aos 30 anos, e depois em 2016, aos 34. Atualmente com 37 anos, ele avalia como positivo o período de sua gestão.

Para ele, foi um momento delicado devido às crises políticas e econômicas enfrentadas pelo país, além de algumas peculiaridades que ocorreram na própria cidade, como as frequentes paralisações dos trabalhadores do transporte coletivo. “Eu fui prefeito durante a maior crise econômica do Brasil. Foi um período conturbado e nebuloso. Houve o menor índice de reeleição de prefeitos no país”.

Mesmo assim, Napoleão acredita ter feito um bom papel, e elenca o formato da sua gestão como sua melhor contribuição a Blumenau. “Acredito que meu maior legado foi a transparência e a eficientização da gestão. Isso inclusive me fez conquistar um prêmio do Conselho Federal de Administração Pública, como melhor gestor público do país”.

Recentemente, Napoleão recebeu convite para palestrar em Washington (EUA), sendo um dos conferencistas do Fórum Global de Parceiros do Programa Global para Participação e Controle Social. O evento trata sobre responsabilidade social, transparência na gestão pública e desafios da inclusão social.

Além do tema gestão, Napoleão Bernardes também mencionou obras públicas realizadas em diversos bairros, além do investimento no paradesporto municipal.

Transporte coletivo

Alice Kienen

Há cerca de uma semana, a população blumenauense foi surpreendida com a paralisação momentânea de alguns ônibus em Blumenau. De maneira imediata, a situação foi remetida ao período de crise do setor, entre 2015 e 2016, quando o contrato com o Consórcio Siga precisou ser rompido até que o problema fosse solucionado.

No entanto, a situação de greve foi rechaçada pelos próprios trabalhadores. Para Napoleão, as situações foram totalmente adversas. “Chegávamos a ter três paralisações por mês. Era um caos total. A empresa simplesmente não pagava seus funcionários. Foi necessária uma medida enérgica, mas hoje Blumenau conta com a mais moderna frota do Brasil e com dois terminais urbanos novos quase entregues”.

Gestão Mário

Mário Hildebradt (sem partido) aceitou ser candidato à vice-prefeito ao lado de Napoleão Bernardes em 2016. Se elegeu, e pouco mais de um ano depois precisou assumir como prefeito de Blumenau, após a renúncia de Napoleão.

Observando agora do lado de fora a gestão do colega, o ex-prefeito acredita que o trabalho está sendo bem feito. “Eu tenho uma admiração pessoal pelo Mário. Nós trabalhamos muito afinados, e acredito que ele está desempenhando muito bem seu cargo de prefeito”.

Napoleão crê que Mário irá se candidatar em 2020. “É um candidato natural, e esse é o momento de mostrar trabalho. Mas a política altera muito, e falta bastante tempo até as eleições”.

Desafios da próxima gestão

Mário Hildebrandt tem pela frente ainda um ano de gestão. No entanto, 2020 é ano eleitoral, e naturalmente os partidos vão buscando os melhores nomes para lançar candidatos. A movimentação nos bastidores da política blumenauense já iniciou há meses.

Para o ex-prefeito, os maiores desafios têm a ver com a arrecadação. “Blumenau arrecada muito, mas os prefeitos têm que implorar em Brasília para ter este dinheiro de volta. Cerca de 70% do que é arrecadado aqui fica com a União, mais cerca de 13% fica com o estado e para a cidade chega algo em torno de 17%. A cada ano as demandas da cidade crescem, mas falta dinheiro em caixa para investir. Ou seja, o desafio segue sendo a gestão de uma grande cidade com poucos recursos”.