“Meu pai andava com minha revista Sexy pela rua”; blumenauense Analice Nicolau fala sobre carreira, polêmicas e paixão pela cidade
Blumenauense aproveitou para contar histórias que causaram polêmica no início dos anos 2000
A jornalista e ex-modelo blumenauense Analice Nicolau, marcou presença no Blumencast, canal de podcast de Blumenau, em fevereiro deste ano. Na ocasião, a jornalista revelou fatos sobre sua vida, carreira e demais curiosidades.
Além de jornalista, a profissional é terapeuta transpessoal, proprietária de uma agência de criação – a Agência An Connect – e realiza comerciais e produtos de publicidades para outras marcas. Longe de Blumenau, a catarinense atualmente mora em Mogi das Cruzes, no estado de São Paulo.
Passado
Em momento do episódio, Analice recordou que a família sempre morou no bairro Velha e que estudou durante bom tempo na Escola de Educação Básica Victor Hering, onde guardou boas lembranças.
“Naquela época eu queria ser atleta pois joguei handebol dos 10 aos 19 anos. Passei pela seleção mirim e infantil. Também trabalhei como costureira com a minha mãe”, relembra.
Questionada sobre o que sente saudade da cidade onde nasceu, Analice cita a família, o carinho da população, a culinária e a Oktoberfest.
“Uma vez levei cachorro-quente com chucrute para o SBT, eu amava! Isso tudo sem falar da Oktoberfest, eu batia cartão na festa e também desfilei por vários anos. Eu amo tudo nessa cidade, sou apaixonada por Blumenau”, conta.
Modelo
Iniciou como modelo em 1997, após parar os estudos na Escola de Educação Básica Adolpho Konder, enquanto ainda morava em Blumenau. Na época, foi convidada para uma agência de modelos para realizar testes de foto e passarela.
“Tinha uma prima que trabalhava comigo em uma confecção e foi ela quem me incentivou. Porém eu era musculosa por causa do handebol, mas era corcunda”, brinca a jornalista.
Após vencer um concurso na época chamado de Pantera dos Bairros, realizou diversas campanhas publicitárias e participou do concurso Miss Blumenau em 1998, mas não ganhou. “Ao todo participei de 35 concursos. Em três deles ganhei carros e outro ganhei uma motocicleta. Foi assim que comecei a ajudar a minha família”, relembra.
Nudez
No ano de 1999, aos 21 anos, a até então modelo posou nua para revista Sexy (após negativa da Playboy) e chamou a atenção do Brasil. Questionada sobre o tema, ela diz que não existia tabu em sua casa.
“Minha família adorava e meu pai andava com a revista pela rua orgulhoso de mim. Se outras mulheres podiam, qual era o motivo pelo qual eu não poderia posar também? Eu enxergava aquilo como um negócio. As pessoas julgavam, mas eu não dava a mínima! A maldade estava na cabeça de quem via”, afirmou.
Casa dos Artistas
Após conquistas como modelo e fama por ter feito três capas nua, em 2002 foi convidada para fazer parte do elenco da segunda edição do reality show Casa dos Artistas (enquanto ela já estava no ar).
“Algo me dizia que eu iria entrar na casa. Em um dia enquanto eu cozinhava para minha mãe e outras costureiras, o telefone tocou e me fizeram o convite. Eu nem sabia o que dizer. Era meio-dia e eu tinha que estar às 17h lá. Liguei para a TAM e os voos estavam lotados. Implorei e informei a importância do convite e consegui”, relatou.
Após ficar 23 dias no programa e sair, Analice lançou uma marca de roupas esportivas com a família, mas posteriormente vendeu os direitos para focar na carreira jornalística.
Jornalista
Em 2003 a modelo assinou contrato com o SBT após ser convidada por Silvio Santos para tornar-se âncora do Jornal do SBT. Em 2005 foi movida para o SBT Notícias Breves, programa que apresentou com a ex-colega de Casa dos Artistas, Cynthia Benini.
O programa transmitia boletins e foi apelidado de Jornal das Pernas, visto que as jornalistas que apresentavam ficavam vestidas de minissaias para tentar alavancar a audiência. A ideia, do próprio Silvio Santos, durou cerca de dois anos e meio.
“Foi o Silvio que bancou a minha ida e permanência. Na época foi repercussão pelo meu passado, principalmente por posar nua. Porém, quando ele colocou no ar, o Ibope subiu e ficamos em primeiro lugar. Ele sempre foi visionário”, disse.
Assista um episódio do programa:
Mudanças e dificuldades
Em 2006 a jornalista foi responsável por fazer a cobertura ao vivo do Globo de Ouro. No ano seguinte, iniciou a faculdade de jornalismo buscando maior credibilidade. Fez sua estreia como âncora no SBT Manhã, mas a imprensa teria dito que Analice foi hostilizada por colegas repórteres que já eram formados.
“Os plantonistas nem olhavam na minha cara pelo fato de não ter diploma. Quando me perguntam se rolou alguma sabotagem eu sempre nego, afinal, era o Silvio que queria que eu apresentasse os programas, independente de qualquer coisa”, comentou.
Em 2006 participou do projeto elaborado por Silvio Santos chamado Bailando por um Sonho. Na ocasião, a dinâmica do programa era que os famosos tinham que formar pares de dança com seus fãs. Analice e seu par ficaram em segundo lugar naquela edição.
“Cheguei a quebrar uma costela em uma das danças e ficamos cerca de dois meses parados até eu conseguir voltar para as gravações”, relembrou.
Confira um trecho de um dos episódios do programa:
Já em 2008 apresentou o telejornal policial Aqui Agora, conciliando a bancada com César Filho e Luiz Bacci. Em diversas ocasiões apresentou o Jornal do SBT e SBT Brasil, momento em que cobria férias de colegas.
Enchentes em Blumenau
Questionada sobre as notícias mais difíceis de informar, a jornalista falou sobre as chuvas que aconteceram na região de Blumenau no ano de 2008.
“Foi muito difícil por tudo, os parentes queriam buscar informações diretamente comigo. Por ser de Blumenau, aquilo me tocou muito. Me lembro de um homem que estava ao lado da mãe morta por 24h. Tentei falar com a Defesa Civil mas diziam que era impossível realizar o resgate naquele momento, isso me marcou”, comentou.
“Pegamos a enchentes de 1983 e 1984 e perdemos tudo. Quando trocamos de bairro, pensamos em ir para um lugar que não pegasse enchente. Naquele período minha mãe me ligava e informava parentes que perderam a casa e mandávamos eles irem para a nossa casa. Já chegamos a ter 20 pessoas lá em casa. As pessoas esquecem muito rápido disso”, complementou.
Afastamento
Após seis anos no SBT Manhã, em 2013, ao terminar a faculdade e sair de um relacionamento que considerou tóxico, Analice pediu afastamento da rede de televisão. Ela também foi diagnosticada som síndrome do pânico. Segundo ela, a sobrecarga de trabalho era um dos motivos pelo qual desenvolveu a síndrome.
“Não desejaria esse síndrome pra ninguém, é uma dor da alma que a gente busca tirar da nossa vida. É dor mental, física, tudo. Todos os sentimentos e emoções te consomem. Esse é um tema que tem que ser tratado com respeito e carinho”, disse a empresária.
Em meio ao tratamento, em setembro, foi demitida da emissora e recontratada duas semanas depois por Silvio Santos, que descobriu posteriormente sobre a síndrome da jornalista. No mesmo ano também virou terapeuta transpessoal, momento em que buscou compreender algumas questões da sua vida pessoal de outra forma. Analice aproveitou a entrevista para revelar que fez Ayahuasca em um tratamento terapêutico.
No retorno, a profissional solicitou uma carga mais leve de trabalho e por isso foi colocada para apresentar o Boletim Jornal do SBT, programa que entrava no ar nos intervalos de outros programas noturnos do SBT. Em 2015 fez a previsão do tempo no SBT Brasil.
Já estabilizada da doença em 2016, assumiu a bancada do Jornal do SBT. Porém, em novembro de 2019, deixou a emissora após 17 anos de casa. Desde 2021 é colunista do Jornal de Brasília.