Mitos e verdades: infectologista explica as reações das vacinas contra Covid-19
Imunizante da Astrazeneca possui maior número de relatos
Atualmente no Brasil estão sendo aplicados três tipos diferentes de vacinas contra o coronavírus. São elas: Astrazeneca/Oxford/Fiocruz, Coronavac/Butantan e Pfizer/Biontech. Cada uma possui uma tecnologia diferente e por isso trazem reações diferentes.
Segundo o infectologista Ricardo Freitas, é normal o corpo apresentar reações quando é vacinado. Isso se deve ao processo de desenvolvimento de imunidade de cada sistema.
“Ele está aprendendo a desenvolver uma defesa contra o vírus que foi colocado, um corpo estranho na gente. Mas esse é o objetivo, que a gente aprenda a desenvolver uma defesa contra um corpo estranho que oficialmente seria ruim”, afirma Freitas.
Conforme os relatos de médicos da região e o quadro vivenciado em Brusque, o médico infectologista diz que a vacina que tem apresentado mais reações é a Astrazeneca. O motivo se deve à tecnologia utilizada para a produção do imunizante.
Para desenvolver uma resposta imunológica no corpo humano, a Astrazeneca faz uso de um adenovírus. Um vírus oco, sem possibilidade de se multiplicar, carrega a informação necessária para gerar imunidade ao coronavírus. Por isso, o imunizante é caracterizado como vacina vetorial, por utilizar um vetor para ter resposta.
Mesmo não sendo capaz de contaminar ou deixar o indivíduo doente, as vacinas do tipo vetorial podem trazer reações mais fortes. Segundo Freitas, apesar de ser um vírus morto, existe uma partícula viral e eventualmente pode desenvolver reações como dor no corpo, febre e mal estar, sintomas comuns de um quadro gripal.
A vacina da Pfizer, por sua vez, faz uso de RNA mensageiro. Através de uma informação levada ao nosso organismo é produzida a resposta imunológica. Já a Coronavac faz uso do vírus atenuado e a partir dele nosso sistema desenvolve imunidade.
Por não utilizarem adenovírus em sua tecnologia, a Pfizer e a Coronavac possuem chances menores de apresentar reações fortes, como a Astrazeneca. Freitas destaca que qualquer vacina pode causar esses tipos de reações, mas nenhuma pode contaminar com coronavírus.
Mitos sobre as vacinas
Por se tratarem de vacinas novas que foram produzidas em caráter emergencial, muitas dúvidas e inseguranças a respeito têm surgido. Devido aos estudos ainda estarem em andamento, muitas perguntas ainda não possuem respostas.
Uma das dúvidas que ainda não se pode ser sanada, por exemplo, é o tempo de efetividade da vacina e se ela precisa ser repetida em algum intervalo de tempo. Conforme Freitas, o conhecimento para essas respostas ainda está sendo construído.
Entre as perguntas que já possuem resposta está a que discute a possibilidade do imunizante deixar o indivíduo estéril ou com disfunção erétil. Segundo Ricardo, neste momento, esses casos não possuem nenhuma relação com nenhum dos tipos de vacina.
Outra dúvida é em relação à possibilidade de transmissão do vírus após ser vacinado. O infectologista disse que é possível transmitir o coronavírus mesmo estando imunizado, mas as chances são extremamente raras.
Verdades sobre as vacinas
Entre as certezas que se tem em relação aos imunizantes estão a segurança e eficácia. Freitas afirma que, em um ponto de vista entre risco e benefício, a vacina é segura. “É muito melhor eu tomar a vacina do que o risco que ela poderia trazer para mim”, disse o médico.
A eficácia é comprovada através de diversos estudos. Ela é exigida para que possa ser aplicada em larga escala. Mas existem variações em relação à quão efetiva a vacina é. Isso se deve aos modelos aplicados em cada pesquisa.
Outra certeza que se tem é em relação à resposta imunológica. O médico Ricardo Freitas informou que 15 dias pós a primeira dose o organismo já passa a desenvolver uma resposta, mas somente 15 dias após a segunda dose é que se pode ter a chamada imunidade plena.