Moradora de Blumenau descobre que nome do pai consta como “Morto pelo PT” após buscar atendimento à dengue
Ela consta como falecida no sistema e há outras alterações como a frase "Eu amo o Bolsonaro" no lugar do nome da rua
Uma moradora de Blumenau descobriu que há uma série de alterações de cunho aparentemente político em seus dados do Sistema Nacional de Regulação (Sisreg), ferramenta usada pelo Ministério da Saúde para controlar informações de todos os pacientes do Brasil.
Ela também consta como morta neste sistema desde o dia 2 de novembro de 2022. A paciente descobriu isso após ir até o Centro de Atendimento da Dengue, em Blumenau, na Furb neste domingo, 14. Em uma das situações mais graves, o nome de seu pai foi alterado para “Morto pelo PT”.
Há outros dados alterados dentro do Sisreg, como, por exemplo, o nome da sua rua que foi mudada para “Eu amo Bolsonaro”.
De acordo com informações da Secretaria Municipal de Saúde de Blumenau, estas alterações foram realizadas fora do estado de Santa Catarina. Após consultas ao sistema, as alterações foram detectadas como sendo em Pernambuco e também em Minas Gerais.
Confira a nota completa da Secretaria:
Nota de esclarecimento
A Prefeitura de Blumenau, por meio da Secretaria de Promoção da Saúde (Semus), informa que tomou conhecimento das alterações no cadastro da usuária A.F quando a paciente buscou pela rede pública de saúde no dia 14 de abril, por meio do Centro de Atendimento Dengue (CAD).
Na data, a usuária foi acolhida no CAD, passou por consulta médica e recebeu medicação na farmácia, seguindo todo o protocolo de atendimento pela equipe de saúde do município. A inconsistência no Cartão Nacional de Saúde (CNS) da paciente só foi constatada a partir da solicitação de um exame de hemograma. Para pedir o exame, é necessário acessar o Sistema Nacional de Regulação (Sisreg), que é um sistema web, disponibilizado pelo Ministério da Saúde (MS), aos estados e municípios, que permite a regulação do acesso aos serviços de saúde.
Ao tomar conhecimento da alteração no cadastro da paciente, inclusive por causa do registro indevido de óbito, a equipe da Semus investigou o fluxo das alterações e descobriu que as mudanças no cadastro da usuária foram informadas em seu CNS por pessoas de fora de Santa Catarina, mais precisamente dos estados de Pernambuco e de Minas Gerais. No momento do atendimento no CAD, a paciente foi orientada a buscar por uma unidade de saúde para pedir a regularização das informações, porém, o registro nacional de óbito só pode ser revertido pelas autoridades competentes. Por isso, a coordenação municipal de sistemas de informação em saúde da Semus já solicitou providências e esclarecimentos ao MS através de chamado formal.
A Secretaria de Promoção da Saúde segue aguardando o retorno do Ministério da Saúde em relação ao pedido de regularização da paciente.
Advogado vai denunciar ao Ministério Público
Quem está orientando e realizando os encaminhamentos para esclarecer este fato é o advogado blumenauense Telemaco Marrace. Ele afirma que já está trabalhando em um Procedimento de Investigação Criminal para encaminhar ao Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC). Ele atua junto à advogada Karla Aquino.
“É importante já fazer este encaminhamento para que o MP-SC solicite à Polícia Civil a investigação, e que a gente possa descobrir quem foi o responsável por estas alterações”.
Ele explica também que, assim como ocorreu com sua representada, o fato pode ter acontecido com mais pessoas que talvez não tenham conhecimento destas alterações.
O pai da paciente faleceu no Rio Grande do Norte em 2017.
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