Moradora de Timbó comprova malefícios do cigarro em testes com cães

Pesquisa demonstrou maior presença de micronúcleos em pets de fumantes, que podem indicar formação de cânceres

O trabalho de conclusão de curso (TCC) da timboense Letícia Facchini ajudou a levantar uma discussão a respeito dos cuidados com animais de estimação, e do uso do cigarro próximo a eles. Ela realizou uma pesquisa com 60 cães, sendo 30 de donos não fumantes e 30 de tutores fumantes.

Um dos objetivos era comprovar se cães também sofrem com os malefícios da nicotina e de outras substâncias químicas provenientes da fumaça do cigarro. Após a entrega do TCC, ela se formou no curso de Veterinária da Universidade Regional de Blumenau (Furb).

Letícia observou, especificamente, a presença e a quantidade de micronúcleos, que são marcadores utilizados para demonstrar mutações genéticas no organismo. Os micronúcleos podem indicar uma possível formação de patologias, como o câncer, por exemplo.

Para isso, a timboense coletou células da mucosa jugal, localizadas na bochecha do animal, e as analisou em microscópio. Ela explica que passou trabalho neste processo. “De cada animal eu contava 500 células, uma por uma”.

Processo de pesquisa

Antes da coleta das células, Letícia precisou localizar as cobaias para realizar o teste. Segundo a veterinária, foi o processo mais difícil. “O maior desafio foi encontrar pessoas que fumam e tem cachorro em casa. Às vezes eu encontrava um fumante, mas a pessoa não tinha cachorro. Ou então tinha cachorro mas o animal não convivia perto, ficava só fora de casa. Outro desafio foi encontrar dados na literatura, pois existem poucos trabalhos sobre o assunto”.

Letícia encontrou no site do Instituto Nacional do Câncer um questionário chamado de Teste de Fagerstrom, que a ajudou a catalogar os tipos de fumantes. Os fumantes responderam às seis questões do teste. A resposta de cada pergunta possuía uma pontuação, e através da soma dessas respostas ela pode dividi-los em classes.

Quem pontuou entre 0 a 2 pontos no teste tem a dependência ao cigarro considerada muito baixa, de 3 a 4 pontos considerada baixa, 5 pontos dependência média, 6 a 7 elevada e de 8 a 10 pontos muito elevada. As amostras foram coletadas na casa dos animais e as análises foram feitas na clínica do professor de Letícia.

Conclusão

A pesquisa concluiu que os animais de proprietários que fumavam possuíam mais micronúcleos nas células do que os animais de proprietários que não fumavam. Além disso, os animais de proprietários que tiverem a dependência à nicotina classificada em “muito elevada” possuíam também mais micronúcleos do que os animais de proprietários com dependência “muito baixa”, indicando então uma influência da fumaça na saúde dos cães.

Com o resultado em mãos, Letícia pretende dar continuidade à pesquisa. “Eu e meu orientador queremos publicá-lo em alguma revista de Medicina Veterinária e também inseri-lo em alguns congressos do tema. Acredito que os resultados devem ser divulgados ao máximo, pois essa pesquisa pode servir como estímulo positivo no combate ao hábito de fumar, levando em consideração a forte relação afetiva das pessoas com seus animais de estimação. No futuro gostaria de realizar o estudo com um número maior de animais e verificar se existe uma influência da poluição ambiental nos resultados”.

Colabore com o município
Envie sua sugestão de pauta, informação ou denúncia para Redação colabore-municipio
Artigo anterior
Próximo artigo