Moradores do Badenfurt aguardam nova ponte há mais de dois anos em Blumenau
Crianças, adultos e idosos precisam percorrer o dobro da distância e se arriscar na BR-470 por falta de passarela
Desde setembro de 2019, a comunidade da rua Bernardo Scheidemantel e entorno tem sofrido com a falta da passarela que conectava a rua Maike Andresen Deeke à SC-421, mais conhecida como Werner Duwe.
A remoção da “pinguela”, como eles chamam a ponte pênsil que ficava no local, afetou fortemente a mobilidade urbana dos moradores dessa região do Badenfurt. Com poucos horários de ônibus na rua e dificuldade para chegar à BR-470 pela falta de calçadas, a passarela era a solução para o deslocamento das famílias.
“Mais de 400 pessoas passavam ali por dia, especialmente alunos. Há mais de um ano pedíamos uma reforma provisória e nos prometiam uma ponte de concreto. Se não tem dinheiro pra uma, era só fazer uma pinguela de madeira que trouxesse segurança e esperar ter”, reclama Otilia Bugmann, que mora na região há 43 anos.
“O desaforo foi vir de madrugada e tirar tudo. Levantei 6 horas e já não tinham mais nada. Queríamos uma reforma, não ficar sem ponte. Nem que colocassem umas tábuas em cima. Só levaram as madeiras e jogaram os cabos de aço pra dentro do rio”, complementa a vizinha Veneranda Frahm.
O esposo dela, Ingomar Leonardo Frahm, é neto dos donos dos terrenos onde a ponte estava localizada. Construída em 1952, a estrutura era considerada histórica pela comunidade.
“Eu tinha apenas seis anos. Meu avô materno deixou passar no meio da terra dele. E do lado de cá, meu outro avô. Fizeram tudo no braço com picareta. Quando arrancaram fiz um levantamento e não sairia mais de R$ 4 mil pra fazer uma nova passarela”, conta.
Os moradores afirmam que sentem que o Badenfurt é esquecido pelo poder público. “O Mário tá sempre falando das pontes da cidade toda. Várias reformas. E a nossa pinguela nunca citou. Não existe pra Prefeitura de Blumenau”, desabafa Otilia.
Logo que a ponte foi removida, alguns vereadores de solidarizaram com o bairro e prometeram melhoras. Entre eles estão Jovino Cardoso (Solidariedade), Cristiane Loureiro (Podemos) e Adriano Pereira (PT), que continuam no legislativo, e Zeca Bombeiro (Solidariedade). Recentemente a vereadora Silmara Miguel (PSD) esteve na comunidade para ouvir a população.
“O pedido foi unânime. Fui até a ponte verificar e realmente ela é de extrema necessidade. Já fizemos pedido oficialmente para a prefeitura. Conversei inclusive com a vice-prefeita e ela disse que estão apenas aguardando recursos, mas entendemos que a ansiedade das pessoas é grande”, comentou a parlamentar.
“Ainda tem a falta de calçadas, que nos faz passar no meio do mato, pedras e lama. Sem contar a distância, que antes era de 1,5 km e agora é mais de 4 km. Pela pinguela era uma tranquilidade sem fim, morro de saudades. Agora não temos calçada e temos que correr risco na BR-470”, conta a moradora Ledir Lunelli.
Ela cita como exemplo a sobrinha, que precisa pagar uma pessoa para ajudar os filhos a atravessarem a rodovia e irem para escola. Quem trabalha na região central também precisa sair de casa cerca duas horas antes do horário para chegar no horário.
“Como as crianças vão voltar da escola em segurança sem calçada? São obrigadas a andar no meio da rua. Qualquer dia vão ser atropeladas. É o cúmulo essa situação. Temos até medo que tirem nosso posto de saúde também”, comenta Ingomar.
Transporte coletivo dificulta vida dos moradores
Os pontos de ônibus mais utilizados pelos moradores ficavam na rua Werner Duwe, onde era possível acessar as linhas que passam pela rodovia, como a Felipe Bauler (124) e também os ônibus da empresa Volkmann, de Pomerode. Entretanto, sem a ponte o local se tornou muito distante.
A gaúcha Renata Pinheiro, que chegou na rua há um ano e meio, relata o sufoco passado para se deslocar pelo bairro com o filho. Quando precisa ir ao posto de saúde ou à lotérica, acaba tendo que levar o bebê no colo, pois com o carrinho precisa correr o risco no asfalto. Nas curvas, a velocidade dos carros muitas vezes está acima do limite.
“Com o horário de ônibus reduzido, dependemos de carros de aplicativo. Mesmo as linhas que passam aqui, dão uma volta enorme. Uma cidade como Blumenau ficar sem uma ponte ali é falta de empenho dos nossos governantes. Vemos ponte em tudo quanto é lugar, e ali que é muito fácil de fazer eles não conseguem”, pondera.
“Como pra fazer a Alameda tem verba? Pra fazer duas pontes no Centro? Ficamos revoltados, porque os trabalhadores moram nos bairros, não no Centro. Já basta ter que ficar tanto tempo no ônibus”, declara Sueli Grabasch, que precisou mudar o horário de trabalho para conseguir pegar a linha Testo Salto (151).
Prefeitura promete nova ponte
De acordo com a Prefeitura de Blumenau, desde a remoção da passarela que estava comprometida há o planejamento de construir uma ponte mais completa conectado as ruas Maike Andresen Deeke e Lorenz Kretz.
A nova obra incluiria passagem para veículos e melhorias no entorno. Entre elas estão pavimentação das ruas e uma nova rede de água. O planejamento é dar início à obra em 2022, com prazo de entrega de 12 meses.
Segundo a Secretaria de Obras, as únicas etapas necessárias para o lançamento do edital da obra são os últimos pareceres jurídicos da licitação. O prefeito Mário Hildebrandt também segue buscando identificar uma fonte de renda para custear a obra.