MP-SC abre inquérito após denúncias contra o Projeto Bugio em Indaial
Vizinho alegou que espaço causa mau cheiro e proliferação de insetos na região
No auge dos seus 30 anos, comemorados nesta quinta-feira, 22 de abril, o Projeto Bugio responde a um inquérito civil aberto pelo Ministério Público de Santa Catarina. A investigação foi aberta após denúncias de um morador de Indaial, onde o criadouro mantido pela prefeitura do município em parceria com a Furb está situado.
Um dos vizinhos do espaço, localizado na rua Rio de Janeiro, bairro do Sol, reclamou do mau cheiro e da proliferação de insetos. Segundo ele, estes fatores seriam causados por uma ausência de limpeza adequada do local. Ele também relatou um acúmulo de materiais no endereço e questionou a possibilidade das árvores ali plantadas danificarem o entorno.
No inquérito aberto no dia 12 de março, o MP-SC também busca investigar se os animais estão sofrendo maus tratos pela possível lotação. Hoje em dia, 49 bugios resgatados são mantidos pelo projeto. Nas últimas décadas, mais de 100 macacos da espécie passaram pelo espaço.
Em resposta, a coordenação do Projeto Bugio afirmou que todo o espaço ocupado pelos bugios é limpo diariamente por dois servidores, um deles mantido pela prefeitura e o outro pela Furb. Além disso, uma terceira servidora da universidade é responsável pela limpeza das calçadas e dos equipamentos utilizados.
Eles também detalharam a limpeza das fezes e dos restos de alimentos dos animais, que seguem os protocolos adequados. O processo de limpeza, preparo e distribuição dos frutos e folhas consumidos pelos macacos também foi explicado ao MP-SC.
O projeto afirma que não há acúmulo de materiais no local. O que pode ter ocorrido é que em janeiro de 2021 o piso da cozinha dos animais foi trocado e, durante os dez dias da obra, resíduos permaneceram no local. Ao fim dos trabalhos, os entulhos foram levados por uma empresa de coleta.
“Desta forma, não há entulho ou sujeira nas dependências do Projeto Bugio. Assim como não há insetos, ratos ou baratas no local. Constantemente mantemos iscas de ratos e baratas no interior da sede”, reforça o documento.
Outro fato mencionado pela carta enviada ao Ministério Público é o uso de mosquiteiros em todos os recintos dos animais. As telas foram instaladas após um surto de febre amarela em 2019. O equipamento impede que os mosquitos entrem em contato com os macacos. Ou seja, insetos não teriam como estar nas jaulas e irem para as casas vizinhas.
Atualmente, cerca de 15 pessoas cuidam dos macacos, entre veterinários, biólogos, estagiários e bolsistas. Além do resgate dos animais, o Centro de Pesquisas Biológicas de Indaial já formou centenas de profissionais da área a partir da educação ambiental e pesquisa com os bugios ruivos.
O documento encerra falando da importância do Projeto Bugio para o desenvolvimento e pesquisa na biologia da região, no acompanhamento da febre amarela no estado e na relevância do projeto para diversos cursos da universidade.
“Não há de forma alguma, nenhum tipo de maus tratos aos animais no Projeto Bugio, nem com relação a comportamento, negligência no atendimento ou manejo dos animais ou falta de limpeza no local”, conclui.