Mulher é presa após Polícia Civil encontrar empresa que seria usada para aplicar golpes em Blumenau

Funcionária desconfiou de esquema e denunciou para a polícia

Kathlen Gonçalves Nunes foi presa sob suspeita do crime de estelionato nesta segunda-feira, 16. A prisão ocorreu na rua Dois de Setembro, bairro Itoupava Norte, em Blumenau, onde fica instalada a empresa AGC – Consultoria em Investimentos, que seria usada para aplicar golpes na internet.

A empresa está no nome de Rafael Roberto Rodrigues, que não foi encontrado no local pela polícia.

Os policiais da 2ª Delegacia de Polícia de Blumenau, sob comando do delegado Henrique Stodieck Neto, receberam a denúncia e foram ao local verificar. Ao entrar em uma sala, onde funciona a empresa, encontraram uma pessoa que estaria ali para comprar um carro anunciado e gostaria de falar com o vendedor.

O vendedor se apresentou e disse que não havia nenhum veículo à venda, porém a vítima insistiu que havia marcado horário para ver o carro. Neste momento, a Polícia Civil conduziu todos que estavam no local até a delegacia para esclarecer os fatos.

Kathlen Gonçalves Nunes estava entre os conduzidos e era apontada por testemunhas como uma das pessoas que mandavam na AGC – Consultoria em Investimentos. Ela era responsável por recrutar vendedores, pela aprovação ou não de créditos que os clientes supostamente teriam direito e instruía os vendedores no tratamento com as pessoas.

Na última semana, a mulher publicou no Facebook um anúncio de vaga de emprego para vendedor.

Reprodução

Ex-funcionária explica esquema

Uma ex-funcionária da empresa entrou em contato com a reportagem para explicar como eram recrutados os trabalhadores. Segundo ela, que não será identificada, ninguém, com exceção dos líderes, sabia que se tratava de um esquema de estelionato.

Ela explica que eles buscavam pessoas com perfil mais jovem, até no máximo 22 anos, porque “os mais velhos perguntavam demais”, segundo os líderes. Estes recrutados recebiam o trabalho de efetuar ao menos uma venda em 15 dias, período em que não seriam remunerados.

Local onde funcionava empresa suspeita. Foto: Google maps

Segundo a ex-funcionária, ela e seu marido passaram a estranhar o tratamento no local e também as funções que recebia. “Tudo era muito informal. Eles falavam palavrões, não pareciam profissionais. Nós não eramos remunerados mas tínhamos que fazer até a limpeza do local”, explica.

O objetivo da empresa também era nebuloso para a ex-funcionária. Ela achava que efetuaria vendas, conforme foi explicado no anúncio do emprego, mas na verdade acabava utilizando o próprio Facebook para oferecer produtos em grupos de compra na rede social. “Se alguém entrasse em contato, era para repassar para o líder. Nós não podíamos falar com estes clientes”, explica.

Diante desta situação, ela se desligou da empresa e procurou a Polícia Civil para realizar a denúncia.

Modus operandi

Em depoimento à Polícia Civil, os trabalhadores disseram que foram recrutados para fazer publicações no MarketPlace do Facebook, anunciando veículos e casas. Porém, eram instruídos a pegarem fotos destes bens sendo de outros locais. Segundo um deles, “do Paraná para cima”.

O anúncio dizia que a partir de uma entrada e mais algumas parcelas o interessado poderia adquirir o bem, então a vítima que se interessasse entrava em contato pelo Facebook e deixava um número de telefone para que algum vendedor da empresa ligasse.

Com a ligação do anunciante, era marcado um encontro na sala onde o negócio ficava. Então, no local, Kathlen entrava em cena simulando que havia um crédito aprovado para o cliente, e que bastava fazer um depósito de 10% a 20% do valor do crédito que a AGC, em parceria com imobiliárias e corretores, procuraria a casa ou veículo que o cliente queria.

O dinheiro, contudo, de acordo com a Polícia Civil, era depositado pela vítima em alguma conta da empresa ou algum de seus supostos proprietários. Segundo a polícia, isso ainda demanda investigação para chegar a uma conclusão.

Depósitos

Dos depoimentos, foram identificadas duas pessoas que fizeram depósitos para a AGC e que, em tese, estariam com crédito na empresa. As duas vítimas ainda não compareceram para dar o depoimento.

Detidos

Um homem também foi levado até a delegacia e era apontado como um dos estelionatários segundo algumas testemunhas. Entretanto, após análises dos depoimentos, a Polícia Civil entendeu serem fracos os indícios dele na participação dos crimes.

Kathlen apareceu como a protagonista nos depoimentos das testemunhas, ao lado de Rafael e Vitor, que não foram encontrados no local. Apenas a mulher está detida até o momento. As investigações ainda estão em andamento.

Defesa afirma que não há estelionato

Rodolfo Warmeling é o advogado tanto de Kathlen quanto de Rafael e Vitor. Segundo ele, os dois homens irão se apresentar voluntariamente. Ele explica que a defesa irá atuar no intuito de explicar que não houve estelionato neste caso.

“A defesa sustenta que não se trata de crime de estelionato. Entendemos que há divergências nas informações, que serão demonstradas e comprovadas, junto com a inocência destas três pessoas. Não estamos diante de um crime de estelionato. Há uma situação de propaganda enganosa, mas tudo será esclarecido”.

Colaborou Marlos Glatz.

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