Murais internos: conheça a arte que vem decorando as paredes de casas e comércios de Blumenau

Artistas blumenauenses comentam detalhes sobre a pintura dos murais e crescimento da demanda

Muralismo é o nome da arte responsável por transformar uma simples parede em uma obra de arte. O movimento artístico comum em áreas urbanas, atualmente vem ganhando espaço e se popularizando em ambientes internos, como casas e empresas.

Victor Henrique Deschamps é um blumenauense de 28 anos. Ele é um arquiteto e urbanista que transformou o hobby de fazer murais em uma fonte de renda extra. “Pelo fato de também trabalhar como arquiteto, percebo uma procura crescente por esse tipo de trabalho”.

Mural feito pelo artista blumenauense Victor Henrique Deschamps. Foto: Redes Sociais.

De acordo com Victor, o aumento da procura por murais internos ocorre devido a desestigmatização que este tipo de arte está passando ao longo do tempo. “Até uns anos atrás, essa prática era restrita majoritariamente a artistas de rua, aos ambientes urbanos e era comumente vista como algo marginalizado e pouco valorizado”.

“A partir do momento que o poder público começa a investir na melhoria dos espaços públicos e fomentar boas práticas na área da arquitetura e urbanismo, a pintura de murais passa a ser vista com outra percepção, inclusive levando os artistas de rua a terem bastante notoriedade. Por isso, a pintura de murais começou a invadir também o interior das casas e outros ambientes”, explica Victor. 

Artista blumenauense Victor Henrique Deschamps. Foto: Redes Sociais.

Elisa Joana da Silva é uma artista e publicitária blumenauense de 22 anos. Dona da marca Esverdiou, ela tem o propósito de trazer lembranças da natureza para os ambientes através das pinturas que realiza.

Para ela, a procura cresceu devido à pandemia e ao isolamento social. Afinal, as pessoas começaram a ficar mais em casa e passaram a olhar mais para estes ambientes. O home office também se popularizou, e mesmo com a volta gradativa das atividades presenciais, muita gente ainda permanece trabalhando em casa.

Segundo a pintora, tudo isso culminou para o aumento na procura por decorações, cuidados com a casa, e nisso, as pinturas indoor também ganharam mais força.

Artista blumenauense Elisa Joana. Foto: Redes Sociais.

Arte personalizada

O principal motivo para os clientes de Elisa escolhem o muralismo para decorar os ambientes é o fato de poderem personalizar o local da forma que quiserem. Afinal, a arte será realizada especificamente para aquela pessoa, o que faz com que seja possível escolher cores, objetos, ícones e o que mais desejarem.

“Quando você faz um projeto com alguém que fez aquilo especialmente para você, te dá uma liberdade de ter uma parede decorada ser do seu jeito, exatamente como você imaginava. Isso é o mais legal”, afirma.

Quando questionada sobre o maior desafio desta arte, Elisa afirma ser o processo anterior à pintura. A busca por referências, conseguir extrair a essência do cliente e traduzir isso artisticamente na parede, é a parte que demanda mais atenção.

Na concepção de Victor, o maior desafio do muralismo é conseguir representar com fidelidade e, numa escala bem maior, a arte criada numa escala reduzida. “É nesta parte que entra meu know-how como arquiteto. Afinal, o processo de concepção de um projeto arquitetônico segue a mesma lógica: o primeiro passo é representá-lo graficamente numa escala reduzida e, posteriormente, executá-lo em escala real”.

Muralismo em empresas

Segundo Elisa, depois das casas, onde realiza muitas pinturas em ambientes como salas, quartos e quartos infantis, as empresas do segmento estético são as líderes de procura por murais internos. Para ela, o maior motivo para a aderência deste este tipo de decoração por parte das empresas é a atual necessidade de possuir um local “Instagramável”.

As empresas buscam cada vez mais um reconhecimento nas redes sociais, por isso, vão em busca de uma decoração atrativa em que os clientes possam tirar fotos, e assim, acabem divulgando a marca. As paredes com murais são muito utilizadas também como fundo de fotos para divulgação de produtos, ou, apenas para ter um lugar agradável onde trabalhar.

“A arte consegue transformar o lugares, deixar o ambiente diferente de qualquer outra coisa. Sempre que estou pintando eu penso que o que quero é transformar ele”, conta Elisa.

Mural feito pela artista blumenauense Elisa Joana. Foto: Redes Sociais.

A demanda de Victor é bastante variada, mas ele afirma ser possível perceber uma procura maior de estabelecimentos frequentados por um número maior de pessoas, como restaurantes, bares, condomínios residenciais, centros terapêuticos etc.

“Um espaço que tem e valoriza a arte, é um espaço que carrega um astral único. A arte conta uma história, ela tem a capacidade de se comunicar com as pessoas e traz personalidade e vitalidade para o ambiente”, ressalta Victor.

Execução do trabalho

A média de tempo varia de acordo com o tamanho da arte, mas, normalmente, em ambientes como quartos e salas, Elisa alega levar de um a dois dias para finalizar, sendo de seis a oito horas de trabalho em cada um.

Artista blumenauense Elisa Joana pintando um mural interno. Foto: Redes Sociais.

Quanto ao orçamento, muitas coisas são consideradas, como a quantidade de material que será usado, o tempo que a arte irá demandar, o tamanho da parede, as técnicas utilizadas e o nível de dificuldade da obra, além do custo para transporte.

“Uma arte pequena, só com contornos pode ficar pronta em algumas horas, enquanto uma arte que leva bastante preenchimento e técnicas de luz e sombra, pode levar dias. Tudo isso é considerado na hora de precificar o trabalho”, explica Victor.

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