“Não sente arrependimento nenhum e não demonstra nada”, diz advogado de Fabiano Kipper Mai
Demetryus Eugênio Grapiglia insiste na inimputabilidade do autor do atentado na creche em SC
O advogado Demetryus Eugênio Grapiglia, que defende o autor do atentado na creche em Saudades, se encontrou com Fabiano Kipper Mai no presídio na sexta-feira, 4. Em entrevista ao jornal O Município, Demetryus detalhou a situação de Fabiano Mai no presídio.
“Ele está indiferente. O que eu noto nele é indiferença. Eu perguntei para ele o que mudou na vida dele e ele disse que ir para prisão não mudou nada, que ele já vivia em uma prisão. Pelo o que entendi, ele era ‘prisioneiro de si mesmo’”, afirma o advogado.
Demetryus insiste no exame de insanidade mental, afirmando que Fabiano não tem capacidade para entender seus atos no momento do crime. Ele justifica isso com as conversas com o autor no presídio, alegando que ele não se lembra do que ocorreu.
“Ele não externa empatia, como se nada tivesse acontecido. Ele não se recorda. Sabe que estão dizendo que ele cometeu os crimes, mas ele diz que não se lembra. [Lembra] apenas do momento em que estava caído no banheiro da creche”, afirma.
Além disso, Demetryus diz que, por não se lembrar do crime, Fabiano não expressa qualquer sentimento. “Perguntei se ele se arrepende e ele disse que não, pois não se lembra do que cometeu e do que dizem que cometeu. Não sente arrependimento nenhum e não demonstra nada”, relata.
Isolado
Para seguir os protocolos de prevenção à Covid-19, Fabiano deu entrada no presídio e foi isolado. Porém, por ser um crime que ganhou repercussão nacional, ele deve seguir em isolamento, conforme afirma o advogado.
Como de praxe, crimes desta natureza – envolvendo crianças – gera grande repercussão negativa dentro do presídio. Desde quando foi preso, o autor do atentado não teve contato com outros detentos.
“A reação dos demais detentos nestes crimes desta natureza gera um repúdio dentro do presídio, que é previsto”, disse Demetryus. Ele elogiou ainda os agentes penitenciários, afirmando que apresentam um “tratamento profissional” com Fabiano.
Defesa prévia
O advogado apresentou a defesa prévia. Ele insiste no exame de insanidade mental, reforçando que Fabiano não tem consciência do que fez. “Creio cegamente na inimputabilidade penal do Fabiano”, diz.
Além disso, a defesa alega que o autor não cometeu 14 tentativas de homicídio, apenas uma. Porém, entendem e reconhecem os cinco homicídios, solicitando a absolvição de Fabiano nesta parte do processo. “Entendemos que se consumou cinco homicídios e uma tentativa”.
Por fim, o advogado afirma que o número de testemunhas para oitivas é excessivo. De acordo com Demetryus, essas três partes são as que sustentam a defesa prévia.
“Qualquer pessoa que conversa com o Fabiano e faz algumas perguntas consegue ver que ele não entende a realidade. Ele não sabe o que está acontecendo com ele”, finaliza.
Relembre o caso
Na manhã de terça-feira, 4 de maio, o jovem de 18 anos invadiu a escola Aquarela e matou três crianças, duas profissionais e deixou uma outra criança ferida.
Após o crime, ele tentou tirar a própria vida. O autor ficou internado até o dia 12 de maio, quando recebeu alta do Hospital Regional do Oeste, em Chapecó.