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A saga da hidroxicloroquina: OMS e The Lancet se pronunciam novamente

Pesquisadores pediram desculpas públicas por material que fez OMS suspender uso do medicamento

  • NimePor Nime
  • 16/06/2020
  • 22:21

No Brasil, o primeiro evento relevante a respeito da hidroxicloroquina ocorreu antes mesmo da publicação de pesquisa, dia 20 de maio. O Ministério da Saúde divulgou as diretrizes para o tratamento precoce da Covid-19 com CQ e HCQ, ou seja, permitindo com a orientação do médico e o consentimento do paciente o uso destes, mesmo sem pesquisas, na época, que garantissem eficácia, benefícios e riscos.

No dia 22 de maio, a revista científica The Lancet publicou artigo que afirmava ter analisado dados de mais de 600 hospitais e 96.000 pacientes, o estudo apontava tais medicamentos como não efetivos para COVID-19 e que ainda aumentavam o risco de arritmias cardíacas e a taxa de mortalidade quando utilizados. Tal publicação repercutiu mundialmente, pois além dos resultados serem comprometedores era o maior estudo feito até então.

Com isso, a OMS (Organização Mundial da Saúde) suspendeu no dia 25 de maio (segunda-feira) o uso destes medicamentos em testes clínicos que coordenava com cientistas de todo o mundo, sendo que anteriormente já havia anunciado ser contra o uso amplo, como para casos leves e moderados da doença.

Na quinta-feira daquela semana, 28, foi publicada uma carta aberta à revista The Lancet, que contava com a assinatura de mais de 120 estudiosos e profissionais questionando a veracidade do estudo publicado anteriormente. Na carta foram apontadas questões duvidosas ou irregulares, como a forma de análise dos dados e a falta de um comitê de ética. Este documento repercutiu em grande escala no mundo, pois além de serem questionamentos válidos, mudaria o cenário completamente mais uma vez.

Enquanto isso, no Brasil, o Ministério das Relações Exteriores divulgou no dia 31 de maio o acordo que foi assinado com os Estados Unidos da América (EUA) para que este enviasse dois milhões de doses de HCQ e 1000 ventiladores para o Brasil, afirmando que o medicamento será utilizado de forma profilática (prevenção) para profissionais da saúde e no tratamento de brasileiros infectados.

Naquela quarta-feira, 3 de junho, a revista The Lancet publicou oficialmente em seu site uma nota de preocupação em relação ao seu controverso artigo divulgado anteriormente. Ainda afirmou que uma audiência, requisitada pelos autores independentes da Surgisphere (empresa de análise dos dados), segue para investigar a procedência e a validade dos dados do estudo.

No mesmo dia, a OMS anunciou a retomada dos ensaios clínicos com CQ e HCQ, pois a decisão anterior foi tomada com base no aumento de mortalidade descrito pelo estudo em questão, mas que após revisão da OMS não foi observada essa diferença de mortalidade, portanto recomendou a continuidade dos testes.

 O último evento que fecha essa linha do tempo aconteceu no dia 5 de junho, onde a revista The Lancet divulgou em seu site uma carta de retratação feita pelos autores do artigo. Nela foram expostas as medidas tomadas para reavaliação do estudo e algumas informações esclarecendo pontos questionados pela carta aberta do dia 28.

Os autores ainda afirmam como é importante manter altos padrões de ética e profissionalismo nas pesquisas científicas, que em decorrência disso não podem mais garantir a veracidade dos dados publicados e, portanto, pedem que o artigo seja desvalidado. Por último declaram “Lamentamos profundamente, a vocês editores e leitores da revista, por qualquer constrangimento ou inconveniência que isso possa ter causado.”

Por: Milena Paim de Bem, Carlos Luiz de Almeida Jr e prof. Luiz Henrique Costa

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